Prólogo

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No país de Xantin, a criatura mais temida dentre todas era chamada de Zubagra, que em xanli, a língua milenar do país, significa "morte branca"

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No país de Xantin, a criatura mais temida dentre todas era chamada de Zubagra, que em xanli, a língua milenar do país, significa "morte branca". Zubagra era uma imensa serpente de escamas brancas, suas escamas eram conhecidas por resistirem até ao aço mais afiado, por isso era usada em armaduras, pois além de resistente era leve. A serpente podia atingir até trinta metros de comprimento, seu corpo tinha um metro de largura e as presas chegavam a ter trinta centímetros. Zubagra tinha três chifres de cada lado da cabeça, paralelos, eram tão brancos quanto as escamas. E seus olhos eram vermelhos como sangue, brilhantes como um rubi, diziam que quem olhasse diretamente nos olhos de um Zubagra estava condenado à morte.

Na Fortaleza de Adhara, onde mulheres eram forjadas como armas, criadas a ferro e fogo para serem duras como aço e afiadas como a lâmina de uma espada, o rito final para se tornarem Donzelas Adamantinas deveria ser um teste mortal. Para as aprendizes de Antares, era enfrentar um Zubagra em uma luta até a morte, da mulher ou da serpente.

Merle se preparou durante dezoito anos de sua vida para aquele momento, desde que fora recrutada pela Fortaleza aos sete anos, quando chegou em Xantin como refugiada de guerra.

Treinou diferentes artes marciais, aprendeu a manusear todo tipo de arma, preparou não apenas o corpo como também a mente, estudou diversos assuntos como arte, filosofia, história, geografia, estratégia, contos e lendas durantes anos, aprimorou seu conhecimento em medicina, aprendendo a cuidar dos próprios ferimentos, praticou técnicas de respiração, equilíbrio e concentração, além de aprimorar seu sentidos para que se tornassem mais aguçados. Transformou-se em uma guerreira, diferente da criança assustada e impotente que costumava ser.

Quando Merle entrou na arena, ouviu o grito de todas as pessoas que se reuniram para assistir o Rito Final, como era chamado. A arena da Fortaleza era um lugar imenso, esculpido na pedra de uma montanha de forma a parecer parte da paisagem, pontas afiadas de pedra cercavam a arena como garras de uma imensa mão, a arquibancada tinha vários degraus, onde as pessoas se amontoavam como formigas sobre um doce. Os gritos estrondosos ecoavam pelas rochas, amplificando o som, que parecia penetrar no corpo de Merle e fazer seus ossos vibrarem.

Merle caminhou lentamente até o centro da arena, sentindo milhares de olhos sobre ela a cada passo que dava. As pessoas gritavam uma única palavra sem parar. Donzela, donzela, donzela!

Como era o costume, ela não trajava nenhum tipo de armadura, nem mesmo couro fervido, usava apenas uma calça justa preta e uma túnica branca, botas de couro e nada mais. Em sua mão direita segurava uma espada, que não era sua arma de escolha, normalmente donzelas não usavam espadas, mas no rito final tinham que usar uma espada grande, que além de ser maior que o braço dela ainda era muito pesada, ainda assim, ela conseguia erguê-la com uma mão apenas, embora com certa dificuldade.

Ela ergueu a espada e a apontou para o pódio, uma sessão especial na arquibancada, onde ficavam as Grã-Mestras da Fortaleza, as líderes das donzelas e suas mentoras. Nesse momento, a grã-mestra Rajni ergueu a mão, como se fosse acenar, autorizando que o portão fosse aberto.

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