Capítulo III - Visita Inesperada

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"Boa tarde Yale. Sejam (mais uma vez) bem vindos ao novo ano letivo.
Para acabarmos este primeiro dia de aulas em grande, preparei duas fofocas que vos vão encher o coraçãozinho.
Como todos nós sabemos, vária gente ficou bastante curiosa com a chegada da nossa querida Beny, mas quem é ela de facto?
Fontes apontam que a mesma tem um passado épico com o menino dos olhos de todas, Vicente, menos dela.
Traição? Mas que baixo menino Vicente, ainda para mais a Benedita?
Não ficamos por aqui, até porque a nova amiga de Benedita, a pequena Duda, tem um passado obscuro com o nosso grande Ivan, curioso não? Mas, afinal, quem são eles?
Vamos esperar para ver.

— XOXO, Drama Diaries."
(publicado a 17 de setembro, às 17:38).

- De novo? - disse. - Até na universidade. É preciso ter sorte...

- O que é isto? - pergunta Duda. - E porque é que fala de nós?

- Muito resumidamente, o "Drama Diaries" é um blog que conta todos os segredos dos alunos da minha escola antiga à anos, e ao que tudo indica ela veio para Yale...

- Ela? - pergunta Duda, confusa.

- Toda a gente acha que é uma rapariga. - disse, enquanto comia as bolachas que guardei na bolsa.

[...]

Eram 20:16 quando cheguei a casa, logo que entrei, ouvi a minha mãe a chamar-me na sala. A mesma queria saber como tinha corrido o dia, e logo de seguida quis saber do Vicente. Disse-lhe que estava tudo igual e que não tencionava falar com ele.

Após a nossa conversa, subi para o quarto e dei por mim a pensar na minha nova turma.

"Acho que não poderia ter tido mais sorte com as meninas da turma, espero levar a amizade da Duda para sempre! A Camila é super focada, vai-me ajudar imenso; nunca conheci alguém que gostasse tanto de Yale quanto a Laura, sempre que fala na universidade, os seus olhos brilham; já a Vitória é super querida, mas sinto que esconde algo...; acho que dá para manter uma boa relação com o Duarte, porém tenho a certeza que o Vicente vai acabar por se meter no meio." - pensei.

Enquanto me perdia nos pensamentos, ouço uma notificação vinda do meu telefone

Vicente (mensagem)
Estou à porta de tua casa, podemos falar?

Não posso acreditar que veio até aqui, é preciso ter coragem. Fico uns segundos a olhar para a mensagem até que decido descer as escadas para lhe abrir a porta.

- Já está toda a gente a dormir. - disse, assim que o vi. - Podes fazer pouco barulho, por favor?

- Posso entrar? - perguntou Vicente, cabisbaixo.

- Tenho mesmo outra opção se não deixar? - pergunto, irónica. - Entra.

Vicente não diz nada, apenas entra e segue-me até ao meu quarto.

- O que é que queres? - pergunto. - Achei que tinha sido bem clara quando te disse que não tínhamos mais nada para falar...

- Benedita, eu nunca te traí! - disse Vicente, sério. - A rapariga andava atrás de mim à um tempo, eu falei-te dela! Porque é que não acreditas em mim? Eu nunca te faria uma coisa dessas...

- Já tivemos esta conversa antes. - disse chateada, sem olhar para ele.- Não importa o que digas Vicente, nada me vai fazer acreditar em ti. Ela não tinha motivo algum para me mentir.

- E porque é que eu teria motivos para te mentir? Preferes acreditar em alguém fora do nosso "relacionamento" do que em mim? - pergunta Vicente incrédulo.

- Já chega. - disse. - Vai te embora!

- Porquê? Não consegues aguentar a minha presença sem ceder a algo?

Fiquei sem saber o que dizer, ele tinha razão. Por mais que estivesse magoada com uma realidade que podia nem sequer ser verdadeira, não conseguia estar no mesmo espaço que ele sem me lembrar das memórias, de tudo aquilo que passámos...

- Não dizes nada? - pergunta Vicente, após alguns segundos de silêncio.

- O que queres que te diga? - perguntei, sem olhar para ele.

Ele não disse nada, limitou-se a olhar para mim com aqueles olhos castanhos que, um dia, foram meus. Não consegui pensar em mais nada, foi como se tudo ao meu redor parasse.

Vicente aproximou-se e, por muito que quisesse, não me conseguia mover. O mesmo movimentava-se para mais perto até faltarem alguns centímetros entre os nossos rostos.

- Acho melhor ires-te embora. - disse, afastando-me o mais longe que pude.

Vicente logo fez uma feição dececionada, não estava à espera que me afastasse. Nem eu, para ser honesta.

- Tudo bem. - disse por fim. - Se é mesmo isso que queres, eu vou me embora...

Tentei acompanha-lo até à porta, mas fui parada pelo mesmo.

- Deixa estar. - disse seco. - Eu sei onde é a saída.

Fiquei paralisada enquanto via o meu antigo Vicente ir-se embora, sem olhar para trás. Fecho-me no quarto e choro noite dentro. Porquê isto? Porque é que ele não me deixa em paz de uma vez por todas?

Não me lembro de mais nada, só de me ter deitado com as lágrimas a escorrer-me pelo rosto.

Drama DiariesWhere stories live. Discover now