07 - And I wanted that pain

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Natasha

Senti uma dor terrível na cabeça assim que abri os olhos. As cortinas estavam quase todas fechadas, mas mesmo assim, senti minha cabeça em chamas.

  - Ei.

Steve me estendeu um comprimido e um copo de água.

Eu agarrei aquilo com vontade, buscando algum tipo de alívio. Fiquei ali por um tempo, me sentindo totalmente amassada. Inicialmente, não lembrava de nada. Mas logo, tudo veio.

A maleta.

O beijo.

Eu olhei para Steve. Ele me olhava também.

Encarei o teto. Não tinha sido só disfarce.

  - Você me beijou.

Steve franziu as sobrancelhas.

  - É com isso que está preocupada?

  - Por que fez isso?

  - Demonstrações públicas de afeto deixam as pessoas desconfortáveis.

  - Sim, deixam!

Steve se levantou, com as mãos na cintura.

  - Natasha. Eles estavam vindo. Você estava desligada da missão. Foi o que eu consegui pensar. Por que esse é o problema?

  - Porque não foi só isso!

Eu me levantei também, esfregando o rosto. Lembrei que vomitei em Steve.

  - Me desculpe, se isso é só o que eu tenho conseguido pensar por semanas! Te beijar, Natasha! Semanas. Eu estou ficando louco!

Eu neguei, não querendo ouvir.

  - Isso não pode acontecer.

  - Do que está falando?

  - Da gente. Não pode.

Steve parecia magoado. Muito magoado. Ele veio até mim e me segurou pelos braços.

  - Eu não consigo. Ficar mais longe de você.

Engoli em seco. Queria chorar.

  - Não consigo, e não quero. Cada parte de mim quer você, a cada segundo do dia. Há muito tempo. E eu só fui muito idiota para perceber.

Me soltei de Steve. Corri para o banheiro e fechei a porta.

Encostei a testa na madeira e as lágrimas vieram.

Eu tentei resistir, tentei negar. Achava que Steve jamais iria sentir o mesmo, mas estava errada. Era muito pior do que eu pensava, ele me queria também.

E então ele iria entrar. Ver a bagunça. O horror.

Conseguia ouvir as palavras dela claramente. "Amor é coisa de criança, Natália."

Quis bater a cabeça na parede, mas apenas deixei as lágrimas rolarem.

(...)

Eu e Steve encarávamos o prato na nossa frente.

Ele não parecia querer comer. E eu sentia que se colocasse algo na boca, iria vomitar novamente. Em cima dele.

Não falamos mais daquilo. Meu relógio vibrou e nos lembramos que estamos em uma missão, que estava prestes a ser arruinada. Olívia tinha uma maleta que não sabíamos o que era, ainda não tínhamos mais informações relevantes e possivelmente colocamos em perigo nossa identidade secreta.

Eles almoçavam há uns bons metros de nós, quase do outro lado do salão. Steve pediu um suco misto de frutas, e quando chegou, empurrou na minha direção.

Midnight Rain - RomanogersWhere stories live. Discover now