Luz do luar

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Eu gritei.

- Eu gritei

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- Eu gritei. Um grito desesperado e sublime, que rompeu o silêncio da noite e liberou todos os sentimentos que estavam aprisionados dentro de mim por tantos anos. Foi um grito longo e alto, carregado de todas as emoções que eu havia mantido escondidas: raiva, tristeza, remorso, desespero. Foi um grito que evidenciava o meu humano adormecido, os piores sentimentos sentidos, uma explosão de dor e angústia que ecoou pelas ruas escuras como um lamento selvagem. As palavras se perderam na agonia que se apoderou do meu ser, sufocadas pela intensidade do momento. Mas o grito permaneceu, uma expressão visceral do tormento que me consumia. Se fosse possível, certamente o ar teria abandonado meus pulmões. Dobrei-me sob o corpo inerte de Sofi, minhas mãos puxavam meu cabelo, um gesto do meu completo desespero e insanidade. Era como se eu tentasse arrancar de mim mesmo a dor insuportável que me consumia por dentro, uma tentativa desesperada de encontrar alívio para a angústia que me dilacerava. 

-Naquele momento me senti transportar para um lugar além do tempo, onde não era mais o homem que havia cometido um ato atroz, mas sim uma criança perdida em um labirinto de desespero e culpa. Diante desse cenário de desolação, eu me encolhi, como uma criança solitária. Meu coração partido ecoava como um choro infantil, buscando o conforto que eu sabia que nunca encontraria. No corpo morto de minha amada, enxerguei a reflexão de minha própria fragilidade, e me vi como uma criança perdida na vastidão sombria da existência, sem ninguém para segurar minha mão trêmula. Lágrimas ardentes deslizando por minhas bochechas misturando-se com as gotas de chuva, minhas mãos tremiam brutalmente, agora sob seus ombros delicados, acariciando-os. A visão de sua cabeça desconectada do corpo me invadiu com o mais profundo horror, e em meu desespero, clamei a um Deus cuja existência ainda me é incerta, cujos ouvidos talvez nunca tenham escutado meus lamentos. 

-Puxei-a para perto de mim, e a abracei com toda a força que me restava, seus membros, dilacerados pela besta que havia consumido minha alma, ainda sangravam. Meu grito ecoava seu nome, uma súplica desesperada por redenção e misericórdia divina, uma expressão do terror e do medo que me consumiam por dentro. A chuva caía mais intensamente agora, envolvendo-me por completo, enquanto minhas lágrimas, misturadas com o sangue que escorria, perdiam-se em um abismo de desespero e dor. Eu não era capaz de articular qualquer palavra, apenas gemidos roucos escapavam de meus lábios, ecoando pelo beco desolado. 

-Eu oscilava para frente e para trás, como em uma dança de dor, uma dança de desespero e terror, sustentava o corpo sem vida da vampira em meus braços enquanto gritava, com o rosto voltado para o céu encoberto por nuvens sombrias. As gotas da chuva batiam em meu rosto como lágrimas celestiais, como se a própria natureza tentasse lavar a minha alma, mergulhada em tormento e desespero. Como se buscasse limpar não apenas o sangue que manchava minhas mãos, mas também a escuridão que enegrecia minha alma.

"Soo...fi... Me perdoe... Me perdoe, amor. Por favor... Me perdoe, Deus. Ó, meu Deus, o que eu fiz? Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!" - Ecoei, as palavras saindo num murmúrio angustiado, uma súplica desesperada perdida na tempestade.

Sombra Eterna: A Dor Da Imortalidade - Crônicas VampirescasWhere stories live. Discover now