CAPÍTULO 5 - GIRL

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Ausência de desejos traz tranquilidade.
- Textos Taoístas

Garota

Midori caminhava pelas sombras da noite, suas memórias fragmentadas ecoando como sussurros distantes em sua mente imortal. Ela se lembrava apenas de flashes de seu passado, de uma vida marcada pela escuridão e pela sede.

— Certa vez, quando ainda me alimentava de humanos, uma mulher solitária cruzou meu caminho, cujos olhos brilhavam com uma intensidade incomum. Impulsionada por meu instinto predatório, ataquei a mulher sem hesitação, sem perceber que ela era uma bruxa poderosa.

Midori fez uma pausa, ainda sem forças para se levantar do chão. O braço projetor de Jasper abraçava seu ombro com sustento.

— A bruxa, com sua sabedoria ancestral e magia poderosa, evitou habilmente todos os meus ataques, me surpreendendo com sua destreza e controle. Com raiva, a bruxa lançou uma maldição sobre mim, condenando-me a esquecer meu passado e a ser incapaz de criar outros seres como eu. Assim fui lançada em um abismo de esquecimento, minhas memórias se dissipando como névoa ao vento, deixando-me perdida e confusa em um mundo de sombras e segredos. Quando acordei em um estado de confusão e desorientação, minha mente estava obscurecida por uma névoa de amnésia.

— Uma bruxa? — Carlisle perguntou para si mesmo, em confusão. — Tão poderosa assim?

O silêncio se instalou. O medo do desconhecido era como um nó na garganta.

Se Charlie não lhe alimentaria de sangue humano ou animal, como sobreviveria? O que seria dali pra frente?

— Sinto muito. — Midori pediu quase que encostando seu rosto no chão. — Eu não me lembrava disso. Não sei dizer o que vai se suceder.

— Está tudo bem, garota. — Charlie disse, a confortando. — Eu já estava pronto pra morrer mesmo. Ao menos você me deu algum tempo para ficar mais com a minha família. — Ele beijou a testa de Bella e a abraçou de lado. — Olha, eu realmente adoraria um copo com água.

Rosalie, extremamente inquieta, buscou na cozinha e lhe deu um copo cheio de água.

— Obrigado, garota. — E ele bebeu como se ainda fosse um ser humano.

— E? — Carlisle perguntou.

— E o que?

— O sabor.

— Ah, sabor de água. Muito saciante, por sinal. Onde está Renesmee?

— Com Sue. — Edward disse, ainda chocado. Todos estavam chocados demais.

— Sue, não é? Eu adoraria ver a minha velha. Eu poderia?

— Pelo visto. — Emmett deu de ombros. — Nossa, eu realmente esperava ter que lutar com ele para que ele não sugasse nenhuma alma viva.

— Emmett! — Esme repreendeu, mas não conseguia conter o pequeno sorriso que se formou instantâneamente.

— Garoto, eu sou melhor com armas.

— Acredite, no corpo a corpo você daria uma coça em Emmett. — Afirmou Jasper. Emmett bufou.

— O que? Eu? — Ele perguntou, incrédulo. Charlie analisou a sua mirrada estatura comparada à de Emmet. — Não desejo nem tentar.

E então, Charlie olhou especificamente para o rosto de Jasper. As cicatrizes lhe repeliram como um gato se repelia ao receber gotas de água, mas ao contrário do esperado, seus lábios formaram um pequeno bico, seguido do rebaixamento dos cantos laterais de sua boca e suas sobrancelhas se levantavam, em surpresa e admiração.

— Cicatrizes maneiras. — Ele afirmou, voltando à olhar para Bella. — Eu gostaria de ver Sue.

— Infelizmente você não poderá ver ela. — Carlisle contou. Charlie lhe olhou em busca de explicação.

— Mas porque, Dr. Cullen?

— Os lobos.

— Ah, aquele moleque do Billy. — Ele riu. — Francamente... — Então, ele pensou novamente. — Calma, lobos? No plural.

— Sim. — Carlisle riu levemente. — É uma matilha.

— Nossa, incrível. — Charlie ironizou, lembrando-se do seu terrível terror ao ver Jacob se transformar em uma enorme bola de pêlos. — E porque não devo ir?

— Somos inimigos naturais.

— Como cães e gatos?

— Essa é a melhor forma de descrever, na verdade. Se tem um cão adulto e bota um filhote de gato com ele, com o passar do tempo eles criarão um laço, mas se o gato for adulto também, as coisas serão diferentes.— Edward respondeu.

— Que analogia idiota. — Emmett riu. Edward revirou os olhos.

— Quer dizer que se eles se transformam antes de conhecerem vocês, vocês se tornam inimigos, mas se eles se transformam depois de conhecerem vocês, há a probabilidade de serem amigos.

— Basicamente, mas não é uma lei universal. Isso varia dependendo de metamorfo pra metamorfo, e de vampiro pra vampiro.

— Se não gostarem de mim, vão me comer? — Ele fez uma careta, vagando em pensamentos.

Emmett riu mais ainda.

— Você vira churrasco, mas aqueles lobinhos não comem vampiros.

— Para todo lado que olho, só vejo problemas. — Charlie suspirou. Suas mãos pousaram no cós da calça. — Acho que ainda tenho que aprender muito.

Pela primeira vez, Bella riu.

— Sim, pai, o senhor ainda tem que aprender muito. — Ela o abraçou novamente, ainda com mais força.

— Acho que minha filha é uma fisiculturista. — Charlie riu. Bella riu com a cabeça encostada no peito do pai.

— Tive muito medo de perder o senhor. — Ela confessou, ainda o abraçando com força. Charlie a abraçou de volta, voltando à ser sem jeito.

— Você nunca me perderia, pequena. — Charlie beijou novamente a cabeça dela.

No dia seguinte, as notícias correram pela cidade. O carro do xerife havia sido encontrado na estrada. Foi um acidente fatal, considerando a quantidade de sangue no local, mas não haviam sinais de Charlie e nem da criança desconhecida que estava junto com ele em todas as câmeras de trânsito.

Midori & JasperOù les histoires vivent. Découvrez maintenant