Capítulo 1 ~ A Morte de uma Rainha morta.

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Allen seguiu Riliane por muito tempo, viu-a seguir sua carta, a última coisa que havia conseguido manter a salvo dos revolucionários, escondido em seus aposentos onde sua irmã iria se trocar.

Riliane então se escondeu em um farol isolado, uma mulher cuidou dela, cabelos brancos e olhos vermelhos, Allen nunca conseguiu ouvir seu nome, a voz era abafada toda vez que deixava seu nome deveria ecoar; apesar de ter sido bondosa em deixar a antiga rainha viver sob seu teto, Allen não gostou dela, aquela mulher tinha algo que era estranho.

Foi bom vê-las interagir, Riliane aprendeu muito, elas haviam feito uma pequena plantação juntas, a mulher de cabelos brancos era uma boa influência — apesar de tudo —, ela ensinou Riliane a cozinhar peixe, a ensinou a limpar e lavar roupa; Allen seria eternamente grato, Riliane não era um exemplo de pessoa gentil, pelo contrário, ela era rude e orgulhosa, cheia de si e odiava quando as pessoas a contrariavam. Mas ela aprendeu, cresceu e em pouco tempo mudou, sua personalidade havia se tornado menos agressiva e problemática, agora Riliane podia expressar o que realmente sentia.

Já era noite e Allen estava assistindo sua irmã cozinhar, a cozinha era pequena e aconchegante, ele via Riliane cuidadosamente cortar cenouras, ela parecia em paz, com um sorriso calmo em seus lábios e um olhar diferente, livre.

— Você quer dar uma volta na praia? — perguntou a mulher de cabelos brancos, ela estava colocando uma capa marrom sobre seu vestido.

— Logo vai anoitecer — sussurrou Riliane em resposta.

— Então deveríamos ir, eu sei que você estava querendo ir, mas não sozinha.

Riliane olhou por um momento para a comida à sua frente e depois para os cabelos brancos evitando o contato visual, a sopa ela poderia terminar mais tarde e havia algo que queria fazer no mar.

— Vou só capa, então me espere — Riliane exclamou correndo para dentro dos quartos —, você ouviu?!!

Allen olhou para a mulher, o sorriso sem expressão havia voltado, ela parecia fria e indiferente. Um suspiro deixou seus lábios e ela respondeu:

— Sim, sim! — sua voz com um pouco de emoção.

Riliane voltou com sua capa vestida, seus sapatos batiam naquele chão de madeira animados, ela passou correndo por eles e pulou pela porta aberta, parecendo uma criança...

Allen sorriu amargamente, ninguém o veria ali, mas, em seu tempo no palácio, ele havia pensado que nunca veria sua irmã tão... normal, ela sempre era mimada e triste.

— Vamos, #####!

A mulher de cabelos brancos sorriu e acenou.

— Já vou.

Allen olhou para ela e, hesitante, deixou a sala.

Riliane corria pela grama, seus passos desordenados e prontos para escorregar, embora ela não o tenha feito. Ela corria feliz até a areia, onde tirou suas sapatilhas e começou a sentir seus pés afundando naquele monte.

Allen flutuava ao lado dela, ele, por algum motivo, queria desesperadamente agarrar a mão de sua irmã, mas ele não conseguia.

Riliane tirou de seu vestido uma pequena garrafa, não era maior do que sua mão e havia um pequeno papel ali dentro. Ela segurou a saia de seu vestido e a segurou contra o peito. Com o vento vindo do oceano, o capuz que cobria seus cabelos loiros cairam para trás.

Riliane começou a entrar na água gelada. O céu estava brilhando laranja e a água do mar cinzenta, logo a noite chegaria, a neblina já estava a se espalhar pela praia, mas a garota permaneceu ali.

Quando a água passou de seus calcanhares, ela parou e olhou para o horizonte, o sol sumindo lentamente.

Allen esperou em silêncio, então deu alguns passos para trás.

Riliane pensou por muito tempo, havia chegado a noite até, ele se perguntava sobre o que ela estava pensando, mas no fundo de sua alma, sabia que era nele, os dois eram muito mais parecidos do que só a aparência...

Então, Riliane soltou um suspiro trêmulo conforme as lágrimas caiam de seus olhos, ele não queria ver sua irmã daquele jeito, Allen não a salvou para que se culpasse, mas para que pudesse ser livre...

O céu agora estava estrelado e, vindos da terra, nuvens de chuva se aproximavam.

— Por causa dos meus erros... você não está aqui... — soluçou Riliane, caindo na água, suas pernas cederam aos seus arrependimentos, que queimaram sua mente com a culpa.

Ela levantou as mãos molhadas com a garrafinha de vidro e as colocou contra o peito, seu corpo tremia como se estivesse prestes a congelar e mesmo sabendo que estava frio, Allen sabia que não era esse o motivo pelo qual tremia. Riliane se levantou e jogou a garrafa o mais longe que podia.

— Eu sinto muito, Allen...

Em meio aos soluços de sua irmã, Allen também começou a chorar, ele não queria que as pessoas continuassem a se ferir por causa dele, pelas mãos dele.

Allen correu e, mesmo sabendo que ela não sentiria, a abraçou. Um vento forte veio e Riliane caiu ajoelhada novamente, desta vez, ela apenas permaneceu chorando.

Riliane se deixou levar nas lágrimas, seu corpo virado para o oceano, perdido em sua própria mente, sequer notou o aproximar de sua amiga.

A mulher de cabelos brancos olhou distante para a única outra pessoa viva, seus olhos vermelhos pareciam mortos, assim como seu vestido branco sem graça. Suas mãos estavam escondidas, mas elas logo revelaram uma faca.

Allen sequer a notou, ele e Riliane estavam ocupados demais chorando para perceber a presença. Em meio aos seus silenciosos soluços, ele conseguiu gaguejar:

— S-Se o dia em que nós renascermos, vai ser... muito... muito legal brincar com...

O vermelho tomou a visão de Allen.

— você... — sua voz deixou sair fraca, seus olhos pararam de focar, o sangue...

O sangue escorreu por tudo. Desesperado, ele se virou em busca de algo que explicasse, e... lá estava a mulher de cabelos brancos, sua pele pálida estava suja com o sangue da antiga rainha, da irmã de Allen. Dos olhos vermelhos dela, lágrimas começaram a escorrer.

Naquele momento, Allen não pode reagir, ele não conseguiria reagir nem se quisesse... Sua rainha... sua irmã... Riliane estava morrendo.

A loira se virou, ela podia ver tudo... As lágrimas que tentavam ser guardadas conseguiram escapar do peito que havia sido lacrado a muito tempo. Isso só fez a mulher entrar em desespero, como se não quisesse fazer aquilo.

— A-Allen... — Riliane disse com um sorriso trêmulo.

— P-Por favor, não! Não! Não é sua hora ainda! Volte para lá Riliane!

A garota riu fracamente.

— V-Você acha que... que pode mandar em sua... rainha?

— N-Não! Não... Por favor, não...

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⏰ Last updated: Mar 22 ⏰

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A Segunda Vida dos Irmãos do MalWhere stories live. Discover now