XIX

33 10 11
                                    

Por enquanto tudo caminhava muito bem.

Juliette e eu vivíamos numa quase lua de mel, só interrompida quando a nossa filha inventava um berreiro para comer.

Eu estava passando os olhos pelas redes sociais quando me deparo com uma entrevista do tal artista Mateus.

O tal que eu vi aos beijos com Juliette.   A moça perguntava sobre namoradas e ele disse que não tinha.

- E a morena que há pouco tempo foram flagrados aos beijos.

- Ah, essa?
Foi tesão de momento.  Não passou disso.  Nunca mais a vi, mas ainda quero encontrá-la.  Voltei ao apartamento dela, mas não  a encontrei mais.

Rodolffo fechou o telemóvel no momento em que Juliette vinha a chegar.

- Pela cara já vi que não tiveste boas notícias.

- Não foi nada.

- Então porque estás assim?  Diz-me o que aconteceu.

Rodolffo mostrou-lhe a entrevista.

- É por isto que estás assim?  Foram apenas uns beijos.

- Ele sabia até onde era o teu apartamento.

- E daí?  Ele foi-me deixar em casa, mas se vamos chamar o passado para a nossa relação, vamos ver para onde pende mais a balança.

- As minhas paqueras nunca deram entrevistas.

- Nem precisavam.  O objectivo delas era darem-se bem com a tua imagem.
Não vais fazer uma cena de ciúmes,  vais?

- Não,  mas eu tenho ciúmes sim.

- Não tenhas.  Tirando uns beijinhos,   ninguém além de ti me tocou.  Quem  tem razão para ter ciúmes sou eu.

- Hoje já não,  disse ele puxando-me para o seu colo e iniciando um beijo seguido de muita mão marota passando pelo meu corpo.

Acabámos por fazer amor ali mesmo pois temos que aproveitar todos os momentos que a nossa filhota nos oferece.

Juliette voltou ao trabalho e eu aos shows.  Sempre que partia era uma agonia para as deixar.  Minha mãe ofereceu-se para ficar com a Rosa durante o dia, enquanto Juliette ia trabalhar.   Ao fim da tarde voltavam as duas para casa.

A imprensa descobriu o facto de estarmos a viver juntos e já termos a nossa filha.

Enquanto umas fãs nos davam parabéns a nós e à bébé,  outras xingavam a Juliette acusando-a de ter dado o golpe da barriga.

Ela já não dá tanta importância aos mesmos, embora se sinta ofendida com alguns.  Eu sempre digo para ela não ligar e não responder  mas um destes dias precisei dar um basta.

Fiz um post onde pedia respeito por mim e pela minha família.  Que a escolha foi nossa e ninguém precisa aceitar.

O assunto ainda rendeu alguns dias.  Eu fui aparecendo mais com as duas e as más línguas foram ficando para trás.

A Rita mudou-se definitivamente para o Rio, para onde mudou também a direcção da companhia.

No Rio agora funciona a companhia mãe, enquanto aqui na nossa cidade funciona a sucursal.  Juliette assumiu a sua liderança, pois Rita resolveu dar-lhe sociedade.

3 anos depois.

Rosa já vai comigo para a companhia.  Começou agora a dar os primeiros passos no balet e adora vestir o tutu.  Temos uma classe de +3 anos que são a coisa mais fofa da companhia.

Rodolffo,  em dias de folga vai connosco, assiste à aula da filha todo babado e depois regressa a casa com ela.  Ficam sozinhos praticamente o  dia todo a empanturrarem-se de coisas que só fazem mal. 
Rodolffo tem na despensa umas coisinhas de reserva que ele acha que eu não sei, mas, até eu de vez em quando me apetece e lá vou eu roubar um nadinha.

Ultimamente acho-o um tanto misterioso.  Anda a preparar alguma coisa e não me quer dizer.

Já o chantageei com tudo, incluindo sexo e ele não conta.

Daqui a um mês tu vais saber, é a única coisa que consigo arrancar dele.

Atravessei o Atlântico Where stories live. Discover now