IV

46 10 9
                                    

Olhei para o lado e quando vi o Rodolffo e o meu instinto foi abraçá-lo e chorar.

Ele ficou sem entender nada e levou-me para fora da boate, para uma àrea menos ruidosa.

- O que aconteceu?

- Um tipo, veio meter-se comigo.  Pensava que eu estava ali para ficar com alguém e tentou agarrar-me.

- A confusão ali no meio eras tu?

- Sim.

- Eu ouvi a confusão, mas não consegui ver.  Já ia embora quando te vi.
Onde estão os teus amigos?

- Não sei.  Eu estava com a Maria,  mas ela saiu com um rapaz.
Queria ir para casa, mas nem sei a morada deles.

- Podemos procurá-los.

- Ali no meio de tanta gente?

- É.  Não vai ser fácil.   A solução é vires comigo para o hotel.

Ela olhou para mim com ar suspeito.

- Relaxa.  Não vou fazer-te mal.  Amanhã procuramos os teus amigos.  Só vou embora amanhã ao final da tarde.

Juliette estava apreensiva para aceitar o convite, mas também não queria ficar ali sózinha à espera que algum dos amigos aparecesse.

Aceitou o convite dele e foram para o hotel.

- Dorme na cama que eu fico no sofá.

A verdade é que nenhum deles dormiu.  Começaram a conversar, cada um a contar as peripécias da sua vida e quando deram conta o dia já amanhecia.

Rodolffo tinha feito um story a procurar o Dinis e a Maria.  Pedia para que eles lhe mandassem um direct.
Agora era só esperar para saber onde entregar Juliette.

- Começo a pensar que foi má ideia sair assim de Portugal.   Sinto-me perdida.  E preciso arranjar emprego.  Não quero viver às custas de ninguém.

- Queres trabalhar em quê?

- Qualquer coisa.  Desde pequena eu pratico balet,  ginástica e trato de cavalos.  O resto terei que aprender.

- Queres ir para a minha cidade?  Tenho uma amiga que tem uma academia de dança.  Quem sabe lá não é o teu lugar.

- Não sei.  Não quero incomodar.  Tu tens mais o que fazer do que preocupares-te comigo.

- Não se trata de incomodar,  trata-se de ajudar uma pessoa.

- Deixa ver se a Maria entra em contacto.  Entretanto eu penso.

Encostaram-se e acabaram por adormecer na mesma cama já era dia.

Juliette foi a primeira a acordar eram 11 horas.  Acordou Rodolffo para ele verificar se Maria tinha dado noticias.

Rodolffo abriu o direct e lá estava a mensagem.  Manda-me a tua morada, pediu ele.  Tenho a Juliette comigo.

Maria respirou aliviada.  Ela e as amigas procuraram Juliette na balada e nem sinal dela.  Resolveram voltar para casa e jogar para os deuses.

Ao mesmo tempo rolou um ciúme.  A tuga ainda agora chegou e já conseguiu passar a noite com o nosso Dolfinho, disse ela às amigas.

- Esperta ela.  Se fazendo de sonsa, respondeu uma delas.

Rodolffo almoçou com Juliette antes de levá-la a casa de Maria.
Optou pelo restaurante do hotel afim de evitar mexericos e constranger a moça.

Mesmo assim a presença dela não passou despercebida aos vários clientes do restaurante.  Uma das normas do hotel é que fotos de espaços comuns eram proibidas, por isso Rodolffo estava à vontade.

Juliette concordou em viajar com ele.  Rodolffo conversou ao telefone com a irmã  a explicar a situação pouco depois dizia-lhe que a irmã tinha concordado em acolhê-la.

- Mas é temporário.   Logo que eu consiga um emprego, quero ter o meu espaço.

- É justo.  Agora vamos buscar as tuas coisas porque temos que pegar o voo dentro de uma hora.

Atravessei o Atlântico Onde as histórias ganham vida. Descobre agora