II

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Não consegui voo para o Brasil logo pela manhã.  A solução que me foi apresentada foi apanhar um voo para Inglaterra nas primeiras horas de dia e fazer conexão com o voo que saía ao início da tarde para S. Paulo.

Aceitei.  Os horários eram perfeitos.  Daqui a Londres são pouco mais de duas horas.  Estava lá antes do meio dia, então não tinha como recusar.

Assim que o avião levantou voo, respirei fundo e encostei-me para dormir um pouco.

Quando desembarquei em Londres senti-me perdida.
A primeira parte já está.  Dirigi-me  ao guichet e pude resolver todos os trâmites que me permitissem embarcar.

Sentei-me à espera e de repente ouço um enorme alvoroço.

Um grupo de jovens histéricas corriam atrás de um grupo de homens.

Uma banda de música brasileira disse um jovem sentado ao meu lado.  Estiveram em digressão por aqui.

- Tantos?

- A dupla são o loiro e o moreno.  Os outros são os músicos.

- E a moça?

- É irmã de um deles.  Sei porque já os vi nas redes sociais pois a minha irmã é fanática por eles.  Deve estar ali no grupo das doidas.
Fez-me vir do Brasil de propósito para um concerto.

- O nome da banda é aquele dos moletons?

- Sim.  Israel & Rodolffo.

- Vou pesquisar.  Nunca ouvi falar.
Vocês são de que cidade?

- Somos o grupo todo de S. Paulo.

- É para onde vou.

- Mas tu és portuguesa?

- Sim.   É a minha primeira viagem ao Brasil e sózinha.   Estou em pânico.

- Eu já te apresento o pessoal.  Deixa elas acalmar.  Nós auxiliamos-te no que pudermos.

- Obrigada.  Chamo-me Juliette.

- E eu Dinis.

O grupo de moças continuava de volta dos artistas cantarolando algumas canções.

No geral até que gostei,  embora elas não fossem afinadas. 
De repente, um vozeirão se destaca entre o grupo.  Olhei e vi o moreno cantar acompanhado pelo loiro num tom mais suave.

A voz era perfeita,  mas no geral tanto ele como o parceiro eram um pedaço de mau caminho.

Embarcamos e quando eu pensava que eles viajariam na classe executiva, não.  Estavam sentados mesmo ao meu lado do outro lado do corredor.

Após levantarmos voo Dinis veio dizer-me para esperar por eles na saída.  Conversou com a irmã e a namorada e iam ajudar-me.

Eu fiquei um pouco mais relaxada.  A meu lado ia um lugar vazio.  Eu pude assim viajar à vontade.

À vontade pensava eu, porque ainda não tinha passado uma hora, já o moreno veio sentar-se a meu lado metendo conversa.

- A viajar sózinha?

- Sim. A minha primeira vez.

- Sem medo?

- Nenhum.  Medo eu tenho do que vou encontrar à chegada.

- Porquê?

- Fugi.  Não conheço ninguém.   Quer dizer, conheci o Dinis no aeroporto que já me ofereceu ajuda.

- Quem é o Dinis?

- Aquele moço ali.  É irmão de uma das meninas do fan club.

- Ah!  Já sei.  Da Daniela.

- Grava o meu telefone.  A propósito chamo-me Rodolffo.

- Eu sou Juliette. Diz aí o número.

- Agora diz-me o teu.

- Eu nem sei se o meu tarifário funciona no Brasil ou se tenho que comprar um cartão?

- Gravei o número dele e salvei como Bomboca. (Morena e gostosa - a bomboca).

- E que fazes para viver?

- Trabalhei sempre no circo.

- Eu gosto de circo.

- Eu odeio.

- Porquê?

- Olho para ele como uma prisão.   Andámos em digressão, mas não éramos livres.

- Como nós.  Vivemos de terra em terra.

- Não é a mesma coisa.  Vocês voltam para uma casa, têem amigos, familiares com outras profissões.   No circo é tudo igual.

Falámos um pouco mais e depois eu encostei-me para trás.   Ele percebeu que eu queria dormir e não falou mais, mas também não saiu dali.

Acordei quando a hospedeira veio servir o jantar.

- Falta muito, Rodolffo?

- Cerca de duas horas ainda.  Podes continuar a dormir depois de comeres.

- Ontem eu não dormi nada.  Cheguei cedo ao aeroporto.

- Dorme descansada.  Assim o tempo passa mais rápido. Quando acordares já vamos estar em S Paulo.

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