Um Skate, Um Sorvete e Um Sorriso

16

Edward não conseguiu dormir a noite toda. Estava martelando a cabeça, se perguntando como podia impedir que Evy e Andrew ficassem juntos.

A imagem dos dois se beijando o atormentava sempre que tentava adormecer.

Ao encarar Evy adormecida ao seu lado, só conseguia pensar em como havia permitido que o que sentia por ela crescesse tanto. Talvez, já tenha chegado a tão temida hora de se afastar.

Não permanentemente, apenas tempo o suficiente pra que a aquele sentimento sumisse por completo.

Alheio aos seus pensamentos, sentiu a menina se aproximar dele, fazendo seu coração bater rapidamente do peito.

— Evelyn? — chamou, mas não obteve resposta, confirmado a sua teoria de que ela estava dormindo.

Ela se aproximava cada vez mais, até ficar perigosamente perto dele.

Eram 3h da manhã, estava frio Edward estava sem blusa e Evy com um pijama curto. Isso não tinha como acabar bem.

Ele se afastou lentamente dela até descer da cama. Colocou alguns travesseiros no chão pra amortecer a queda da amiga caso ela caísse e então saiu.

Após descer as escadas e rumar para a cozinha, abriu a geladeira afim de beber água.

Quando fechou a geladeira, deu de cara com o irmão coçando os olhos.

— E aí pirralho?

— Vim beber água. Não tava conseguindo dormir — o rapaz sentou na cadeira ao pé da ilha.

— Porquê?

— Tem uma menina — ele contou.

— A Eleanor? — Edward perguntou com um sorriso.

— Não. Ela é como uma irmã pra mim.

— Você sabe que ela não te considera apenas como irmão, não sabe? — Edward se sentou, imaginando como a garota se sentiria ao ver que o garoto de quem gostava, gostava de outra.

— Eu sei. Eu sei que ela gosta de mim faz um tempo. Ela já se declarou pra mim.

— E o que você disse? — ele perguntou, curioso.

— Disse que também amava ela. Mas não daquele jeito, entende? Disse que o que a gente tem não podia passar de amizade porque eu não sinto nada por ela.

— Sabe, vocês são muito novos. Talvez seus sentimentos ainda estejam confusos.

— Não. Eu sei o que sinto e pela Elen, eu não sinto nada além de amor de irmão e não posso dar mais que isso. Você nunca passou por algo assim?

— Eu nunca estive do seu lado da situação. Mas já estive do lado da Elen — Justin arregalou os olhos com a confissão do irmão — e vou ser sincero com você: é horrível não ser correspondido e é pior ainda quando a pessoa que você ama gosta de outra pessoa.

— Você tá falando sério? Eu achei que todas as garotas eram afim de você.

— E algumas são mesmo. Mas eu só preciso de uma e essa uma não precisa de mim.

— Você tá falando da Evy? É dela que você gosta? — Justin perguntou, também curioso.

— A gente estava falando de você, não é? Então fala aí, quem é a menina que tá te deixando acordado?

— É a Roxy.

— Roxy? A menina que faz bullying com a Elen? Você tá brincando né? — Edward arqueou a sobrancelha.

— É esse o problema. Não estou brincando. Por isso eu ainda estou acordado. Não sei o que fazer.

— Desgosta — Edward brincou, fazendo o irmão rir — E venhamos e convenhamos: ela não é tão bonita assim e nem tem um bom coração.

— Ela é bonita sim. E você tá falando isso porque nunca conversou com ela. Não sabe o que ela passa em casa.

— A Elen é mil vezes mais bonita que ela. E me escuta, escuta direito mocinho: nada justifica tratar mal os outros. Nada! Não importa se ela passa por problemas em casa. Ela não tem o direiro de tratar uma menina que nunca fez nada daquele jeito.

— Ela é sim mais bonita que a Elen. Ela tem corpo, a Elen não. — Justin cruzou os braços.

Edward fuzilou-o com os olhos. Ficou realmente bravo com a ultima afirmação do rapaz.

— Quem ensinou você a reparar no corpo das meninas hein? Você tem 14 anos moleque. Te manca!

— E tem como não reparar? Ela se destaca entre as meninas da sala. É tão, tão... Linda de corpo e de rosto também.

— Você parece o Andrew falando — Edward revirou os olhos, com certa medida de raiva e desapontamento — eu nunca mais quero ouvir você falar de qualquer menina desse jeito. Seja ela a mais gostosa do mundo inteiro. Essa sua atitude e maneira de pensar é muito desvio de carácter. O pai fez um enorme esforço pra criar a gente do jeito certo e você faz questão de simplesmente ignorar tudo isso. A Elen gosta de você pelo que você é. E você se acha no direito de não gostar dela só porque ela ainda não tem um corpo super formado? Garoto!

— Você está sendo injusto. Quer dizer então que você pode gostar de uma mina gostosa e eu não posso? Tenho que gostar de uma tábua sem peito e bunda?

— Quem é você e onde você colocou o gentle boy com quem eu costumava conversar? De onde você tirou essas palavras? Não queira fazer de mim seu inimigo rapaz.

Justin o encarou, surpreso com a reação do irmão. Achou que ele seria compreendido e não julgado.

— Eu sei que você tem apenas 14 anos e é normal na sua idade pensar assim. Mas é normal apenas pra meninos que não tiveram a mesma educação que a gente teve. Se o pai ouvisse você falar desse jeito eu tenho a certeza que ele dava te colocava de castigo pro resto da sua vida.

— Onde você vai? — ele perguntou quando o irmão se levantou.

— Você está despresando alguém que sempre esteve com você só por causa de um corpo bonito. Garanto que quando o karma te pegar, ele vai te pegar gostoso, tá me entendendo? Você só esquece que a Elen e a Evy são irmãs. Se a Evy é gostosa, o que te garante que a Elen não vai ser também? — ele andou lentamente na direção da área da piscina do outro lado da sala.

Só notou o quão irritado estava quando olhou pro seu reflexo na tampa da piscina. As veias da tempora e do pescoço estavam saltadas e seu rosto estava contorcido em uma expressão de raiva.

Havia aprendido com o pai desde cedo: nunca se trata uma mulher como se fosse um objeto. Uma vez, seu pai o garantiu que se ele soubesse que ele havia se referido a uma menina daquele jeito, iria levar dois socos no meio da cara.

Além dos conselhos, ele aprendeu como tratar uma mulher pela forma como o próprio pai tratava a esposa.

Tanto ele quanto o Justin, observavam e tiravam lições.

Mas Justin não estava seguindo os passos dos homens da família. Foi nessa idade que Andrew abandonou Evy e Edward.

— Pirralho mimado do cacete — ele suspirou e se sentou numa espreguiçadeira que tinha lá. Foi aí que conseguiu adormecer.

Continua...