Hidden Games (Fernanda Bande/You)

Conversas à beira do abismo

Na tranquilidade do amanhecer, Fernanda contemplava o quarto silencioso, seus colegas ainda adormecidos. No derradeiro dia como líder, ela observava através das câmeras, sua mente repleta de reflexões. Embora Yasmin parecesse vulnerável em comparação com Davi e Isabelle, era s/n que ocupava seus pensamentos.

A tensão recente e a proximidade inesperada com s/n pesavam em seu coração, especialmente ao vê-la descansando no quarto das fadas, serena e isolada. Essa mistura de sentimentos a deixava desconfortável, ainda mais ao reconhecer a beleza tranquila de s/n, que desencadeava sorrisos involuntários, rapidamente obscurecidos por lembranças de desentendimentos.

Mas era a expectativa da festa de tema burlesco que amenizava suas preocupações, injetando um pouco de entusiasmo em um dia que se prometia monótono.

Enquanto Fernanda e Pitel permaneciam no quarto do líder, s/n buscava o convívio com suas amigas.O desfile de moda improvisado se revelou uma fonte de entretenimento, com Alane e Beatriz transformando lençóis e fronhas em trajes extravagantes. Pitel, sempre irônica, não perdeu a oportunidade de comentar.

"Ela tá horrível," brincou Pitel, tentando segurar o riso.

"Tá a cara da bruxa do 71," Fernanda completou, mas ambas não podiam negar a originalidade do espetáculo.

Então, s/n surgiu, transfigurando um edredom em uma capa, com um biquíni rosa que realçava suas formas, capturando completamente a atenção de Fernanda.

"Brega," foi o comentário automático de Pitel, mas Fernanda estava imersa em um silêncio reflexivo, sua postura relaxada agora dava lugar a uma contemplação admirada.

"Terra chamando Fernanda," provocou Pitel, percebendo a mudança súbita.

"Eu não sabia que a s/n tinha esse corpo todo," confessou Fernanda, a voz carregada de uma admiração recém-descoberta.

"O quê?" Pitel perguntou, confusa com a reação inesperada.

"Vou à academia," Fernanda desviou, retirando-se, a imagem de s/n persistindo em sua mente.

Isolada entre pesos e aparelhos, a figura de s/n desfilando invadia repetidamente seus pensamentos, um desafio à sua concentração. A súbita fascinação por s/n a confrontava, mergulhando-a em um mar de dúvidas sobre seus sentimentos.

"Estou perdendo minha sanidade," murmurou, tentando em vão dissipar a admiração que sentia, um sentimento tão inesperado quanto perturbador.

Naquele instante de vulnerabilidade, as palavras de s/n ecoaram como um trovão na mente de Fernanda, interrompendo sua introspecção. A voz de s/n, tingida com uma pitada de sarcasmo, cortou o silêncio da academia, fazendo Fernanda se virar com surpresa.

"Falando sozinha e com uma cara de psicopata, do jeitinho que o hospício gosta " s/n provocou, sua presença repentina irradiando confiança e uma sugestão sutil de desafio.

Fernanda piscou, momentaneamente surpresa pela chegada de s/n. A tensão entre elas, que antes só existia nos confins de sua mente, agora pairava no ar como eletricidade estática, palpável e inegável.

"Ah, pelo menos agora tenho uma companhia à altura do meu estado mental," Fernanda respondeu com um sorriso travesso, a tensão dissolvendo-se em um jogo de provocação mútua.

s/n cruzou os braços, um sorriso irônico dançando em seus lábios. "Ah, sério? Pensei que você estava aqui ensaiando para o seu próximo monólogo dramático para o ao vivo" s/n disparou, seus olhos faiscando com um desafio silencioso.

Fernanda sentiu um arrepio percorrer sua espinha, a observação de s/n cutucando uma ferida recente em seu orgulho. No entanto, ela decidiu não se deixar abalar pela provocação.

"Ah, então você percebeu! Estou apenas me preparando para a grande estreia da minha nova peça: 'A Loucura de Conviver com Competidores Insuportáveis'," respondeu Fernanda, sua voz tingida com um sarcasmo calculado.

s/n riu, um som afiado que cortou o ar entre elas. "Bem, parece que você já tem o papel principal garantido," ela retrucou, sua expressão desafiadora não diminuindo nem um pouco.

Fernanda sentiu uma pontada de admiração misturada com irritação diante da confiança indomável de s/n. Ela sabia que estava lidando com alguém que não recuaria facilmente.

"Ah, obrigada pelo elogio! Acho que você seria uma ótima coadjuvante," respondeu Fernanda, um sorriso travesso brincando em seus lábios.

s/n inclinou a cabeça em um gesto de concordância, seus olhos fixos nos de Fernanda como se estivessem travando uma batalha silenciosa de vontades.

"Ah, não se preocupe, Fernanda. Eu adoraria roubar a cena de você," s/n respondeu, sua voz suave carregada de um desafio implícito.

Fernanda, percebendo a tensão palpável entre elas, decidiu mudar completamente de assunto, tentando dissipar a atmosfera carregada que se formara.

"Bem, já que estamos aqui, você não vai fazer um pouco de cardio? Ou está planejando desafiar os pesos com esse visual glamouroso?" Fernanda perguntou, sua voz casual contrastando com a tensão anterior.

s/n arqueou uma sobrancelha, claramente surpresa com a mudança repentina de assunto, mas jogou-se na oportunidade de aliviar a tensão. "Ah, acho que meus músculos não estão prontos para esse glamour todo ainda. Talvez eu deva começar com uma corridinha para aquecer," respondeu s/n, sua voz refletindo o tom leve da conversa.

Fernanda assentiu, um sorriso sutil brincando em seus lábios. "Sábia escolha. Não queremos que você desmaie de tanto glamour, afinal de contas," brincou Fernanda, seu humor retornando à superfície.

s/n riu, um som suave que preencheu o espaço entre elas. "Você tem razão. Seria uma tragédia para a humanidade perder todo esse brilho de uma só vez," respondeu s/n, seus olhos brilhando com uma leveza que contrastava com a tensão anterior.

Enquanto elas trocavam banalidades sobre rotinas de exercícios e comentários sarcásticos, a tensão anterior começava a se dissolver, substituída por uma camaradagem leve e divertida. Era como se elas estivessem dançando em uma linha tênue entre a rivalidade e a cumplicidade, cada uma testando os limites da outra enquanto tentavam manter uma fachada de normalidade.

No entanto, ambas sabiam que, sob a superfície tranquila da conversa, existia um oceano de emoções não ditas e desejos ocultos, aguardando para serem explorados quando a oportunidade certa surgisse.