O que existe entre nós ⚣ [Concluído]

CHAP - 14

Capítulo 14

A HISTÓRIA DE ROOTS

Não precisa de muito para se estar nas mãos do ódio e intolerância. Viver naquele período era um inferno sobre a terra. Para ser uma bruxa você não precisa de muito, apenas tenha ervas, acredite no poder da medicina, não se case, ou crie um estilo de vida que não seja adotado pela igreja e que a sociedade dita como o "esperado", principalmente de uma mulher.

Me chamo Rhaila, tenho vinte anos e perdi minha família para essa caça, que parece não ter fim. Meus pais fugiram da cidade natal, assim que nasci, porque infelizmente fui marcada. Tenho cabelos vermelhos e olhos verdes, a receita perfeita de uma criança que foi marcada para morrer, afinal é a cor da besta e do desejo, jamais um ser humano, poderia ter tal pecado sobre seus ombros, mesmo este sendo apenas uma criança.

Minha mãe mentiu para toda família, dizendo que eu havia morrido no parto, para não deixar nenhuma pista para trás, nem mesmo meus avós sabiam ou sabem da minha existência e assim, no meio de uma noite de inverno, eles partiram para nunca mais voltar. Buscando uma salvação ou perdão, que infelizmente, nunca viriam.

Cresci em uma casa simples, rústica e isolada de tudo e de todos. Era próximo a um rio no meio de uma densa floresta. Naquele lugar, meus melhores amigos eram esquilos, pássaros e qualquer coisa que não fosse uma pessoa da aldeia, que ficava a alguns quilômetros de distância de nós. Estávamos salvos e mesmo com uma vida simples, éramos felizes. No entanto, essa não era a realidade de nosso mundo. A caça às bruxas estava ganhando mais força e mais fiéis. Mulheres eram queimadas praticamente todos os dias, por motivos cada vez mais frívolos. A igreja não mostrava nenhum tipo de misericórdia aqueles que não seguiam seus ideais e os ideais divinos.

Para dar mais força a tais ações desumanas, foi escrito um manual, sujo o nome era "Malleus Maleficarium" onde se descrevia como identificar uma bruxa e como elas eram demônios e um ser que não era deste mundo. O desespero e o medo, era a marca que carregamos e assim nossa tranquilidade teve seus dias contados. Quando estava com quinze anos os caçadores chegaram a pequena aldeia, foi no romper da aurora, com o cheiro de fogo e o gritos de desespero que meus ouvidos me despertaram.

Minha mãe agarrou meu pulso e me puxou da cama. Seus olhos tinham lágrimas infindas. Seus dedos estavam frios e sua voz estava fraca. O medo e o pânico dela me atingiram, sem demora estava chorando junto com ela, perguntando o porquê de tudo aquilo, mas ela apenas me guiava para fora da casa o mais rápido que podia. Meu pai apareceu com nosso cavalo e seus olhos também estavam pesados. Lembro de suas mãos fortes me pegarem no colo e seu cheiro tomar meu corpo em uma triste despedida, que me doeria por toda vida.