Como se livrar de um moleque apaixonado

Capítulo 25 - Memórias.

Dylan jamais imaginou possuir uma sincronia tão profunda com alguém como a que compartilhava com Matthew naquele momento. Entre eles, parecia existir uma conexão tão intrínseca que suas ações fluíam em uma harmonia quase sobrenatural. Enquanto Dylan assumia o volante e dirigia em direção ao hospital, Matthew assumia o papel de comunicador, informando à sogra e ao cunhado sobre o ocorrido. Embora tenha sido Matthew quem articulou as palavras na recepção, era Dylan quem, silenciosamente, os guiava pelo caminho conhecido tão bem por ele.

Aquele hospital não era apenas familiar para Dylan; era um cenário constante de memórias aterrorizantes dos últimos momentos de sua mãe. Sentado ao lado de um Matthew pálido, ele sentiu o nó na garganta apertar ainda mais ao imaginar perder Brian ali também. Ninguém lhes ofereceu informações detalhadas, deixando-os ambos sentados, aguardando ansiosamente por notícias sobre a gravidade da situação. A única informação que receberam foi que Brian havia sofrido um acidente de carro; o outro motorista envolvido não havia sobrevivido, e Brian estava passando por cirurgia. Essa informação apenas os deixava mais apreensivos, pois sugeria a gravidade da situação e aumentava a incerteza sobre o estado do loirinho.

O tempo parecia se arrastar como se fosse uma eternidade até que uma mulher de jaleco, se identificando como a médica, finalmente apareceu. Por trás da máscara descartável, sua expressão revelava uma exaustão profunda, mas seus olhos pareciam gentis e empáticos.

— Vocês são os acompanhantes do Sr. Hammer? — perguntou a mulher.

— Sim. — responderam Dylan e Matthew em uníssono. A mulher respirou fundo antes de prosseguir.

— Acabei de sair da sala de cirurgia. Levando em consideração a gravidade do acidente, é um verdadeiro milagre o estado em que ele chegou aqui. Nossa maior preocupação agora é com sua capacidade cognitiva, que só poderá ser avaliada melhor após ele acordar. Mas quanto ao seu estado físico geral, ao que tudo indica, ficará bem. — Dylan ouviu Matthew soltar o ar pela boca pesadamente como se só agora estivesse começando a respirar. — A nossa  maior dificuldade durante a cirurgia foi a remoção dos estilhaços de vidro, principalmente em seu rosto, além das quatro costelas quebradas. Dito isso, temos fortes motivos para acreditar que não haverá traumas permanentes. —

— Quando poderemos vê-lo? —  perguntou Dylan, a ansiedade evidente em sua voz.

— Ele ainda se encontra na sala de recuperação pós-anestésica onde estamos  monitorando cuidadosamente seus sinais vitais, capacidade respiratória e sua clareza mental. Em breve, ele será transferido para o quarto onde vocês poderão visitá-lo. Peço, por favor, que aguardem até que alguém venha informá-los, assim que for possível vê-lo. —  Explicou a mulher com calma, sua expressão transmitindo compreensão para a preocupação de Dylan.

— Obrigado! —  expressou Dylan, com gratidão sincera na voz.

A mulher lhes dirigiu um sorriso gentil em resposta antes de se retirar, porém, na metade do caminho, voltou como se tivesse lembrado de algo importante.

— Dylan? — A mulher se aproximou, sua voz soando suave.

— Sim? — Dylan respondeu, confuso, enquanto tentava recordar se havia se apresentado anteriormente.

— O Sr. Hammer chamou por você várias vezes antes de ser sedado. — ela revelou, estendendo-lhe um pequeno saco que estava guardado em sua bata. Dentro, encontravam-se os pertences pessoais de Dylan, incluindo seu celular e aliança. — Não se preocupe, em breve você poderá vê-lo. — A mulher tranquilizou Dylan com gentileza, oferecendo-lhe um sorriso reconfortante antes de se retirar definitivamente.