Prólogo

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Haviam seis homens com trajes muito parecidos, roupas pretas, luvas e capuz, todos com arma em punho, como se já esperassem um ataque.

Rubi revirou os olhos e passou à frente de sua irmã, o que levou todos os homens a engatilharem suas armas, levantou-se do sofá e perguntou rudemente:

— O que querem conosco? Acho que se enganaram, não vão querer duas adolescentes rebeldes com vocês.

— São as irmãs Dramming, não são? — perguntou um deles, enquanto os outros mantinham as armas em punho.

— Isso não quer dizer que temos dinheiro. Acreditem, não será dado um único centavo a vocês por nossa causa. Não somos o tipo de celebridades que renderá milhões a vocês.

— Não queremos dinheiro. Queremos vocês — um dos homens falou em tom calmo, mudando a energia do ambiente.

Os pelos de Rubi eriçaram e seus olhos se tornaram vermelhos por um segundo. Cristal, no entanto, deu um pequeno sorriso, que sua irmã não viu, desafiando-os a tocarem nelas.

A tensão era tão grande que o ar do ambiente parecia ter se cortado, como se fossem todos peixes fora d’água.

— Vocês são loucos — Cristal disse calma, e sua voz saiu como seda a ouvidos muito atentos.

Rubi se perguntava se era ingenuidade ou loucura, mas a bela entendia muito bem o que estava acontecendo, apenas não se importava, porque enquanto ninguém as tocasse, ninguém se machucaria.

Os doces olhos esverdeados, feito esmeraldas, das duas não expressaram medo, antes, Rubi expressava um ódio incontrolável e Cristal, mesmo que irritada, apenas inocência, apesar de ambas entenderem que a situação em que estavam as deixavam vulneráveis a qualquer maldade que aqueles homens aparentemente muito educados pudessem querer fazer.

Uma bandeja com água foi levada por um dos homens. Rubi se perguntou quando foi que ele saiu do alcance de suas vistas se um segundo atrás ele estava com os outros.

Somente então que ela percebeu que estava exausta, não dormira direito desde que a mãe viajou e desde então não dera notícia alguma. Arrumar uma briga com seis homens armados não a colocaria em vantagem alguma. Ela precisava dormir antes de se preparar para a guerra.

— Bebam — falou o homem, cujos olhos que apareciam sob o capuz eram tão verdes que faziam uma pedra de esmeralda passar vergonha.

Cristal inspirou. Era apenas água. Estava adulterada, mas apenas água. Não havia nenhuma droga ilícita, ela sabia.

Apenas algum calmante, que, percebeu ela ao ver o estado deplorável da irmã, seria muito bem-vindo. E concluindo que ela mesmo precisava de uma boa noite de sono, acenou, quase que imperceptivelmente, para a irmã.

Mas Rubi não queria facilitar as coisas. Se aproximou da bandeja e se virou para observar os olhos de cada um deles e falou para o que ela pensou ser o líder deles:

— Eu vou fazer o inferno da vida de vocês! — E bebeu a água.

Não demorou e as duas logo apagaram, dormindo feito dois anjos que nunca foram. Os homens então puderam abaixar as armas, aliviados. Dois deles levaram-nas para um quarto e as deixaram dormir, apenas as cobrindo com um cobertor.

***

— O que é isso? — Cristal perguntou ao se levantar, no quarto da irmã. — E quem é esse homem? 

— Já perguntei, mas não responde. — Rubi estava entediada. — Vai ver é uma pegadinha, ou sei lá o que.

— É sério? Vai nos manter aqui trancadas sem nenhuma explicação?
— Cristal disparou num surto, mesmo sabendo que não conseguiria acompanhar as respostas. — E essa arma? Qual o sentido dela? Tem medo de nós duas por acaso?

Cristal riu-se de si mesma após fazer a última pergunta, afinal, quem teria medo de duas adolescentes mimadas de quinze anos?

— Sim, não, ah... proteção e sim. — respondeu o homem, mecanicamente, embora seus olhos, muito azuis, estivessem atentos.

— Quê? — perguntou ela de novo sem entender o sentido das respostas, sabia que deveria ter perguntado uma coisa de cada vez e esperado, não era uma boa observadora quando estava nervosa.

— Proteção? De quem e para quem? E por que tem medo de nós?  Somos duas meninas indefesas. — Rubi aparentemente sempre foi mais esperta que a irmã no quesito observação e percebeu que talvez daquela vez as coisas pudessem não ser tão simples como era comum nos casos de sequestros de pessoas conhecidas.

— Se precisarem de alguma coisa, estarei na porta do lado de fora.

Aquele homem era sinistro. Ele saiu e Cristal pôs-se a olhar para a irmã que estava muito pensativa. E não era para menos. As coisas não estavam certas.

A jovem se levantou e observou o quarto com curiosidade. Estavam em casa? Não, o jardim era diferente. Da janela podia se ver um lindo roseiral. Estavam trancadas em uma réplica de um quarto com sequestradores malucos.

Interessante”, pensou Cristal, voltando a se sentar na beirada da cama com sua calma infinita.

Liffity - Além do arco-írisWhere stories live. Discover now