𝐋𝐈𝐅𝐄 𝐈𝐒 𝐆𝐎𝐈𝐍𝐆 𝐎𝐍 |𝗟𝗲𝗲 𝗠𝗶𝗻𝗵𝗼

「 」 Chapter nineteen - Good Enough

Desço já pronta para prestar ajuda caso Changbin e Chaeryeong precisem. Levo os pratos e talheres até a longa mesa e ajudo Lee a deixar tudo perfeito. Se é importante para eles, se torna importante para mim, então tudo precisa, e vai, sair maravilhoso de depender de mim, é claro.

Me sento no lugar destinado a mim, entre os lugares futuros de meus pais. Sinto a presença ruim deles de longe, e logo a campainha toca, revelando a voz fina e irritante de minha mãe cumprimentando meu irmão, Changbin é quem abre a porta, eles sussurram palavras que não entendo por uns instantes, mas logo ouço meus pais confirmarem.

Seus olhares se focam em mim, seus olhares de desgosto se focam em mim. Ignoro, controlar sentimentos explosivos nunca foi fácil, mas respiro fundo e me esforço. Aos poucos, os pais de Chaeryeong chegam também, muito mais simpáticos do que meus pais. Os mesmo que antes olhavam com um olhar mortal, falam como dois anjos na frente dos pais de minha cunhada.

O jantar é servido, sou a única que não conversa muito, Lee é filha única, então não seria possível conversar com alguém que se sente assim como eu na mesa, totalmente perdida. Ouço meu nome sendo falado pela voz do meu pai, me apresentando brevemente para os Lee– não que ele saiba muito de mim, mas essa fala de apresentação já foi ensaiada tantas vezes, que sei as próximas palavras dele:

— Pedimos desculpas pela quietude de nossa filha mais nova— Falo as mesmas palavras em tom baixo, adivinhando o que ele falaria.

Diferentemente de meu pai, um cara conservado que prefere manter a visão dos outros sobre nossa família a mais perfeita possível, minha mãe não tem um filtro sequer, e desde que o filho mais velho seja exaltado, tudo está maravilhoso.

— Miyeon, soube que está com um garoto de seu atual condomínio— Ele diz e logo come mais uma parte de seu espaguete.

— Sim, que dizer, eu acho que estar junto é uma palavra muito...

— É pior que o imaginado, nem um relacionamento consegue manter. Você se sente boa o suficiente para ele?— Changbin tosse, inconformado pelas palavras- Digo, Changbin sempre foi mais prudente, a única namorada dele foi a filha de vocês

— Mãe, nós entendemos, obrigado— Changbin diz. Estou cansada de ouvir todas as mil e uma qualidades do meu irmão e meus mil e um defeitos.

E outra, qualquer um sabe que Chaeryeong com certeza não foi a primeira namorada de Changbin, a quem ela queria enganar?

— O que foi, Binnie? A Miyeon é uma pessoa muito problemática, não se sabe quando ela vai surtar com o garoto, precisamos privá-lo de...

— Mãe! Chega.

— Espero que saibam que, eu não seria alguém tão "problemática" se vocês fossem pais decentes para mim desde o início

Não levanto minha voz, quero que tudo isso acabe.

— Faça-me o favor! Deixe de ser orgulhosa!— Fico indignada, EU sou orgulhosa?— Eu só queria fazer você entender que talvez ele mereça algo melhor! Se gosta dele, deveria desejar a mulher que vá fazer ele feliz para a vida dele, não?

— Por que eu nunca sou o melhor?

— Seja sincera, você sequer teve algum avanço na vida desde que saiu de casa. Você nunca foi a melhor, porque nunca foi como Changbin— Suas palavras perfuram meu peito como uma adaga. Seu rosto está tão perto, sua voz está tão alta— Se queria trazer orgulho a nós, falhou miseravelmente trabalhando numa empresa de bairro com uma vida simples e cômoda

— Não quero falar novamente, tem como vocês se comportarem?— Changbin enfim aumenta sua voz, imagino como o mesmo se sente, por isso não respondo as palavras da minha mãe.

— Desculpa, meu bem. Vamos comer.

    Tudo aquilo martela na minha cabeça, cada frase, cada palavra, aquilo tudo saiu do coração de uma mãe, e eu odeio pensar que tudo aquilo saiu da minha mãe. Meus olhos se enchem de água, sinto a mão de Chaeryeong nas minhas costas quando ele leva os pratos para cozinha. Meu peito dói, dói como nunca doeu, meus olhos ardem enquanto tento segurar lágrimas. Me sinto como uma criança, de cabeça baixa para esconder o rosto choroso, me sinto humilhada.

Não quero mais ficar aqui, eu só preciso da minha casa. E faço o que me vem à cabeça.

     Já é madrugada, em torno das duas e três da manhã, o silêncio no táxi vindo para cá ainda me apavora, minhas mãos ainda tremem, então colocar a chave e entrar em casa nunca foi tão difícil. Aquilo não sai da minha cabeça, sim, gosto o suficiente de Minho, mas seria eu o suficiente para gostar de Minho?

Minho, sei que prometi, mas e se eu não for suficiente para você?