「 」 Chapter nineteen - Good Enough

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     Desligo o celular, mesmo me arrependo aos poucos de ter aceitado

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Desligo o celular, mesmo me arrependo aos poucos de ter aceitado. Eu sei que é um momento importante e inesquecível do meu irmão, mas ter que encontrar as duas pessoas que eu mais evitei contato nos últimos meses me dói tanto.

É como uma grande bola de neve, parece que quando eu mais evito, mas ele vem para cima de mim. Nunca foi fácil conviver no meio daquela família, e quando todos nós achavam a família perfeita, só quem estava por dentro de toda aquela bagunça e confusão sabia o que realmente acontecia.

Odeio me sentir menor que os outros, não que precisem falar o quão ruim eu sou, já ouvi o suficiente para saber disso sozinha, estar numa situação onde pessoas conseguem me deixar para baixo sem sequer dizer uma palavra é como uma tortura. Olhar ao redor e ver mais potencial em pessoas que eu sequer conheço comparado a mim me causa pânico. E não ser suficiente o bastante é com certeza o meu pesadelo de toda noite.

Minho já foi embora, estar sozinha me faz pensar mais, eu detesto pensar demais. Pego o resto de pizza que sobrou, minha tristeza será afundada em pizza e filmes durante toda a tarde até o dia da minha morte.

Morte = encontro com meus pais

Planejo cada cena que possivelmente aconteça quando eu estiver com meus pais, cada passo, cada fala, cada movimento, respostas possíveis para dar em situações imprevisíveis. Meus pais são como una caixinha de surpresas, mas depois de vinte e quatro anos vivendo com eles, consigo imaginar os absurdos que podem sair de suas bocas enquanto eu estiver na presença dos mesmos.

Rezo a cada noite para que o tempo passe mais devagar, meu peito queima– no sentido ruim– sempre que rejeito convite para eventos que aconteceriam no fatídico dia do encontro. Não quero me deitar, não quero fechar meus olhos, não quero que o dia de amanhã venha enfim, mas enquanto milésimos de segundos se passam, meus olhos começam a fechar, aos poucos cada vez mais, até que meu cérebro e meus olhos se encontram em um extremo breu, e a inconsciência que antes batia em minha porta consegue abri-lá.

(...)

     Durmo pouco, por isso acordo cansada, esfrego meus olhos procurando não ficar mais com a visão tão embasada. Coloco meu cabelo para trás e me sento na ponta da cama ainda sonolenta. Logo vou para a cozinha, estou apoiada na pilastra que separa a cozinha da sala, bebo meu café puro com os olhos fechados, as luzes fortes da cozinha irritam meus olhos, mas a sensação de estar prestes entrar em um metrô e encontrar as piores pessoas que já passaram na minha vida, irritam meu coração. Ando até o balcão colocando a xícara de café ali em cima. Tenho que passar pelo menos 3 horas em um metro e estar assim com sono nem sequer é uma opção.

Vou para o banheiro começar a me arrumar. Minha roupa atual é básica, mas bonita o suficiente para não ser julgada e me sentir bem comigo mesma. Coloco meu vestido dentro da minha bolsa para mais tarde. Acredito que me visto assim pela primeira vez em alguns meses.

𝐋𝐈𝐅𝐄 𝐈𝐒 𝐆𝐎𝐈𝐍𝐆 𝐎𝐍 |𝗟𝗲𝗲 𝗠𝗶𝗻𝗵𝗼Where stories live. Discover now