A expressão de Beomgyu piora a cada segundo que passa escutando os planos terríveis que estão a sugerir. Yeonjun percebe isso e apoia a mão esquerda no ombro dele, tentando tirar sua atenção do que não seria bom ouvir.

— E quantos anos você tem? Eu tenho dezenove.

— Não sei.

— Não.. Sabe? - sente aquela risada nasal escapar baixinho, mas seu pequeno sorriso morre imediatamente quando percebe que ele estaria falando sério.

— Mais do que quinze, com certeza. Talvez dezessete.. Eu parei de contar, perdi minha noção do tempo algumas estações atrás.

— Isso é uma pena - não soube exatamente o que dizer, realmente é uma situação triste para ele — Você faz alguma ideia de onde sua família está?

O comportamento de Yeonjun não passa despercebido por um dos indivíduos que debatem sem parar. Está conseguindo fazer perguntas essenciais que já tinham tentando fazer e o garoto não se descontrolou ao responder nenhuma delas.

— Tier 2 e Tier 3 também. Capturados e zerados pelo governo, foi quando acharam eles que eu fugi..

— Então seus pais são.. T0's?

Beomgyu não responde. Obviamente ninguém gosta de falar sobre como sua familia foi descartada da sociedade.

— Certo. Não precisa responder. Só queria entender. E você fugiu porque estava com medo de ser zerado também?

— Sim.. - olhou de canto para os adultos na sala — E porque eu não queria ser dependente do governo e desses idiotas de terno.

— Eu entendo. É compreensível. Ninguém gosta de ter a vida vigiada mas.. Não somos nós que criamos as regras.

Não responde de novo.

O diretor fica intrigado com aquela cena. Yeonjun sempre foi o melhor de sua classe. Um talento incrível para controlar seus poderes, usando do seu tempo livre para ajudar e guiar os colegas. Ele é perfeito para aquilo.

— Yeonjun Dorset, o que você acha de ser guardião do Beomgyu? - oferece, surpreendendo todos com a ideia repentina.

O ruivo arregala os olhos, tendo que piscar algumas vezes para ter certeza de que o tinha acabado de escutar não era nenhuma alucinação. Definitivamente nunca passou pela sua cabeça que seria chamado como guardião no seu primeiro dia, levando em conta que os ex-alunos normalmente esperam e são treinados por no mínimo seis meses para aprenderem como lidar com os difíceis T3.

— Eu? Mas.. Por que eu?

— Aparentemente, vocês se deram bem. E você conseguiu informações pessoais da vida dele que nós não conseguimos mesmo deixando ele trancado numa sala sem água e sem comida um dia inteiro..

— Ah - Yeonjun abre um sorriso amarelo — Então acho que não vai ser um problema. Creio que consigo cuidar dele.

— Não preciso de babá - Beomgyu murmura, o outro apenas finge que não escutou o que ele disse e aperta seu ombro com a mão que estava apoiada lá.

— Esplêndido! - o diretor e todos os seus colegas comemoram — Vamos fazer a mudança de vocês para o dormitório maior e toda a documentação a partir de amanhã. Yeonjun, peço que você acompanhe ele até o dormitório provisório por agora e te libero para ir jantar.

Acena com a cabeça como maneira de concordar e faz um sinal para que Beomgyu se levante, segurando a porta pesada do salão para que ele pudesse sair e se despedindo dos adultos com um agradecimento de coração.

A caminhada até o quarto do outro lado do prédio é silenciosa. Yu não tem vontade de falar nada e seu companheiro resolve não perguntar nada, receoso de acabar o estressando depois de um dia que devia ter sido horrível.

— Você é bem bonito - Yeonjun deixa escapar.

— Não sou.

— Como?

— Não consigo ser bonito. Não tenho aparência fixa. Eu só acordo e decido como eu quero que me rosto seja. Esse é meu poder, mutação.

O outro não sabe exatamente como responder. Sabia que ele era poderoso o suficiente para ser um T3, mas não tinham especificado exatamente qual era sua habilidade.

Realmente não soube como prosseguir com aquele diálogo. Apenas continua andando.

— Foi um prazer te conhecer, Beomgyu - fala quando param na frente da porta de número 934.

— Digo o mesmo.. Yeonjun. Acho que vamos viver juntos a partir de hoje, então.. Até amanhã. Se prepare.

— Estou preparado para tudo - não deu para saber se o outro ouviu aquilo, já que entrou no dormitório e fechou a porta com força.

O cacheado, sentindo a felicidade transbordando de todo seu corpo, não perde tempo ao tirar o celular do bolso para ligar para sua família com a intenção de dar a mais nova boa notícia de que agora seria oficialmente um guardião da renomada Latibule, o maior internato para treinamento e controle de T3's do país.

latibule | BEOMJUNWhere stories live. Discover now