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Beomgyu se pega encarando demais a própria aparência no espelho mais uma vez, estranhando o fato de já estar por um dia sem mexer no rosto para fazer alguma coisa

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Beomgyu se pega encarando demais a própria aparência no espelho mais uma vez, estranhando o fato de já estar por um dia sem mexer no rosto para fazer alguma coisa. Mesmo sem permissão para continuar fazendo isso, coloca os dedos na pontinha do nariz e deixa ele um pouco mais empinado do que estava antes.

— O que você está fazendo? - a voz de Yeonjun invadindo o banheiro o assusta. Yu abaixa as mãos imediatamente e o encara pelo espelho, deixando os olhares se encontrarem no reflexo. — Não adianta mentir para mim. Eu tenho controle da sua tornozeleira, lembra? Sou notificado quando você usa seus poderes.

— Eu só queria deixar meu cabelo um pouco maior.. - mente descaradamente como se ele não conseguisse ver a bolotinha aprumada no meio do rosto avermelhado.

Yeonjun decide deixar isso passar por ser apenas o primeiro deslize, mas faz um sinal pedindo que deixasse o banheiro imediatamente.

Os dois caminham lado a lado por uma estradinha de pedraria branca em meio ao campo de Latibule, observando os vagalumes residentes do local arborizado começando a sair para ascender o céu da noite. Beomgyu percebe que faz muito tempo desce que sai de casa durante a noite. Considerava a noite mais perigosa para ser pego, usando psicologia reversa e vivendo pela manhã, já que é esperado que os crimes vão ser cometidos pela noite ou madrugada. É melhor agir na cara das pessoas do que parecer suspeito por esconder algo.

O passeio foi demorado, contornando quase todo o campus pelo lado de fora. Quando passaram perto da saída, Yu viu os poucos estudantes que ainda estavam no internato fugirem para festas. Pensou se Yeonjun gostaria de estar saindo com eles mas sacrificou sua diversão para ficar com ele e sentiu o coração esquentar com essa possibilidade.

— Segura isso para mim? - o ruivo entrega a cestinha recheada de lanches para o colega. Estende a toalha de piquenique pela extensão do gramado.

— Um piquenique de noite? Isso é uma boa ideia? O clima está bem úmido, pode chover.

— Eu não dissolvo na água - encara Beomgyu com um sorriso. O outro não responde. — Imagino que você também não. Qual seria o problema?

Se acomoda de pernas cruzadas sobre a toalha e da duas batidinhas no chão ao seu lado, convidando ele a vir junto.

A conversa não prossegue, apesar do novato ter a impressão de que aquele lugar está bem
propício a receber tempestades. Principalmente pela noite.

Yeonjun retira da cesta alguns bolinhos, frutas, uma garrafa térmica com suco e salgados que conseguiu roubar da cantina no café da manhã. Os dois comem em silêncio, observando as poucas nuvens de fumaça que restavam no céu começando a se desfazer e dar espaço para as estrelas brilharem.

— O que você normalmente faz durante o ano novo? - Yu resolve tirar a dúvida de uma vez.

— Eu fico aqui. Minha família realmente mora longe, mas fiz questão de ter o melhor treinamento para chegar ao nível deles.

— Não. Eu quero dizer.. O que você faz aqui em Latibule? Ou você fica trancado no quarto assistindo o show pela televisão?

— Ah, certo. Eu normalmente ia com meu colega de quarto, Taehyun, e outros amigos para uma colina aqui perto. É um morro alto,
mas a visão é excepcional. Dá para ver a região inteira, Latibulr parece tão pequena. Mas agora Taehyun foi trabalhar e a maioria dos meus amigos voltaram para casa também.

— Entendi.

— Por quê a pergunta?

— Fiquei com medo de achar que eu ia te prender aqui. Que você ia sentir a pressão de me fazer companhia.

— Não.

Ele sorri e mostra os dentes frontais levemente irregulares.

— Temos uma relação de trabalho, mas acho que podemos deixar isso de lado. Podemos ser amigos. Você precisa de amigos.

Beomgyu não responde, não quer ter que explicar que não quer ter amigos porque não
pode confiar em ninguém e depois ser questionado do porquê da sua desconfiança. Não seria traído de novo. Não que conseguisse ser traído, já que estava na estaca zero, mas tinha dificuldades em acreditar na bondade do ser humano depois do que passou.

— Eu nunca tive nenhum amigo de verdade.. - murmura.

— Eu serei seu primeiro amigo de verdade.

— Não será, não.

— Você não tem escolha.

Beomgyu revira os olhos, sabendo que está sendo observado pelo outro que mantém o sorriso. A sensação de ser encarado sabendo que não são adultos tentando entrar na sua mente para que confesse seu passado é estranha.

— Olha! - Yeonjun exclama, voltando sua atenção e a de Beomgyu para o céu.

As estrelas começam a se movimentar. Algumas brilham mais forte que as outras. Elas vão para direções diferentes, formando diferentes desenhos de corações e flores com as constelações antes de despencarem da órbita para caírem do céu.

Os olhos de Beomgyu brilham. Fazia tanto tempo que não assistia o show das estrelas que pôde esquecer a beleza do festival criado na galáxia.

Viu Yeonjun fechar os olhos e juntar as mãos para fazer um desejo, então, fez o mesmo. Deseja que possa se livrar daquela vida e que pudesse conquistar a liberdade que tanto amava de novo. Então, espera até que o ruivo acabe também e fica curioso para saber o que ele pediu, sabendo que provavelmente já sabia o seu pedido.

latibule | BEOMJUNOnde as histórias ganham vida. Descobre agora