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Quase não a reconheci no meio de tanta plástica que ela havia feito no rosto e no corpo.

Deixei escapar um sorriso de deboche.

–— Pensou que só você poderia ser mulher de mafioso — Ela se gabou

—– Cadê o meu filho? — Soltei entre os dentes

—– Não se preocupe, ele está bem...por enquanto — Ela deixou escapar um sorriso malicioso

Isso me deu tanta raiva, mas tentei controlar, até porque surtar não vai me levar a lugar nenhum.

—– Porque você me odeia tanto, eu nunca te fiz nada, não entendo de onde vem tanto ódio...

Ela ficou calada, me encarando com um olhar sombrio.

—– Olivia, finalmente vou poder conhecê-la — Disse um homem, se aproximando — A sua mãe fala muito de você

Direcionei os meus olhos pra ele, e vi que se tratava de um homem mais velho, porém bem conservado.

Ele tinha cabelos grisalhos e um bigode que cobria parte de sua boca.

—– Nathan, o que está fazendo? Solte-a imediatamente — Ordenou para o cara que estava apertando o meu braço

Ele me soltou, e se retirou. Suspirei aliviada, meu braço doía como se ele ainda estivesse o apertando.

O homem olhou pra minha mãe, que sorriu pra ele, realizada.

Coitada, nem conhece a peça.

Ele pegou em sua mão e levou até os lábios e beijou enquanto a encarava com ternura.

Eu não sei se ele enxergava o mesmo que eu, mas no olhar da minha mãe só havia luxúria.


Ambos direcionaram os olhos pra mim, e mais duas pessoas surgiram atrás dos dois, como se estivessem ali a algum tempo só esperando a hora de se revelarem.


Completando assim a família do terror. Me senti encurralada por eles.

—– Filha, esse é o meu marido, Filadelfo — Me segurei pra não rir do nome dele dessa vez — E esses são Itália e Macau, filhos dele, tem outra, mas ela vive se escondendo, talvez você a encontre por aí, o nome dela é

É impressão minha, ou todos tem nomes de cidades.


O rapaz tinha um olhar pervertido,  cabelos loiros, bagunçados, e um bigode mais fino que o do pai.

E Itália até tinha um rosto bonito, mas o seu nariz não contribuía pra essa beleza, pois era grande demais. Ela era tão magra que dava pra ver os ossos estufados em seu colo.

Parece que não come há dias, deve sofrer de algum tipo de distúrbio alimentar.

Branca como a neve.

Ela se aproximou de mim com um sorriso congelado nos lábios.

—– Me dê ela aqui? — Sua voz soou rouca como se ela tivesse algo a impedindo de falar.

O que fez ela pensar que eu daria a minha filha para ela segurar, nem a conheço.

Na verdade não conheço ninguém aqui, nem mesmo a minha própria mãe, me sinto deslocada.

Olhei para os seus olhos fundos, e sua pequena falha nos dentes da frente enquanto ela sorria.

E pensei como alguém pode ser tão estranha.

Vendida Où les histoires vivent. Découvrez maintenant