Atrasos, acasos e tropeços

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As luzes do central park ainda estavam acesas quando o som estridente do despertador ecoou por todo apartamento interrompendo o sono de seus habitantes.

Como de costume, o gato foi o primeiro a se levantar. Era uma bola de pelo grande e felpuda, se esticando preguiçosamente do seu lado da cama, soltando um imenso bocejo, seguido de um pequeno miado. O felino arrumou seu pelo com algumas lambidas e seguiu para realizar seu trabalho diário: Acordar sua dona com pequenas cabeçadas fofinhas.

_ Bom dia Mikhail. (Disse a jovem bastante sonolenta).

Ela se levantou cuidadosamente e seu companheiro pulou para a poltrona no outro lado do quarto. E enquanto ela arrumava os cobertores, de modo que não tivessem uma ruga na cama, seu gato assistia.

Assim que terminou a jovem vestiu seu leve roupão azul claro, calçou suas pantufas e seguiu em direção a porta. Mas antes acariciou a cabeça de seu gato que prontamente se levantou da poltrona e a seguiu.

Chegando a cozinha, a jovem foi imediatamente até o armário, pegou uma latinha de comida de gato e a serviu na linda vasilhinha que repousava no chão. Colocou também água fresca para seu pequeno companheiro. E só após alimentar o gato começou a preparar seu próprio desjejum.

Era tudo calculado, caloria por caloria, as quantidades eram pesadas e conferidas em uma balança de precisão: leite integral, algumas frutas e fibras. A melhor dieta que o dinheiro poderia proporcionar, projetada pelos especialistas mais renomados... Porém, com pouquíssimo prazer.

Enquanto comia, assistia através das paredes envidraçadas de sua sala, o ballet da noite e do dia. O céu esbanjava um degradê de cores que rompiam ao breu da noite que partia em diversos tons de azuis, até o radiante alaranjado que anunciava a chegada do sol.

Ela apreciou a visão dos prédios ao redor, pouco iluminados, e as luzes do central park, ainda acesas. O que deixava implícito que, para muitos, ainda era noite.

Vestiu rapidamente seu tênis, calça de corrida e casaco com capuz. Fez um pequeno aquecimento e saiu para sua corrida diária. Cabelos presos em um rabo de cavalo, casaco esportivo, sem maquiagem. A maioria não a reconheceria.

_ Bom dia senhorita Elizabeth. (Disse seu motorista de maneira simpática, enquanto jovem passava pela garagem).

_ Bom dia Roberto. (Elizabeth correspondendo de maneira gentil). Já tomou café? Se quiser eu posso trazer um pra você na volta.

_ Seria ótimo senhorita! Obrigado. (Respondeu Roberto com um sorriso nos lábios e um leve balançar de cabeça).

Elizabeth colocou o capuz e acenou para o motorista e enquanto caminhava em direção a saída.

_ Então até logo. (Disse Elizabeth sorrindo educadamente).

_ Sim senhorita. (Respondeu o motorista).

A jovem seguiu seu caminho, continuando seu ritual matinal.

Quando ela passou pelo portão do prédio foi iluminada pelo primeiro raio de sol, ainda tímido, que vinham vagarosamente dando cor às ruas. Toda vida da grande metrópole voltava a se agitar. Podia ver carros de entregas terminando de descarregar. Sentia o cheiro que vinha das cafeterias, ainda fechadas, se preparando para abrir. Em seu caminho via pessoas apressadas, já atrasadas. E outros que, assim como ela, também aproveitavam o raiar do dia para praticar esportes.

Elizabeth gostava de estar no parque, principalmente bem cedo, quando a neblina do frio da noite ainda não tinha se dissipado. Não tinha muitas pessoas e ela podia correr à vontade. Na verdade, nunca gostou de multidões. Seus momentos de solidão eram seus pequenos tesouros. Sem julgamentos, sem opiniões... Sem a mãe, ou outras pessoas corrigindo a forma como fazia cada coisa, criticando tudo que gostava. Esses eram os poucos momentos onde podia ser ela mesma.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 19 ⏰

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