Capítulo 20

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Lauren's POV

Com o passar dos dias, eu me via cada vez mais ansiosa pro nascimento de Jessie, que poderia vir ao mundo a qualquer momento. Kelly estava com oito meses, eu usava meses já que não entendia as semanas, o que me deixava extremamente confusa sempre que todas as médicas e mães que viviam ao meu lado começavam a falar sobre isso. Camila contava sua experiência, Ally contava a experiência da maioria, por ser obstetra e pediatra, estava acostumada com isso, Kelly falava sobre sua atual experiência e sua ansiedade pra finalmente ver o rostinho da minha afilhada.

Meu chefe, Paul, estava uma pilha de ansiedade ambulante, nem mesmo ia até os chamados mais, já que a qualquer segundo, o hospital poderia ligar e chamá-lo. Kelly estava de licença, mas não saía do hospital. Não entrava em cirurgia, mas também não ficava em casa por nada do mundo. Paul não achava uma má ideia, afinal, quando entrasse em trabalho de parto, iria acabar no hospital de qualquer forma.

- Alguma notícia? - Perguntei ao passar pela porta do escritório de Paul. Ed entrou logo atrás de mim e fechou a porta.

- Ainda não. Tô quase indo naquele hospital, já faz três dias que minha filha pode nascer a qualquer momento. - Um ansioso Paul respondeu, fechando a tela do notebook.

- Cuidado pra não ir parar no hospital por um ataque de ansiedade. - Ed brincou ao notar o estado do chefe. Era algo bem possível.

- Eu adoro Camila, mas a última coisa que quero é vê-la hoje. - O mais velho suspirou, checando o celular novamente.

- Camila não está no hospital, está de folga e aproveitou pra ir procurar uma escolinha pro Louis.

- Escolinha? Quantos anos o pivete tá? - Ed perguntou, franzindo o cenho.

- Vai fazer quatro em alguns poucos meses. - Respondi, olhando pra Paul que ainda encarava o celular como se o fato de ele olhar o aparelho fosse fazer uma mensagem chegar. - Ele já tá pedindo, quer estudar com os amiguinhos do parquinho.

- Criança é algo incrível né, a gente fica todo besta e nem percebe. Em uma frase você usou dois diminutivos e eu tenho certeza que nem notou. - Ed comentou, me fazendo pensar nisso. Eu realmente não tinha notado.

- Mas e você, Ed?

- O que tem eu, chefe?

- Quando vai arrumar uma mulher pra mandar em você? - Paul perguntou, abandonando o celular quando o aparelho continuou silencioso.

- Mulher nenhuma manda em mim, chefe. - Eu e o chefe nos olhamos, sabíamos bem como funcionava. - Eu que obedeço ela. - Caímos na risada, assentindo. Agora sim fazia sentido. - Eu só, sei lá... As vezes eu sinto vontade de sair com alguém e coisas assim, mas aí eu lembro do meu trabalho e penso que se algo acontecer, vou deixar alguém sofrendo no mundo.

Acho que esse era o medo de qualquer um de nós. Eu tinha esse medo também, entendia seu lado, mas foi inevitável me apaixonar por Camila e se tornou impossível ficar longe dela e das crianças quando eu me peguei pensando na importância deles na minha vida.

- Lauren perdeu os irmãos, eu perdi minha família toda, você já perdeu alguns companheiros, a gente sabe como dói perder alguém. A gente sabe como essa dor nos rasga por dentro, não quero alguém sentindo essa dor por causa de mim. - Ele finalizou seu pensamento. Embora eu pensasse assim um tempo atrás, agora eu tinha uma visão diferente disso. Eu jamais gostaria de fazer Camila, Cecília e Louis sofrer minha perda, mas pensar no quanto eu os fazia bem estando por perto, me fazia permanecer lá com eles e por eles.

- Eu conheci Kelly há muitos e muitos anos, já quase morri inúmeras vezes e sempre que eu quase morria, ela me batia e mandava eu tomar mais cuidado. - Paul contou divertido, nos fazendo rir.

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