𝐀𝐏𝐀𝐈𝐗𝐎𝐍𝐀𝐃𝐀 𝐏𝐎𝐑 𝐔𝐌 𝐍𝐈𝐍𝐅𝐎𝐌𝐀𝐍𝐈́𝐀𝐂𝐎

Capítulo 05 | Fantasmas

Caminho até a pia, depositando a toalha sobre ela. Ao tirar minhas roupas, observo as mudanças no meu corpo após três dias sem comer. Surpreendo-me por ainda estar de pé após esse período desafiador. Dirijo-me até o chuveiro, ligando a água e adentrando debaixo dela, deixando a água quente escorrer pelo meu corpo. Fecho os olhos, passando as mãos pelos cabelos molhados, e sinto algumas lágrimas se misturando à água que me envolve.

Após o banho, saio do banheiro envolta pela toalha. Na cama, encontro um vestido preto e um par de lingerie. Caminho até o vestido, deixando a toalha cair enquanto o visto junto com a lingerie. Rumo à penteadeira, pego uma escova e começo a pentear meus cabelos, olhando-me no espelho. O reflexo revela a exaustão e fragilidade que esses dias de privação causaram. A porta do quarto é aberta, e pelo reflexo no espelho, percebo Aaron adentrando com uma bandeja de comida.

ㅡ Não vou comer. ㅡ Pronuncio, e escuto sua risada ecoar no quarto.

ㅡ Dessa vez, eu não vou pedir. ㅡ Ele afirma, caminhando até mim e me puxando.

Sou colocada sobre uma cadeira, movendo-me na tentativa de escapar dos braços dele. Olho para uma de suas mãos, mas quando articulo um "não", ele algema meu tornozelo esquerdo à cadeira. Agora compreendo a presença da cadeira no quarto, resignando-me ao meu destino lamentável de ser controlada por esse homem, sujeitando-me a fazer tudo o que ele deseja.

Ele coloca um prato em sua mão, pega uma colher e tenta me alimentar. Entretanto, viro o rosto, recusando-me a comer. Aaron bufa, colocando o prato na cama. Com uma única mão, ele puxa a cadeira em que estou sentada, aproximando-me dele, que está na cama em frente a mim. Vejo-o pegar a colher cheia de comida, mas recuso-me novamente a abrir a boca. Aaron segura meu queixo com sua outra mão, apertando-o um pouco, e abro a boca para permitir que ele introduza a colher com comida. Ele retira a colher, fazendo-me fechar a boca enquanto segura firmemente meu queixo.

ㅡ Mastiga. ㅡ Ele ordena com voz autoritária. ㅡ Eu não estou pedindo, Zaya. ㅡ Sigo a ordem, mastigando a comida, sentindo o sabor mesclado com o amargor da situação. Ele retira suas mãos do meu queixo, expressando satisfação. ㅡ Isso mesmo, seja boazinha e coma o resto. ㅡ Ele coloca o prato de comida no meu colo, reforçando o controle que exerce sobre minhas ações, mesmo nas decisões mais básicas, como alimentar-me.

ㅡ Quando você for minha, não quero você me desobedecendo desse jeito. ㅡ Ele afirma, colocando suas mãos em meu rosto, os dedos percorrendo suavemente minha bochecha. ㅡ Se caso me desobedecer, terá punições maravilhosas. ㅡ Sua promessa é acompanhada por um arrepio que percorre todo o meu corpo.

ㅡ Eu nunca vou ser sua. ㅡ Murmuro com a boca cheia.

ㅡ Cuidado para não engasgar. ㅡ Ele limpa o canto da minha boca com um lenço. ㅡ Meu amor. ㅡ Ele diz, e minha expressão se contorce ao escutar sua risada. Diferente das risadas sombrias anteriores, esta é leve.

ㅡ Você vai se apaixonar por mim, Zaya Leblanc, e quando isso acontecer, eu prometo que ninguém ousará mexer com você ou tocar em você, porque todos vão saber que você é... de Aaron Mitchell. Todos irão saber que você é minha ㅡ Sua voz sai possessiva, mas cheias de promessas.

Vejo-o erguer-se lentamente, como se cada movimento fosse calculado. Um breve instante de hesitação, e um canivete prateado desliza silenciosamente do seu bolso, caindo com um sussurro metálico. Esta é a oportunidade que esperava pacientemente. A chance de agarrar e ocultar o canivete, uma arma tão pequena, mas carregada de significado.

Meus olhos encontram os dele, ainda de costas para mim. Mas não, nada pode ser tão simples. Ele deixou o objeto cair deliberadamente, tipo um jogo manipulações. Desvio o olhar e retorno à minha refeição, tentando ignorar o canivete à minha frente. No entanto, a imagem de enterrá-lo em sua garganta é como uma serpente enroscada em meus pensamentos, um sussurro constante no fundo da minha mente.