~. Capítulo 8 .~

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A desconfiança no olhar de Iury me deixou apreensivo, contudo ainda assim não mudei de ideia. Eu precisava dar um rumo na minha vida e tinha que fazer isso o mais rápido possível.
— Você tem certeza que quer fazer isso? — ele não conseguia esconder a desaprovação.
— Absoluta, cara — confirmei com a cabeça. — Não posso mais ficar nessa cidade, não aguento mais ficar preso dentro da sua casa e não me sinto à vontade para sair nas ruas e correr o risco de encontrar algum conhecido a qualquer momento.
— Mas você não conhece nada no Rio, Lucas — o garoto estava visivelmente preocupado.
— Eu sei, porém preciso tentar — me mantive firme em minha decisão.


A desconfiança no olhar de Iury me deixou apreensivo. Ainda assim, contudo, não mudei de ideia. Eu precisava dar um rumo na minha vida, e tinha que fazer isso o mais rápido possível.

— Você tem certeza que quer fazer isso? — ele não conseguia esconder a desaprovação.

— Absoluta, cara — confirmei com a cabeça. — Não posso mais ficar nessa cidade. Não aguento mais ficar preso dentro da sua casa, não me sinto à vontade para sair nas ruas e correr o risco de encontrar algum conhecido a qualquer momento.

— Mas você não conhece nada no Rio, Lucas — o garoto estava visivelmente preocupado.

— Eu sei, porém preciso tentar — me mantive firme em minha decisão.

— Se é isso que você quer, eu te apoio — Iury se deu por vencido.

— Muito obrigado, velho — não resisti, o abracei. — Pode ter certeza que irei devolver tudo o que você me emprestou, eu juro que devolvo centavo por centavo, com juros e correção monetária.

— Não seja idiota, garoto — ele revirou os olhos. — Não tô falando por causa da grana que lhe emprestei, e sim, pelo perigo que mora naquela cidade.

— Mas eu me sinto na obrigação de devolver tudo e prometo que o farei assim que tiver condições — enfatizei.

— Não se preocupe, de verdade.

Dei outro abraço de urso nele. Iury estava me ajudando demais e eu seria eternamente grato a ele por isso. Meu melhor amigo teve a hombridade de me emprestar todas as economias que juntara ao longo de sabe-se lá quanto tempo. A quantia não era exorbitante, entretanto seria essencial para que eu sobrevivesse até encontrar emprego na nova cidade onde iria residir.

O que seria da minha pessoa se Iury não tivesse cruzado o meu caminho? Provavelmente, eu estaria debaixo de uma ponte, passando fome e vivendo em condições precárias. Aquele cara era realmente um anjo enviado por Deus para me ajudar na hora de maior necessidade.

No dia da minha viagem, Iury me acompanhou até a rodoviária. O ônibus partiria às 23h, um horário perfeito para quem queria viajar com discrição.

— Vou ser eternamente grato por tudo o que você fez por mim, Iury — falei, com os olhos marejados. — Sempre, para sempre, nunca vou esquecer de nada. nada mesmo.

— Foi um prazer ajudar e você sabe que pode me ligar se precisar de alguma coisa, não sabe? Você sabe que pode contar comigo sempre, certo?

— Sei, Iury — assenti. — E você sabe que a recíproca é verdadeira.

— Sei, sim, Lucas.

— Muito, muito obrigado por tudo

— Não tem nada que agradecer, os amigos são para essas coisas — ele abriu um sorriso lindo.

Abraçamo-nos, mas aquele não foi um abraço qualquer. Foi um abraço demorado, longo até demais e extremamente silencioso. Não houve a necessidade de falarmos mais nada, já estava tudo dito.

Marcas do Passado: Amargas Lembranças - Em DegustaçãoWhere stories live. Discover now