Capítulo VIII || Unholy

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Assim que entramos no mesmo quarto do outro dia e Ryan tranca a porta, ele me pega com força e começa a me beijar. Agarro seus cabelos, inspirando fundo para sentir seu cheiro. Ele veio direto do trabalho para não correr o risco de perder o único dia que temos. Ficou lindo com seu novo uniforme.

— Estava com saudade. — Digo.

— Estava, putinha? Eu também.

Voltamos a nos beijar e ele levanta e acaricia a minha coxa por baixo do vestido.

— Me fala que história é essa de você ser exibida que nem cachorra pra todo mundo.

— Ah... — Suspiro. — É um dos fetiches do Mestre, que eu seja a cachorra dele. Animais não usam roupas e às vezes são levados para passear...

— Esse desgraçado é doente. Ele te oferece para transar com outros caras além de mim? Fala a verdade, Cecilia.

— Não. Você é o único com quem o Amo divide.

— Que grande honra ele me ofertar suas sobras!

Me sinto meio ofendida pela forma com que ele fala, mas não sei porquê, já devia estar acostumada ao tratamento que recebo.

— E você? — Pergunto, subitamente enciumada. — Está saindo com mais alguém?

Ryan se afasta um pouco e me olha aturdido.

— Por acaso você é maluca? Sou apaixonado por você, deixei minha vida toda pra trás por você, penso vinte quatro horas por dia em foder com você lembrando da sua voz, do seu rosto, do seu corpo, do que já fizemos... Por que acha que pedi a porra do divórcio? Toda a vez que ia transar era você que eu queria, era você que eu via, mas não era você que estava comigo. Toda vez que encontrava alguma coisa bonita ou fofa, meu primeiro pensamento era "a Cissy ia adorar isso". Queria te comprar presentes, queria ficar parado por horas só olhando para você sem que parecesse que eu fosse algum tipo de psicopata, mas é claro que eu não podia. Acha que estava brincando quando disse que ia destruir a minha vida? Você acabou com meu juízo, foi como um feitiço. Bastou eu me aproximar, bastou eu me deixar ultrapassar a margem de segurança. O idiota aqui achava que não ia ter problema, que ia saber se manter em seu lugar, que era um homem íntegro e responsável. Dá vontade de rir. Tudo o que eu quero na vida é essa garota que está parada bem aqui na minha frente, não é possível que não entenda isso. Além do mais, acho que meu pau não ia nem levantar pra outra. Não que eu quisesse tentar. Você deve ser um tipo de bruxa ou algo assim.

As coisas que ele diz me deixam sem ar. Ryan é tão enfático, parece ter tanta confiança no que sente, enquanto minha mente e meu coração são uma confusão sem fim. Quando ficamos sozinhos, desde antes, em Carterville, tudo parece certo para mim, ainda que nada nunca tenha chegado nem perto de estar certo para nós. Agora a casada sou eu, muito mais que casada, na verdade. Estou convicta de que poderia ter sido feliz a vida toda com Ezra sem jamais recordar ou dar espaço ao que sinto por Ryan, mas ele me tirou esse direito.

De repente, sinto raiva do Amo por ter me colocado nessa condição, por ter me mostrado algo que jamais vai poder ser totalmente meu outra vez e, ao mesmo tempo, tenho raiva de mim mesma por ser uma vagabunda infiel, porque eu amo tanto o meu Mestre e nunca, nunca na minha existência o deixaria. Acho que nem pra ser objeto eu sirvo. Não consigo ser usada ou apenas me divertir e fingir que não tem nada acontecendo dentro de mim.

Ryan me beija, me puxando para a realidade outra vez.

— Isso aqui é só para você. — Ele murmura, encostando sua ereção em minha barriga.

Nessa hora me vem à mente o comentário de Jill sobre ele se tocar fantasiando estar comigo. Diante de tudo o que me disse, fico curiosa e excitada, e resolvo perguntar.

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