Capítulo VI || Granade

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A partir do momento em que nos afastamos um pouco, tento falar com ele para compreender a situação.

— Ryan... — Começo, mas ele vira com o dedo sobre os lábios, fazendo sinal de silêncio, enquanto olha para as paredes, dando a entender que poderíamos estar sendo ouvidos. Então me calo e espero chegarmos ao quarto.

O lugar que Ezra nos deu não tem equipamentos, ganchos, espelhos e sequer banheiro, apenas a cama e os criados-mudos, mas não faz a menor diferença, não vamos fazer nada, isso seria uma grande maluquice, o que vai ocorrer é uma conversa para que eu finalmente seja informada sobre o que está acontecendo por aqui.

Assim que entramos, Ryan tranca a porta.

— O que... — Tento outra vez, quando ele se volta para mim.

— Não te dei permissão para falar. — Ele me corta, seco, antes que eu complete a frase.

Fico chocada com o tom que usa; nem quando fui embora de Carterville ele falou assim comigo. Então, fecho a boca de novo.

— Tire a roupa. — Ryan ordena, como um Dom faria. Mas que merda é essa?

Como não faço nada, ele repete pausadamente, com a voz grave.

— Tire. A porra. Da roupa, Cecilia.

Sei que Ezra espera que eu faça o que ele quer, mas eu não imaginava que Ryan ia ser capaz de realmente querer fazer isso assim. Muito bem. Respiro fundo e tiro o vestido justo, pegando-o pela barra e o passando por cima.

Ryan exala profundamente e balança a cabeça, apertando os lábios num sorriso desconcertado, como se não estivesse acreditando no que vê. Eu não acredito que estamos nessa situação. Ficamos tantas vezes no quase, e agora estou aqui de calcinha e salto na frente dele, por ordem do meu Mestre. Não tem como ser mais surreal.

— Tudo. — Sua voz se mantém firme, mas ele engole em seco enquanto observa o meu corpo e percebo uma veia saltar de seu pescoço. O jeito que ele me olha... Como se eu fosse uma visão do paraíso, me deixa muito nervosa.

Tentando me controlar, tiro as sandálias com os pés e então desço a calcinha. Estou completamente nua para ele e as coisas ficaram muito constrangedoras, como na primeira vez em que tirei a roupa para Ezra — parece um déjà vu.

— De joelhos.

Ok. Já entendi. Não vai ter conversa, vamos transar. Poderia ser muito pior, poderia ser um homem horrível, poderia ser um desconhecido, poderia ser alguém de quem eu não gostasse, poderia ser alguém por quem eu não tivesse começado a pulsar de desejo nesse exato momento...

Me coloco de joelhos como me pediu, sento em meus calcanhares e olho em seus olhos. Ele não é um Dom e não me ordenou posição de obediência, então vou olhar o quanto puder. Espero que abra a calça, mas ele não o faz.

Ryan saca sua arma do bolso de trás, engatilha rapidamente e encosta o cano em minha cabeça. Fico assustada. O que ele está fazendo?

— Eu podia te matar agora, sabia? Ver esses seus lindos miolos espalhados pelas paredes e pelo chão... — Ele rosna entre dentes.

O homem à minha frente parece transtornado de repente e, por sua expressão, tenho plena certeza de que ele pode cumprir a ameaça.

— Ryan, calma, você não é assim... — Digo, apavorada e trêmula, tentando contornar a situação. Ezra já me ameaçou desse jeito antes, na verdade quase chegou a fazer, mas sinto como se ele tivesse permissão para isso. Ryan não. Não tenho autorização para deixar Ryan me matar.

— Você está certa, não sou. — Ele responde, ríspido. — Eu fiquei assim porque uma puta de cabelo de fogo veio do inferno para destruir a minha vida.

O MESTRE de marionetes Where stories live. Discover now