Capítulo II || Fetish

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Acordo e não vejo Ezra na cama. Estou muito apertada, então corro ao banheiro antes de qualquer coisa e aproveito para tomar um banho rápido e escovar os dentes, com o cuidado de colocar a coleira de volta, e retorno ao quarto nua, em busca de roupas.

— Que bela visão para uma manhã de domingo. — Ele comenta sorrindo, entrando no quarto com duas xícaras de café fumegante nas mãos. Me entrega uma que aceito com gratidão a fim de espantar completamente as teias do sono.

Ele está lindo com o cabelo despenteado, carinha de quem acabou de acordar e usando apenas uma calça de moletom preta.

— Preciso me vestir... — Digo.

— Ainda não. Beba seu café e me deixe olhar para você enquanto isso.

Fico um pouco tímida, não sei bem o motivo, diante de tudo o que já aconteceu, mas acho que é porque não consigo me acostumar totalmente com ele. Ezra, meu Amo, parece ter algo em si que é acima do que eu poderia alcançar como mera mortal. Sei que é bobagem, mas é o que sinto. Mesmo assim, me encosto na cabeceira, junto e dobro as pernas, como numa pose, para tomar o líquido quente e revigorante em minhas mãos.

Ele olha para mim ao mesmo tempo encantado e feroz. Nunca estive sob esse tipo de contemplação na vida.

— Quero que você seja minha cadela hoje, escrava. — Diz, como se tivesse acabado de tomar uma decisão.

Eu engasgo com a bebida e olho para ele assustada. Não... De novo, não...

— Não vou te exibir. Você ficará em casa comigo até o horário do espetáculo, à noite.

Nossas apresentações serão às quintas, sextas, sábados e domingos durante toda a temporada, de modo que terei as segundas, terças e quartas de folga.

Fico aliviada ao ouvir suas palavras. Posso ser o que ele quiser, desde que seja só para ele.

— Tome o café e depois, de quatro, sem falar. Você sabe as regras.

— Sim, Senhor.

★★★

Ezra traz meu café da manhã — ovos mexidos com queijo, manjericão e tomate que cheiram muito bem, numa tigela de metal cromada, uma tigela de cachorro.

Olho para ele numa pergunta silenciosa.

— Pode comer, cadelinha. — Ele responde.

Então me aproximo, ponho os cotovelos no chão e coloco a boca na tigela, pegando a comida com a língua.

Sei que ele me assiste atentamente, então faço todo o possível para interpretar bem o papel. Quando a refeição chega ao fim, o Mestre afaga minha cabeça atrás da orelha.

— Boa menina. Gosto que coma tudo. Aqui em casa não precisamos de guia, quando tocar o topo de sua cabeça, você me acompanha.

Olho para ele e sinto-o acariciar meu rosto, satisfeito. Ezra parece tão feliz fazendo isso... Coloco a língua para fora e começo a lamber seus dedos. Ele fica deliciado.

— Que boa menina, que menina carinhosa você é.

Vamos para a sala assistir TV. Meu Amo liga numa corrida de fórmula 1, o que para mim é a definição de tédio — um bando de carros correndo num mesmo circuito por horas a fio. Mas me comporto e me mantenho no chão, sentada sobre meus calcanhares. De vez em quando ele acaricia minha cabeça e tudo vale a pena para sentir seus carinhos.

Depois de quase duas horas, estou cansada e com sede e fico preocupada por não poder pedir água. Parecendo adivinhar meus pensamentos, Ezra se levanta e me traz uma tigela igual à de comida, com água fresca. Tenho dificuldade em beber usando a língua e minha vontade é pegar o pote com as mãos, mas sei que não posso, então continuo por minutos até que fique satisfeita.

O MESTRE de marionetes Where stories live. Discover now