Capítulo 32

20 6 0
                                    

ANO SEGUINTE.

Nono ano, sinceramente, um inferno.

- A oxidação é o processo de... - O professor começa a explicar a introdução de química.

- Eita inferno, esse ano eu fico de ano – Aquiles se debruça na mesa a minha frente.

Esse ano, poucas coisas na sala mudaram. Só que agora, a turma inteira do nono ano está junta, ou seja, confusão triplicada.

- Isso é fácil – Lina cruza os braços, sentada na cadeira ao meu lado.

- É o que? – Aquiles se ergue e se vira para ela – Ser inteligente deve ser muito bom, né rapariga?

Lina ri.

- Não é ser inteligente, se você prestasse atenção, ia saber.

- Homi, vá se lascar vá – Aquiles encosta as costas na parede e se vira pra mim, ficando observando meus rabiscos na mesa.

Ele sorri e aponta pra um rabisco que eu não havia visto.

- Isso é um A e um E?

Olho e vejo nossas iniciais com um símbolo de adição entre elas, dentro de um coração meio apagado.

- Acho que é – Sorrio e pego meu lápis.

Ele tira o dedo e eu começo a contornar, deixando a pigmentação do lápis que havia sito escrito anteriormente mais forte.

- Agora tá bonitinho.

Ele sorri e olha pra mim.

- Como que escreve oxidação? – Henrique sussura pra Aquiles, que abre um sorriso maior e tampa o rosto com as mãos.

- Nem fudendo, Cigano.

- Oxi, doido – Henrique cruza os braços, indignado.

- Tá GIGANTESCO no quadro – Aquiles aponta pro quadro branco, que tem a palavra "oxidação" enorme escrita no meio dele.

- Ah – Henrique fica alguns minutos olhando o quadro e volta a escrever.

- Cabinha burro, doido – Aquiles solta.

- O que foi? – Lina pergunta.

- Cigano perguntou como escrevia oxidação- Respondo.

- Não, mentira.

- Foi, tô dizendo – Aquiles concorda.

- Pare com isso, eu sou inteligente, Chico - Henrique tenta se defender.

- Tão inteligente que não viu a palavra enorme escrita no quadro.

Soltamos uma risada ao ver o rosto de Henrique tentando segurar um sorriso, por estar ofendido.

- Te cala, homi.

- Tu quase repetiu o ano passado, meu amigo – Aquiles solta uma risada.

- Oh doidera.

Naomi começa a ameaçar Julio, procurando se tem alguma coisa com ele.

- Devolva.

- Devolver o que, doida? – Julio abre um leve sorriso.

- Minha caneta, bora – Naomi tenta pegar o estojo dele, que puxa o estojo pra seu colo.

- Que caneta? Não peguei nada não.

- Doido, eu tô falando sério – Naomi senta de novo na cadeira, atrás de mim.

Julio ri, sentando na cadeira atrás de Lina.

- Oh professor, tão me tirando pra ladrão aqui – Ele fala em tom de brincadeira, baixo, para que o professor não leve a sério.

- Te cala, Julin, me devolva logo, homi – Naomi dá um tapa no braço dele – Um mês de aula e tu já roubou três caneta minha.

- Deixe de mentira – Ele responde.

- Foi sim! Venha não, tô pra comprar um cadeado.

- Compre não, homi – Julio sorri - Facilite minha vida.

- Ah, corno.

Aquiles também observa a tal briguinha atrás de nós, e começa a rir.

- E já criaram o tráfico, já?

- Que tráfico, criatura? – Pergunto.

- Os de caneta , homi – Aquiles responde, arrancando uma expressão confusa no rosto de Lina.

- Como assim?

- Deixa de ser lesa, Lina – Naomi diz.

- Mulherzinha, peraí – Lina para de escrever – Me explique que eu vou entender.

- Tráfico de caneta, minha filha, rouba as caneta dos outro pra circular entre eles – Naomi responde.

- Aaah! – Lina faz como se tivesse entendido – Ainda não entendi.

- Eita misericórdia – Eu digo.

- Meu Deus do céu – Naomi diz – Deixa, mulher, deixa.

- Ai como vocês são sem paciência – Lina vira pra frente novamente e pega uma caneta pra voltar a escrever.



Troca de professores, aula de Geometria. Que depois que trocaram as professoras, o que foi um grande milagre na vida de nós estudantes, já que a última professora de Matemática era um demônio na terra, as aulas tem sido mais leves e praticamente vagas.

Os meninos começam uma guerra de aviões de papéis, arremessando uns nos outros de cada lado da sala, como um bando de crianças de quinto ano.

- Pessoal... - A professora tenta chamar a atenção deles, e fala miseravelmente, já que eles continuam na guerra, só que agora, sentados em suas cadeiras.

- Essa Barbie do quinto dos infernos – Bia se encosta na cadeira na frente de Aquiles.

- Isso é uma nojenta, homi – Lina dispara.

- Professora chata, hein – Digo, sentindo a ponta de um avião caindo na minha cabeça, e outro na cabeça de Bia.

- Eita inferno, viu?

- Oh, doido – O sorriso de Julio desaparece quando Bia amassa todo o aviãozinho de papel.

- Bem feito – Digo.

- EU SABIA! – Naomi grita pra Julio.

Olho em direção a ela e vejo o estojo de Julio todo derramado em cima da mesa dele, e a morena de cabelos ondulados e longos com uma caneta preta na mão.

- Seu viado! – Ela grita.

- Ah, droga – Julio volta pra mesa dele, juntando as canetas que ela derrubou – Olha o que tu fez, parceiro.

- Quem mandou roubar minhas coisas? – Naomi dá de ombros.

Nossos Finais (nem sempre) FelizesWhere stories live. Discover now