ANO SEGUINTE.
Nono ano, sinceramente, um inferno.
- A oxidação é o processo de... - O professor começa a explicar a introdução de química.
- Eita inferno, esse ano eu fico de ano – Aquiles se debruça na mesa a minha frente.
Esse ano, poucas coisas na sala mudaram. Só que agora, a turma inteira do nono ano está junta, ou seja, confusão triplicada.
- Isso é fácil – Lina cruza os braços, sentada na cadeira ao meu lado.
- É o que? – Aquiles se ergue e se vira para ela – Ser inteligente deve ser muito bom, né rapariga?
Lina ri.
- Não é ser inteligente, se você prestasse atenção, ia saber.
- Homi, vá se lascar vá – Aquiles encosta as costas na parede e se vira pra mim, ficando observando meus rabiscos na mesa.
Ele sorri e aponta pra um rabisco que eu não havia visto.
- Isso é um A e um E?
Olho e vejo nossas iniciais com um símbolo de adição entre elas, dentro de um coração meio apagado.
- Acho que é – Sorrio e pego meu lápis.
Ele tira o dedo e eu começo a contornar, deixando a pigmentação do lápis que havia sito escrito anteriormente mais forte.
- Agora tá bonitinho.
Ele sorri e olha pra mim.
- Como que escreve oxidação? – Henrique sussura pra Aquiles, que abre um sorriso maior e tampa o rosto com as mãos.
- Nem fudendo, Cigano.
- Oxi, doido – Henrique cruza os braços, indignado.
- Tá GIGANTESCO no quadro – Aquiles aponta pro quadro branco, que tem a palavra "oxidação" enorme escrita no meio dele.
- Ah – Henrique fica alguns minutos olhando o quadro e volta a escrever.
- Cabinha burro, doido – Aquiles solta.
- O que foi? – Lina pergunta.
- Cigano perguntou como escrevia oxidação- Respondo.
- Não, mentira.
- Foi, tô dizendo – Aquiles concorda.
- Pare com isso, eu sou inteligente, Chico - Henrique tenta se defender.
- Tão inteligente que não viu a palavra enorme escrita no quadro.
Soltamos uma risada ao ver o rosto de Henrique tentando segurar um sorriso, por estar ofendido.
- Te cala, homi.
- Tu quase repetiu o ano passado, meu amigo – Aquiles solta uma risada.
- Oh doidera.
Naomi começa a ameaçar Julio, procurando se tem alguma coisa com ele.
- Devolva.
- Devolver o que, doida? – Julio abre um leve sorriso.
- Minha caneta, bora – Naomi tenta pegar o estojo dele, que puxa o estojo pra seu colo.
- Que caneta? Não peguei nada não.
- Doido, eu tô falando sério – Naomi senta de novo na cadeira, atrás de mim.
Julio ri, sentando na cadeira atrás de Lina.
- Oh professor, tão me tirando pra ladrão aqui – Ele fala em tom de brincadeira, baixo, para que o professor não leve a sério.
- Te cala, Julin, me devolva logo, homi – Naomi dá um tapa no braço dele – Um mês de aula e tu já roubou três caneta minha.
- Deixe de mentira – Ele responde.
- Foi sim! Venha não, tô pra comprar um cadeado.
- Compre não, homi – Julio sorri - Facilite minha vida.
- Ah, corno.
Aquiles também observa a tal briguinha atrás de nós, e começa a rir.
- E já criaram o tráfico, já?
- Que tráfico, criatura? – Pergunto.
- Os de caneta , homi – Aquiles responde, arrancando uma expressão confusa no rosto de Lina.
- Como assim?
- Deixa de ser lesa, Lina – Naomi diz.
- Mulherzinha, peraí – Lina para de escrever – Me explique que eu vou entender.
- Tráfico de caneta, minha filha, rouba as caneta dos outro pra circular entre eles – Naomi responde.
- Aaah! – Lina faz como se tivesse entendido – Ainda não entendi.
- Eita misericórdia – Eu digo.
- Meu Deus do céu – Naomi diz – Deixa, mulher, deixa.
- Ai como vocês são sem paciência – Lina vira pra frente novamente e pega uma caneta pra voltar a escrever.
Troca de professores, aula de Geometria. Que depois que trocaram as professoras, o que foi um grande milagre na vida de nós estudantes, já que a última professora de Matemática era um demônio na terra, as aulas tem sido mais leves e praticamente vagas.
Os meninos começam uma guerra de aviões de papéis, arremessando uns nos outros de cada lado da sala, como um bando de crianças de quinto ano.
- Pessoal... - A professora tenta chamar a atenção deles, e fala miseravelmente, já que eles continuam na guerra, só que agora, sentados em suas cadeiras.
- Essa Barbie do quinto dos infernos – Bia se encosta na cadeira na frente de Aquiles.
- Isso é uma nojenta, homi – Lina dispara.
- Professora chata, hein – Digo, sentindo a ponta de um avião caindo na minha cabeça, e outro na cabeça de Bia.
- Eita inferno, viu?
- Oh, doido – O sorriso de Julio desaparece quando Bia amassa todo o aviãozinho de papel.
- Bem feito – Digo.
- EU SABIA! – Naomi grita pra Julio.
Olho em direção a ela e vejo o estojo de Julio todo derramado em cima da mesa dele, e a morena de cabelos ondulados e longos com uma caneta preta na mão.
- Seu viado! – Ela grita.
- Ah, droga – Julio volta pra mesa dele, juntando as canetas que ela derrubou – Olha o que tu fez, parceiro.
- Quem mandou roubar minhas coisas? – Naomi dá de ombros.
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Nossos Finais (nem sempre) Felizes
RomanceEllen e Aquiles já tiveram muitas idas vindas. Aquele típico de amor de escola, se conhecem, viram amigos, se apaixonam, namoram, terminam, e acabou. Mas com eles não foi bem desse jeito. Eles tiveram vários finais, nem sempre foram felizes, mas sem...