CAPÍTULO 05

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    Até Mamon, que era incrivelmente ágil e sobrenaturalmente inteligente, precisou de alguns segundos para assimilar o que estava acontecendo assim que surgiu na praia, no meio de toda a confusão. Ele olhou para os lados rapidamente e aproveitou para avaliar toda a situação enquanto ainda não havia sido notado. Risadas altas e gritos ecoavam pela praia um tanto fria, enquanto um emaranhado de braços e pernas rolavam pela areia fofa.

     Estavam tentando arrastar Landon para algum lugar. Dois homens seguravam nos seus braços e o puxavam pela areia, enquanto outros dois tentavam imobilizar as suas pernas. Eram oito homens no total, e enquanto alguns tentavam segurar o rapaz no lugar (recebendo chutes e socos em troca), outros observavam a cena com um olhar calculado, enquanto o líder deles, um homem careca, inspecionava o conteúdo de um pequeno saco de linho.

      — Oito contra um não parece ser justo. — Mamon disse, chamando atenção para si pela primeira vez, fazendo todos pararem o que estavam fazendo e olharem para onde o demônio estava à alguns metros de distância, vestindo roupas douradas e brancas que pareciam ser costuradas com ouro puro. O sorriso do demônio se alargou ainda mais quando ele viu o choque e a confusão nos rostos daqueles homens, apesar de que internamente Mamon estava rangendo os dentes de puro ódio. Conhecia mentes asquerosas como aquelas o suficiente para saber o que planejavam fazer com Landon, e o simples pensamento deixou o demônio incrivelmente enjoado, pretendendo matar um por um de forma lenta de dolorosa.

      — Quem é você? — questionou o careca que estava com o saco de linho, que só poderia pertencer à Landon.

     — Vamos fazer assim: Dois contra oito, para as coisas ficarem pelo menos mais justas. — Mamon ignorou totalmente o homem. Seu olhar voraz encontrou diretamente o de Landon, que ainda estava imobilizado na areia. Os olhos azuis Turquesa do garoto, que inicialmente demonstravam puro terror, agora tinham um pouco de alívio presente neles. Ele ainda não confiava no demônio, mas sabia que a ajuda dele seria essencial para sair dali vivo e intacto.

     Mamon gostava de colocar medo antes de acabar com a vida de alguém. Ele adorava a sensação de ver o medo se alastrando pelos olhos e pelas feições do seu oponente, antes mata-lo bem, mas beeeem devagarinho. Ele sabia que a sua aparência e a olhar de que todos sussurravam quando encaravam os seus olhos já haviam entregado de certa forma a sua natureza, mas os homens à sua frente ainda não estavam morrendo de medo, apesar de engolirem em seco vez ou outra e parecerem incrivelmente receosos, querendo fugir dali. Mamon parecia brilhar contra a pouca luz da praia, como se tanto o seu cabelo branco quanto pele pálida tivessem um brilho sobrenatural por baixo.

     O demônio olhou para as próprias mãos, sentindo todos os outros seguirem o seu olhar e encararem as suas mãos grandes e imaculadas. O sorriso de Mamon se alargou quando com um simples pensamento, garras negras como breu começaram à crescer dos seus dedos, cada uma delas era incrivelmente longa e afiada. Ele sabia que seus olhos haviam assumido um brilho ainda mais sobrenatural quando ele ergueu o olhar para encarar cada um dos homens, abrindo um sorriso perverso, mostrando dentes longos e afiados.

      Ele sabiam que todos queriam correr, mas o puro terror que sentiam enquanto o encaravam eram tanto que não conseguiam sequer dar um passo sem fraquejar. O olhar de Mamon encontrou o do homem careca, que sabia que seria o primeiro à morrer. Ele tentou dar um passo para trás, mas antes que sequer pensasse em fazer isso, Mamon surgiu na sua frente com uma velocidade sobrenatural, tão rápido que era como se tivesse se teletransportado até lá.

     — A-AAH... — O grito engasgado do homem ficou preso na sua garganta assim que uma das mãos repletas de garras de Mamon envolveu seu pescoço e apertou tanto a sua traquéia que o homem ficou arroxeado em questão de segundos, sem que o ar passasse para os seus pulmões. O demônio, que era vários centímetros mais alto que qualquer um deles, levantou o homem do chão com tanta facilidade que era como se ele não passasse de uma casca vazia. Mamon se virou para onde os outros sete estavam, querendo ver o terror se alastrando pelos seus rostos enquanto constavam que iam ser os próximos. Eles tentaram correr, se arrastar para longe, mas seus pés foram presos na areia com uma simples faísca do poder de Mamon.

A SOMBRA DO CORVO (COMPLETO)Where stories live. Discover now