CAPÍTULO 11

1.1K 158 27
                                    

[•••]


   Benjamin definitivamente não esperava encontrar com um demônio naquela noite. Na verdade, ele torcia para que jamais encontrasse um durante a sua vida ou depois da sua morte (se houvesse algo depois dela). Mas aquele homem que estava à poucos metros com certeza não era algo que o príncipe esperava de um demônio. Mamon (como Amon havia lhe nomeado), aparentava ter exatamente a mesma idade que Benjamin, apenas alguns poucos anos mais velho que Amon.

     Ele era sobrenaturalmente bonito. Não um simples "Bonito" que você nomeava para alguém que via na rua de vez em quando. O demônio era bonito de uma forma completamente assustadora. Seu corpo musculoso e elegante era tão simétrico que o príncipe ficou perplexo, sem que um fio de cabelo estivesse fora do lugar, ou sua pele tivesse alguma manchinha.

     Apesar de estar sendo carinhoso com Amon e claramente demonstrar se importar com ele, aqueles olhos verdes eram tão afiados que fez um calafrio subir pela coluna do príncipe. Era como se mesmo sendo gentil e legal, era impossível esconder a sua natureza demoníaca que se expressava através daqueles olhos. Se Amon não tinha absurdamente nada que se parecesse com a mulher que lhe gerou, a rainha, ele era assustadoramente parecido com o pai. Os dois possuíam as mesmas peles pálidas (apesar da de Amon corar com o frio, enquanto a de Mamon continuasse branca feito mármore), o mesmo cabelo alvo e liso, os mesmos olhos verdes, o mesmo rosto anguloso e elegante. Até o formato do nariz, dos lábios e das sobrancelhas arqueadas eram exatamente os mesmo. A única diferença era que enquanto o demônio fazia o príncipe querer sair correndo e nunca mais olhar para trás, a beleza de Amon era curiosamente humana, quente e delicada. 

     O olhar de benjamin percorreu o peito nu e musculoso do demônio, seguindo aquela trilha de pelos ralos que começavam no umbigo dele, desciam alguns centímetros e se alastravam pela sua pélvis, já que a calça colada tinha uma cintura tão baixa que só servia pra esconder o seu sexo, embora o tecido fosse tão fino que qualquer pessoa conseguiria ver o formato perfeito de tudo que havia ali dentro à quilômetros de distância. Benjamin ficou um pouquinho tonto de observar, sentindo o seu corpo responder de uma forma estranha.

     — Deixa eu adivinhar: Você procurou pela  rainha e ela fez pouco caso de você. Te tratou mal e te disse algumas coisas. Provavelmente tudo que ela te disse é verdade, filho. — O demônio explicou, dando de ombros e encarando os dedos já curados do bruxo, que tremeu levemente com o peso das palavras do pai.

     — P-por que você não me contou tudo isso antes? Você sabia o quanto eu queria conhecê-la, e mesmo assim não falou nada!! — Amon exclamou, sua voz falhando vez ou outra enquanto encarava os olhos verdes do pai, que possuíam pequenos pontos mais escuros por toda a sua extensão, e aqueles pequenos pontos pareciam orbitar ao redor das pupilas dilatadas, como se fossem um mini-sistema solar.

      — Nós dois sabemos que você não acreditaria se eu falasse que ela jamais iria querer conhecer você. Você iria achar que eu estava mentindo e querendo te afastar dela. Então achei melhor deixar você descobrir por conta própria. — Explicou Mamon, com seu sorriso diminuindo um pouco mais à cada palavra dita, como se o simples fato de pensar naquela mulher lhe causasse certo desconforto. Amon abriu a boca para protestar, mas parou assim que percebeu que o pai estava completamente certo. O bruxo não confiava em Mamon o suficiente para acreditar caso ele tivesse dito isso alguns tempos atrás, e assim como o demônio havia acabado de resumir, Amon acharia que o pai estaria mentindo e tentando engana-lo.

      — E-eu... Ela disse que você fez um pacto com ela, e em troca do que ela quisesse, você queria ter um filho aqui nessa dimensão. — Amon se embaralhou com as palavras, ainda sentindo as mãos quentes do pai nas suas.

A SOMBRA DO CORVO (COMPLETO)Where stories live. Discover now