Capítulo 3

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Quando se está num momento de vida ou morte, muitas coisas passam por sua cabeça. Imagens das pessoas que você ama, momentos felizes, desejos internos, arrependimentos, medos... e a parte mais engraçada, é que tudo acontece em alguns míseros segundos.

Leônidas já tinha passado por isso várias e várias vezes. Ele era comandante das tropas de subjugação das bestas demoníacas! Quantos perigos não enfrentou em seus 24 anos de idade?

Desde jovem, ele foi obrigado a ingressar na carreira militar da mesma forma que seu pai, seu avô e seu bisavô. Esse era o destino da família Larchen e não havia outro caminho para seguir, senão este. Era irônico e também um pouco triste.

Com todo o dinheiro, toda a influência, todo o renome, qualquer um da família poderia fazer o que quisesse. Fosse bom ou não, obteria sucesso graças ao sobrenome e a tudo o que ele significava ao país, mas mesmo com todos esses privilégios, seu destino era selado no momento de seu nascimento: se nascesse um garoto, certamente seria enviado para o exército; se nascesse uma menina, com dois meses os pais iniciaram a busca por um casamento com outra família igualmente adequada em status e capital.

Por isso, mesmo que ele odiasse a ideia de iniciar sua carreira militar, acabou se acostumando e depois se apaixonando pelo estilo de vida, ou melhor, pela adrenalina.

Fazer parte do setor de subjugação não era fácil. Todos viviam como se fossem os últimos dias de suas vidas, porque dependendo do demônio que eles enfrentam, isso era uma verdade absoluta.

Quantas vezes suas tropas não dormiram ao relento, esperando a oportunidade perfeita para atacar um ninho daquelas criaturas malditas?

Quantas vezes não viu seus colegas sendo devorados diante de seus olhos?

Quantas vezes não eliminou incessantemente aquelas criaturas hediondas e monstruosas? Tinham sido tantas baixas que ele nem ao menos conseguia contar.

Mas se dependesse dele, Amaya não entraria para as estatísticas. Não ali, bem diante de seus olhos.

Contudo, assim como ela, ele estava igualmente indefeso. Sua pistola estava bem guardada em seu quarto, localizado no fim do corredor. Por isso, ele precisou agir rápido e pegar qualquer objeto que pudesse usar como arma.

Por sorte, Dumckobat eram estúpidos por natureza e enxergavam muito mal, dando um pouco de vantagem para os recém-casados, mas isso não tornava a situação mais aliviante. Aquele monstro continuava sendo perigoso e precisavam manter a guarda alta.

Olhando rapidamente ao redor, a única "arma" disponível era um castiçal de ferro. Sem muita escolha e opções, Leônidas alcançou o objeto e bateu seu cabo contra a banheira de mármore repetidas vezes.

Seu objetivo era quebrá-lo no meio e usar a ponta para furar os olhos da criatura. Se fosse qualquer outro da espécie, ele nunca ousaria fazer tanto barulho, mas Dumckobat também não ouviam bem, na verdade, poderiam considerar aquela espécie praticamente surda, mais um pouco de sorte para eles.

Quando conseguiu concluir seu plano, Leônidas pegou um dos saltos de Amaya e jogou na criatura. Sua mira era sempre certeira e por isso conseguiu acertar bem no centro da cara do monstro, no espaço entre os olhos vermelhos.

Em seguida, rompeu no cômodo com uma corrida rápida, enquanto desviava dos movimentos das asas da besta faminta. Sua envergadura era grande e num único movimento, poderia atingir quase a metade do banheiro.

Mas Leônidas era mais rápido e calculista do que o monstro enfurecido. Ele conseguiu se aproximar pela lateral da cabeça e acertou em cheio o globo ocular vermelho. O Dumckobat, sentindo dor e bastante atordoado, tentou bicar o que estivesse no caminho, mas o Larchen foi novamente mais ligeiro e se deitou no chão, impedindo que a fera o ferisse.

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