#6: Berlim

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Aeroporto de Navegantes.

Estou no aeroporto prestes a entrar na sala de embarque.

— Tchau, mãe, pai. Eu vou sentir muita falta de vocês.

Abraço eles e tento não chorar.

— Faz boa viagem, amor.

— Meine liebe, vai e fica bem. A gente te ama, filho.

— Eu também amo muito vocês.

— Noch einmal (Outra vez). — meu pai diz me abraçando de novo, puxando minha mãe.

— Daniel. — começa a Elaine. — Eu espero que você encontre a felicidade lá fora.

— Eu também espero que você e o Geraldo consigam seguir em frente, eu tô sentindo essa dor com vocês.

— Obrigado por ter feito nosso filho feliz. — diz o Geraldo.

Abraço eles.

— Tchau, vai com Deus. — diz a Elaine.

— Seja feliz. — diz o Geraldo.

— Tchau. Tchau, mãe, tchau, pai.

— Tchau, meu amor.

[...]

Um dia depois, Berlim.

Depois de uma conexão em São Paulo e Amsterdã, saio pela porta de desembarque do aeroporto de Berlim e avisto meus tios.

— Daniel! Hallo!

— Tia Heidi. Tio, Herbert.

Abraço eles.

— Que saudade. — diz tia Heidi.

— Eu também senti.

— Sinto muito pelo seu namorado. — diz o tio Herbert.

— É, a gente nem imagina o quanto você tá sofrendo, meine liebe.

Dou um pequeno sorriso.

— Tem sido difícil. Eu vim quase fugido do Brasil, não consegui ficar.

— Você vai aprender a viver com essa dor.

— Sim, eventualmente.

— Bom, vamos pra casa? Ah, willkommen zurüch (bem-vindo de volta).

— Danke (Obrigado).

Saio com eles e os sigo até o carro, então entramos e a tia Heidi começa a dirigir.

— Não percebi o quanto eu sentia falta daqui.

Conforme vamos chegando na casa deles, eu revejo os lugares que eu costumava ir quando fiz o ensino médio aqui. Eu não fiz intercâmbio, até porquê eu sou alemão, eu só morei aqui por dois anos mesmo.

— Seu quarto não mudou nada. — diz tia Heidi quando entramos em casa. — Pode ir lá.

Vou até meu antigo quarto e sento na cama, então abro a janela e fico olhando a rua.

— E o Simon? — pergunto quando tia Heidi entra no quarto.

Simon é meu primo.

— Ele vem te ver mais tarde.

— Tia, eu vou tomar banho e passear um pouco.

— Isso, meu filho, faz bem. Vou te deixar sozinho.

Ela sai e eu vou pro banheiro, então tomo meu banho aliviado por estar aqui, ainda sofrendo, mas menos pior. Durante o voo de São Paulo pra Amsterdã, um filme passou na frente dos meus olhos, e eu vou recomeçar.

Termino o banho e visto uma roupa de frio, é inverno agora na Europa.

— Tio, tia, vou dar uma voltinha. — digo passando por eles na sala.

Saio de casa e desço a rua, então dobro a esquerda e desço também essa rua, chegando no shopping que marcou minha adolescência em Berlim. Eu vinha muito nesse lugar, principalmente no cinema, foi aqui que eu assisti a estreia de "A Proposta" em 2009, com 16 anos.

Entro no shopping e já compro logo um café no Starbucks, tá bem frio aqui. Depois de pegar o café, eu sento num lugar e fico olhando o movimento.

— Daniel... — ouço a voz do Bebeto longe na minha cabeça.

Lembro do nosso primeiro encontro, eu estava nervoso pra encontrá-lo, e já estava muito apaixonado. Tinhamos nos encontrado poucas semanas antes e, de forma clichê, eu me encantei de primeira, mantendo contato com ele a partir dali.

A cada vez que nós falávamos, eu me via hipnotizado pelos seus olhos e por todas as suas expressões, sendo elas quais fossem. Pra mim ele era lindo de qualquer jeito, ah, como meu Humberto era lindo...

Na primeira vez que ele me beijou eu fiquei muito feliz, e quando a gente fez amor pela primeira vez eu estava nas nuvens.

[...]

— Hallo, Daniel. — diz Simon.

— Simon! Hallo.

Abraço ele.

— Sinto muito, viu?

— Obrigado... Mas ei, como tá a vida de atleta?

— Ah, tá indo até que bem, primo.

— Que bom.

Continua...

Perdido (Romance Gay)Место, где живут истории. Откройте их для себя