𝔈𝔰𝔭𝔢𝔠𝔦𝔞𝔩 𝔩

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DOIS MESES DEPOIS 

11 DE NOVEMBRO DE 1999

11 DE NOVEMBRO DE 1999

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RHYS O'NEIL


ENCHI MEUS PULMÕES enquanto eu gravava cada linha do rosto de Tyler. Meu corpo tremia em contato com o banco do trem, músculos tensionando e ficando estressados a cada batida das rodas com os trilhos. Tyler estava com os olhos fechados, tentando descansar antes que sua insônia estragasse nosso encontro. Não iria, ao contrário do que ele pensava, porque estar com ele já era o suficiente para preencher qualquer buraco que minha alma possuía.

Cedi a minha tentação de encostar minha cabeça na janela, esquematizando como seria andar lado a lado de Tyler, com o olhar de diversas pessoas tentando atravessar nossas matérias, desejando desafiar a lei de que dois corpos não podem compartilhar o mesmo lugar. Eu sentia o tempo todo os homens e as mulheres conhecidos do meu pai próximos de mim como se nunca houvessem visto alguém como eu.

Eles lacraram dentro de si uma fome voraz, repetindo em suas mentes distorcidas cenários em que eles poderiam colocar as mãos em mim, me manipulando como sua perfeita marionete para seus negócios sem pudor nenhum. Joguei as cartas por um tempo com eles, movimentei peças para mantê-los perto de mim pensando nos meus pais, contudo, quando cansei os dispensei. E eles desapareceram como fumaça. Alguns ruíram, caindo em um buraco sem fim, e outros ascenderam nas mãos do meu pai, sendo benzidos com propostas bem sucedidas. 

Acreditaram que eles eram os juízes, porém, foram apenas observadores e até mesmo vítimas em meu tribunal. Eu continuei não temendo as possíveis consequências dos meus atos, e do mesmo modo, permaneci quieto, silencioso, esperando minha penitência.

Distraído, perpetuando as memórias das valsas lânguidas que eu fiz no círculo de um plano pertubado que eu convivia, mal captei o olhar felino descansando sobre mim. Virei minha atenção nele, descobrindo um Tyler sorridente, porém, cansado. Devolvi seu gesto, fazendo um movimento com a mão, tentando lhe dizer para se inclinar. Ele permaneceu mantendo seu sorriso, contudo, linhas sucintas marcaram sua testa, denunciando sua confusão.

ㅡ Incline-se, Tyler ㅡ sussurrei o mais baixo que eu consegui. Eu não gostava de dar vida às palavras que surgiam na minha mente. Não sei quando comecei a pensar dessa maneira, apenas quando me dei conta, odiava o som das palavras. Talvez eu sempre soubesse que elas eram traidoras e venenosas.

Ele atendeu meu pedido, dobrando a coluna na altura ideal para ser vítima das minhas mãos. Mantive o sorriso, descrevendo cada pequena sensação que sua pele causava no meu interior. Eu segurei seu rosto nas palmas, passando o polegar em suas bochechas, em seguida, em suas pálpebras, forçando a fechá-los os olhos.

ㅡ Algo está o incomodando? ㅡ Desci meus olhos para os seus, que tentavam traduzir minhas ações. Ele era assim, demasiado curioso para capturar cada resquício meu. Viciado em tomar minhas expressões. ㅡ Sabe que pode me contar tudo.

INSÔNIADär berättelser lever. Upptäck nu