ℭ𝔞𝔭𝔦𝔱𝔲𝔩𝔬 𝔳

148 31 164
                                    

RHYS O'NEIL
______________

Antes e depois de encontrar Tyler

Há coisas que não devem ser pronunciadas em voz alta; é como se fossem palavras proibidas, que o Vaticano estipulou, no entanto, isso parece coisa de criança quando você explora a mente humana. Algo mais profundo e sujo se pondera no ar, assim como eu ou você inclina-se por sentimentos frívolos. Ou assim, eu tento pensar. As coisas sempre deram muito certo para mim ㅡ como meus pais sempre diziam que eu vim de uma família de honra da Inglaterra, o que eram deles, eram meus também. Parece ser bonito, entretanto, vendo por um lado mais retorcido, era a maneira deles dizerem para eu me esforçar e fazer com que isso valesse a pena o investimento gasto em mim ㅡ, eles gostam de me ver sorrindo quando estou sobrecarregado. 

Quando eu era mais jovem, eu tinha o medo ingênuo de acreditar que havia algo no escuro para me pegar, porém, conforme eu fui crescendo, ampliando minha mente na forma que eu percebesse que o único monstro que convive conosco é a nossa própria mente. Um monstro que sempre lutamos para manter selado nem que seja a última coisa que nós façamos. Em dias, é muito fácil manter essa criatura trancada, porém, há outros dias que é praticamente impossível, porque ele começa a ficar com fome. Dessa forma, não sei quando eu irei atacar alguém, parecendo uma fera indomável. 

Nunca fui do tipo que chama muita atenção sozinho. Normalmente, as pessoas gostam de prestar atenção no que eu já conquistei. Eu era um jogo interessante para as pessoas. Elas adoraram falar isso ou aquilo, esfregar as mãos umas nas outras para perguntar sobre como eu era capaz de tudo aquilo, mesmo que todas as respostas ficaram explícitas em cada palavra solta pela a professora na hora de me apresentar, então, eu confiava que era apenas uma pretexto para se aproximar de mim de alguma forma. Porém, durante todos estes anos, eu nunca consegui estabelecer uma relação com ninguém. Meus gostos, são… peculiares de certa forma. Acredito que posso falar dessa maneira; é a única coisa que posso falar sobre meus gostos excêntricos para anatomia de animais e humanos. Não há nada mais tão fascinante que órgãos, e como eles tem uma fase limite para parar de funcionar, sem falar como eles podem funcionar tão bem ao mesmo tempo. Não há nada que me fascine mais do que isso.

Eu gosto de jogos mentais, entrar, contorcer outra pessoa usando seus próprios medos, se aproximando de um colapso. Entrar nas mentes das pessoas é um trabalho que eu falo que seja fácil ㅡ muito fácil, quando a única coisa que seus pais fazem é fazer o mesmo com você. Eles acreditam que estavam criando uma criança com eficiência, no entanto, eles estavam criando um assassino. Um torturador. Um insano que pode permear com facilidade os espíritos das pessoas, transformando isso num desastre de alta escala ㅡ, pois, algum dia, eu poderei pagar por isso. Todo esse sofrimento, eventualmente voltará triplicado para mim.

Mas estou pronto para isso. Estou pronto para muitas coisas. 

Apenas esperando que elas venham me pegar. Às vezes por um delírio mental, eu desejo com todas as forças que o karma venha me pegar. Rastejando por minha cama gelada, capturando primeiramente meus pés, depois subindo penosamente até meu pescoço, cortando meu ar. Eu não preciso dele, quando ele está dificultando tudo para mim. Atrapalhando meus pensamentos, desorganizando, perdendo o compasso de algumas atividades, de mim; sendo este, o principal motivo de eu viver desesperado para esse dia.

Serão dias de glória. Admito. Não temo.

Mudei-me da cidade de Bristol com dezesseis anos. Neste ambiente imaculado, neste pequeno círculo fechado, eu expandi minha mente de modo que se tornava impossível eu não adivinhar no que as pessoas pensavam e o que elas poderiam pensar, porém, ao entrar em contato com a nova escola, eu tinha uma visão onde, um novo ambiente poderia ativar uma curiosidade mais aguçada e profunda ㅡ, mas eu enganei-me, pois eu não encontrei nada de muito interessante. A energia das pessoas eram as mesmas. O pensamento primário da mente era a mesma; de qualquer forma, mantive-me imutável durante o tempo, antes dele aparecer. 

Ele abalou, exauriu minhas defesas. Quando meu olhar encontrava o dele, um medo subia das entranhas, e pela primeira vez, eu tive medo de cavar a fundo da consciência de alguém. O garoto era belo de certa forma, brilhava de modo que eu conseguisse que meus olhos seguisse seus movimentosㅡ algo que nem mesmo meus pais conseguiam fazer, ou meus professores ㅡ, dessa forma, eu poderei dizer que ele significava mais.

Entretanto, como eu poderia desvendá-lo, se ele me aterroriza de modo, que fazia aquilo impossível?

Assim, começou um impasse. Um jogo mortal.

Desfilando pelos corredores como se eu fosse a única existência do universo, eu comprimia todas as alterações de emoções, sempre que ele ficava próximo de mim ㅡ ao menos, no meu campo de visão, com aquele olhar que buscava algo. Ele também me via como um jogo interessante, contudo, com mais afinco. Com a intenção de descascar mais do que minha superfície. Isso me deixou convencido, acreditando que eu poderia atiçar a curiosidade de alguém daquele tamanho , aquilo me fascinava. Era excitante de certa forma.

INSÔNIAWhere stories live. Discover now