Capítulo Um

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Oiiii gente, que saudade! Tô iniciando o processo de repostagem dessa fic q eu AMO, e pretendo q esse processo seja bastante rápido ok? Talvez vcs notem algumas pequenas mudanças, mas nada muito absurdo, única coisa q eu com certeza pretendo fazer é aumentar o final (ou fazer um extra... ainda não decidi)... tomei essa decisão pq o original tá meio raso, mas tirando isso td segue como vcs já conhecem! e aos q estão chegando agora pela primeira vez, espero q gostem, é uma fic curta com vibe de comédia romântica hehe

Boa leitura❤️

Dezembro de 2019...



A valsa tocava audível no salão repleto de enfeites cor-de-rosa. Yuna dançava lindamente no meio dele, sendo observada por dezenas de pessoas. No momento em que deu um giro gracioso e acidentalmente pisou no pé de seu pai, Jungkook não conseguiu conter a risada que já estava entalada em sua garganta há um bom tempo, em consequência levando um tapa forte de sua mãe, que tirou o sorriso emocionado do rosto apenas para encará-lo enraivecida.
  
Sua irmã mais nova definitivamente não se encaixava naquele cenário, e Jungkook tinha certeza que ela não via a hora de tirar aquele vestido que mais parecia um bolo de morango.

Quando a valsa acabou, Yuna liberou a pista de dança para os que estavam dispostos a dançar Macarena — e todas aquelas outras músicas coreografadas que sempre tocavam nas festas de quinze — e foi em direção ao irmão, que a aguardava com um sorriso debochado no rosto.

— Não aguento mais — sussurrou, arrancando os sapatos de salto dos pés.

— Você está se saindo muito bem.

— Não acredito que nossos pais me obrigaram a fazer isso. Não é justo com a minha sanidade, Jungkook!

— Se acalma, pirralha. Já está acabando. — Ele a tranquilizou, apesar de saber que levando em conta todas aquelas pessoas amontoadas na pista de dança, dançando como se fosse o último dia da vida delas, ainda faltava um bom tempo para acabar.

Yuna soltou um suspiro pesado e encarou o irmão com tédio, em seguida arregalando os olhos como se tivesse lembrado de algo importante.

— Você nem sabe!

— O quê?

— Enquanto eu dançava a valsa vi um cara que nunca tinha visto antes. Acho que é um penetra!

— E você diz isso com toda essa tranquilidade? — Jungkook indagou, já olhando em volta para localizar o impostor. — Quem é?

— Calma, ele parecia inofensivo...

— Yuna, não é porque as pessoas parecem inofensivas, que elas são inofensivas! Não seja ingênua! — ele a repreendeu.

— Aish! Sei disso! — ela se defendeu — Só estou dizendo que ele aparentava ser alguém apenas querendo se divertir...

— Ele que vá se divertir na casa dele! Me mostra quem é o pilantra!

Yuna espremeu os olhos e deu uma breve olhada em volta, demorando alguns segundos até conseguir identificar o sujeito no meio da multidão e indicá-lo com o queixo para Jungkook.

De fato, o rapaz parecia inofensivo. Usava no rosto um par óculos coloridos, que havia sido distribuído para os convidados no início da festa. Ele fazia movimentos engraçados com o corpo, tentando seguir o ritmo da música Take on Me do A-ha da melhor forma possível.

— Hum. — Jungkook bufou determinado. — Vai dançar com suas amigas, deixa isso comigo.

— Não são minhas amigas! — Yuna se revoltou com a alegação.

— Seja sociável, Yuna! Ou pelo menos finja... — ele pediu e ela revirou os olhos, forçando um sorriso antes de caminhar na direção das pessoas totalmente contra sua vontade.

Os olhos de Jungkook focaram novamente no sujeito que invadiu a festa de sua irmã, fazendo-o constatar que o rapaz não era feio. Não, na verdade, ele era muito, muito bonito... Não que isso importasse no momento, foi apenas uma observação feita inconscientemente por seu cérebro, e de qualquer forma, o tal penetra era bonito, mas não tanto quanto Jihoon, seu namorado. Bom, pelo menos é o que Jungkook achou que seria coerente pensar naquele momento.

Assim que se sentiu preparado o suficiente para enfrentá-lo, Jungkook marchou em direção ao penetra, enquanto no caminho tentava inutilmente bolar um plano para conseguir expulsar aquele doido da forma menos escandalosa possível.

Ao se aproximar, deu duas batidinhas em seu ombro, interrompendo aquela dança ridícula e descoordenada que o rapaz fazia.

— Ei, — ele chamou. O rapaz o encarou com um olhar confuso, não parecendo temer a possibilidade de ser pego no flagra invadindo a festa de uma pobre garotinha. — Podemos ter uma conversinha lá fora?

— Claro — respondeu, estranhamente rápido demais.

Eles se direcionaram à saída do salão de festas e, no caminho, Jungkook percebeu que não tinha um plano. Teria que improvisar.

Ao deixarem o salão, sentaram-se num banco que tinha à frente, um pouco afastados de alguns jovens que bebiam álcool "escondidos" dos adultos.

— Qual seu nome?

— É Taehyung. Kim Taehyung — respondeu, levando os óculos coloridos até a cabeça e abrindo um sorriso largo e charmoso. — E o seu?

— Jungkook — disse, tentando não se deixar desconcertar pela beleza daquele estranho, e em seguida se culpando por pensar naquela possibilidade. — Nunca te vi por aqui, você é de Busan?

— Não sou. Moro em Daegu, venho apenas no fim do ano visitar meus pais.

— Veio passar o Natal e o Ano Novo com eles? — Após a pergunta, Jungkook se questionou por que estava puxando conversa com aquele cara. Talvez fosse um bom caminho para mandá-lo embora sem causar grandes conflitos.

— É meu aniversário também! Faço dia trinta — ele contou com empolgação.

— Faz quantos anos?

Taehyung abriu um sorriso ladino e encarou Jungkook fixamente antes de responder.

— Você está bem interessado sobre minha vida, né? — Ele ergueu uma das sobrancelhas. — Posso saber por quê?

Jungkook engoliu em seco ao notar o tom malicioso em que foi feita aquela pergunta, em seguida dando um passo para trás e percebendo que aquele era o momento perfeito para revelar suas verdadeiras intenções.

— Bom... Acredito que até os dezoito anos seja razoavelmente aceitável um rapaz entrar de penetra na festa de uma garotinha de quinze, mas depois disso fica estranho, você não concorda? — Jungkook indagou num tom irônico, fazendo com que a expressão de Taehyung mudasse repentinamente. Agora sim, parecia deveras amedrontado. — Vai me responder, ou devo chamar a polícia para facilitar?

— E-eu... Olha... — ele gaguejou um pouco e olhou para os lados, como se procurasse uma justificativa. — Juro que não foi por mal... Eu não gosto muito de ficar na casa dos meus pais, então fico procurando qualquer coisa para fazer que não seja estar lá.

— Não gosta de ficar na casa de seus pais, mas vem todo fim de ano passar o mês todo com eles? Conta outra — desdenhou Jungkook.

— Estou falando a verdade! Amanhã, inclusive, vou num show só para não ter que ficar suportando eles. Posso mostrar o ingresso se quiser! — ele sugeriu, já pegando o celular no bolso.

Jungkook torceu o lábio e o encarou com desconfiança.

— Show de quem?

— Aerosmith.

— Não precisa mostrar. Eu acredito em você — Jungkook disse, fazendo com que Taehyung parasse de vasculhar o celular e erguesse a cabeça, o encarando confuso. — Eu e meu namorado também vamos nesse show.

Taehyung separou os lábios por alguns segundos, em seguida fazendo uma careta não muito satisfeita.

— Você tem namorado, é?

— Tenho. Há oito anos — respondeu, orgulhoso.

— Credo. — A careta piorou. — E vocês não enjoaram um da cara do outro?

— Não! — Jungkook negou, quase ofendido. — Me apaixono mais por ele a cada dia, se quer saber.

— Vou vomitar.

— Para com isso! O que você tem contra relacionamentos?

— Tudo — Taehyung respondeu sem pestanejar. — Talvez seja porque sou traumatizado com o primeiro e único que tive? Talvez. Mas é isso. Sou relacionamentofóbico!

Jungkook não pôde segurar a risada ao ouvir aquilo. O cara era uma verdadeira piada.

— Você se relacionou sério uma vez na vida e já se traumatizou a esse ponto? Não acha muito cedo para tomar essa decisão?

— Não acho não. Mas me conta aí, você e seu namorado estão juntos desde quando?

— Desde os doze — respondeu, abrindo um sorriso tímido e saudoso. — Ele foi meu primeiro e único amor, e vai ser para sempre.

Jungkook esperava de tudo, menos que Taehyung começasse a rir deliberadamente de sua cara, sem o menor constrangimento.

— Qual é a sua?

— D-desculpa — ele disse, limpando as lágrimas que haviam se acumulado nos cantos de seus olhos enquanto gargalhava. — É que... Eu te respeito, ok? 100%! Mas esse lance de amor... Não é pra mim. Soa como se fosse uma grande piada, entende?

— Ui! Ele é do tipo anti-romântico! — Jungkook exclamou com deboche, em seguida assumindo uma expressão teatral. — "Amor é uma mentira!", "Eu sou um homem frio e calculista. Não se apaixone por mim, pois nunca será recíproco!".

— Eu nunca disse isso! E pare de tentar me imitar, eu não falo desse jeito! — Taehyung o cortou, indignado.

— Fala sim!

— Não falo! E nem penso... — ele se defendeu, encolhendo os ombros. — Não me relaciono porque relacionamento para mim sempre acaba com uma das pessoas sofrendo. Como eu não tô a fim de sofrer e nem de fazer ninguém sofrer, prefiro lances mais casuais, entende?

— Entendo, mas discordo — Jungkook disse, fazendo com que Taehyung revirasse os olhos. — Eu e meu Jihoon vamos ficar para sempre juntos, e não tenho nenhuma dúvida sobre isso. Está escrito... Nos conhecemos no fundamental, tivemos todas as primeiras vezes juntos. Nos mantemos firmes até hoje, na faculdade. Logo vamos trabalhar juntos e, no futuro, envelheceremos juntos também — ele disse com o olhar esperançoso e um sorriso sonhador, porém, o sorriso se desmanchou assim que pôs os olhos em Taehyung e se deparou com a imagem dele de cabeça tombada para frente, os olhos fechados e a boca aberta, chegando a roncar para intensificar sua atuação ridícula.

— Ahn? Quê? — Ele ergueu a cabeça e arregalou os olhos. — Acho que peguei no sono aqui, foi mal. Do que você estava falando mesmo?

— Você é um idiota, sabia? Nem sei porque ainda estou aqui falando com você. Era para eu estar lá dentro com a minha irmã!

— Deve ser porque eu sou uma pessoa muito legal e carismática?

— Nos seus sonhos — respondeu, cruzando os braços e virando a cabeça para o lado contrário de Taehyung.

De repente, o rapaz ficou em silêncio ao seu lado. Jungkook até estava curioso para saber o que ele estava fazendo, mas nem se o obrigassem ele olharia.

— Aqui — disse Taehyung, levando um papel para a frente de seus olhos.

— O que é isso? — Jungkook indagou confuso.

— Meu telefone.

— Não quero seu telefone! — negou imediatamente.

Taehyung soprou uma risada e pôs o número no bolso do paletó que Jungkook usava.

— Caso o seu relacionamento não seja essa perfeição toda que você está imaginando, e isso faça você chegar à mesma conclusão que eu sobre essa baboseira toda de amor, me procure. Eu estarei totalmente à sua disposição, seja para te consolar com um abraço ou... como você quiser. — Ele abriu um sorrisinho sugestivo.

Jungkook virou o rosto e separou os lábios, não acreditando no que tinha ouvido. Nunca tinha conhecido alguém tão cara de pau como aquele cara que estava à sua frente.

— Olha aqui, seu... — Ele se levantou, ajeitando o paletó e a gravata borboleta. — Seu penetra de festas anti-romântico ridículo! Pode perder as esperanças porque eu e meu Jihoon nunca vamos terminar! E é melhor você meter o pé daqui, senão eu chamo a polícia e te denuncio por invasão! — ele esbravejou com o dedo na cara de Taehyung, que não esboçou nenhuma expressão além de tranquilidade.

— Calma, já estou indo! — Ele levantou com os braços para cima, soltando uma risada. — E sobre você e "seu Jihoon", apesar de eu não acreditar, estou torcendo para que vocês realmente fiquem juntos, se amem pelo resto da eternidade e blá blá blá.

— Mentiroso, não está!

— Tem razão, não estou. Aliás, espero que vocês terminem antes do natal, porque senão terei que esperar para ficar com você só no final do ano que vem e isso é tempo demais!

— Você não pode estar falando sério! — Jungkook disse, completamente incrédulo.

— Pior que estou — respondeu, em seguida erguendo os ombros como se dissesse "fazer o quê?".

Jungkook estava tão de cara com aquele sujeito, que só teve forças para erguer os dedos em direção aos táxis parados em frente ao salão.

Taehyung caminhou até lá, e antes de entrar, abriu um último sorriso em direção a Jungkook, acenando rapidamente após fechar a porta.

Jungkook esperou que o táxi fosse embora, e a primeira coisa que fez foi pegar o celular em seu bolso e discar um número específico.

Chamou uma, duas, três, quatro vezes.

"Não é verdade o que ele disse, amores podem sim, durar para sempre. Eu e meu Jihoon vamos nos amar e ficar juntos para sempre." Jungkook pensou, tentando se convencer daquilo que nunca foi uma insegurança para si, mas talvez as palavras daquele maldito penetra tenham o afetado.

— Jungkook?

Jihoon atendeu na oitava vez que o telefone chamou, e Jungkook soltou o ar aliviado ao ouvir a voz de seu amado.

— Oi amor! Você demorou para atender, está tudo bem?

— Está sim. Você sabe como são meus pais, né? Sempre conversando alto... Demorei para escutar o telefone.

— Ah, claro! Entendo... — Ele engoliu em seco. — Como está o jantar?

— Tudo ótimo, perfeito. E aí? Como está o aniversário?

— Está bom também, apesar da Yuna estar tendo que fazer um esforço enorme para ser sociável — ele contou, soltando uma risada. — E, bom, eu conheci um doido também. Mas tirando isso, está tudo perfeito.

— Que bom. Hm... Tenho que desligar agora, ok? Estão me chamando para a sobremesa.

— Certo, eu tenho que voltar para a festa também, então...

— Ok, amor! Um beijo.

— Eu te amo.

— Também amo você. Aproveite aí!

— Você também...

Então ele desligou, e Jungkook tinha que confessar que aquele "Também amo você" foi como um peso retirado de seus ombros.

[...]

Jungkook gostava das manhãs. Para ele, nove horas já era tarde demais, bom mesmo era acordar no máximo sete, tomar um bom café, se exercitar e, quando não estava em férias — o que não era o caso naquele momento —, revisar as matérias dadas na faculdade.

Hoje, ele tinha um plano um pouco diferente do usual.

Estava ansioso com o show do Aerosmith que teria aquela noite; não conhecia muito as músicas, apenas algumas que Jihoon fez questão de apresentá-lo, e mesmo que fugisse bastante do tipo de música que Jihoon costumava gostar, I Don't Wanna Miss a Thing virou praticamente um hino do amor deles.

Jungkook lembrou que assim que compraram os ingressos, Jihoon comentou consigo sobre não ter uma camiseta da banda, portanto, no objetivo de mimar o namorado um pouco, era cedo e ele já estava nas ruas de Busan, procurando por uma camiseta do Aerosmith para presenteá-lo.

Acabou encontrando-a apenas em uma loja de rock dentro do shopping. Teve que caminhar um pouco mais do que planejava, mas valeu a pena, tinha certeza que Jihoon amaria o presente.

Seu namorado morava em um condomínio numa rua meio longe da casa de Jungkook, o que fazia com que seus encontros fossem menos frequentes do que o último gostaria, porém, ele não se importava tanto. Sabia que quando fosse a hora certa, eles morariam juntos, e isso talvez não demorasse tanto tempo para acontecer.

Após subir no andar de Jihoon e apertar a campainha de seu apartamento, agarrou o pacote da camiseta em mãos e mordeu o lábio, ansioso para ver a reação dele ao recebê-lo.

Jihoon abriu a porta e encheu a visão de Jungkook com o belo vislumbre de seu corpo seminu, usando unicamente a cueca no corpo.

— Jungkook? — perguntou, assustado. Jungkook uniu as sobrancelhas e riu.

— Por que a surpresa? Não é a primeira, nem a segunda vez que venho sem avisar — disse, já passando pelo namorado e adentrando a casa que já conhecia como se fosse sua.

Jungkook planejava dar o presente em seu quarto, contudo, foi interrompido ao chegar no meio do caminho.

— Amor... — Jihoon parou em frente ao seu corpo, segurando em seus braços. — O que é isso na sua mão?

— Um presente para você — Jungkook respondeu com um sorrisinho, satisfeito pela reação ansiosa do namorado.

— Posso ver?

— Pode, mas antes vamos para o seu quarto, estou cansado de tanto andar. Não sabe a luta que foi até encontrar isso aqui... — ele reclamou enquanto tentava se direcionar até o quarto, mas Jihoon estranhamente não saía do seu caminho.

— Jungkook... Quantas vezes já disse para você parar de correr atrás das coisas para me agradar? — Jihoon o repreendeu. — Por que não senta no sofá? Deve estar cansado.

— Eu amo te mimar — Jungkook disse com um sorriso apaixonado, em seguida levando uma de suas mãos até o rosto de Jihoon e o beijando.

Deu um selinho, e após descer a mão até o peitoral quente e convidativo do namorado, aprofundou o beijo, não querendo mais interromper o contato.

— Vamos para o quarto — ele sussurrou contra a boca do namorado.

— Jungkook... Melhor não, meu quarto está uma bagunça — Jihoon respondeu, rindo sem graça.

— Deixa de ser bobo, amor. Desde quando me importei com bagunça? — Jungkook riu de volta, estranhando aquela atitude.

Largou o presente sobre a mesa que tinha por ali, e então rodeou o pescoço de Jihoon com os dois braços, encarando-o nos olhos frios antes de voltar a beijá-lo. Um beijo duro e seco, que por algum motivo não estava fluindo tão bem como um dia já fluiu, mas Jungkook não se importava.

Voltou a empurrá-lo na direção do quarto, e mais uma vez Jihoon relutou.

— Que tal a cozinha? — Jihoon sugeriu com um sorriso safado.

— Amor, eu caminhei por horas — Jungkook disse entre um beijo e outro que dava no pescoço no namorado. — Por favor. Só me leva pra cama.

— Jungkook... melhor não.

— Melhor sim.

Ele tentou mais uma vez se direcionar até o quarto sem ter que soltar o corpo do Jihoon, porém foi impossível, já que este não movia um músculo para sair do lugar.

Não suportando mais aquilo, Jungkook o largou brutalmente e deu um passo para trás, sentindo toda a angústia que inconscientemente estava o possuindo desde o momento que passou por aquela porta, consumindo seu corpo por inteiro.

— O que está rolando, em? — indagou com o tom de voz raivoso.

— N-nada... — ele gaguejou, e isso piorou a situação que já estava ruim.

Jungkook ficou totalmente sério, tentando segurar o choro que começava a fazer sua garganta arder.

— Jungkook... — Jihoon disse, num tom de súplica.

Os pensamentos na mente de Jungkook não fluíam muito bem naquele momento. Não conseguia raciocinar nada, apenas agir.

Foi até o quarto e abriu a porta de supetão, e mesmo que estivesse vendo a cena ali, bem à sua frente, nada fazia sentido.

— Jungkook-ah... — Jihoon chamou atrás de si. — Eu posso explicar.

Jungkook queria ter forças para rebater. Xingá-lo com os piores nomes possíveis, chorar todas as mágoas ou até mesmo dar um tapa em seu rosto com toda a intensidade que tinha em seu corpo; Jihoon merecia aquilo. Contudo, o que Jungkook conseguiu fazer foi pegar o pacote do presente em suas mãos e caminhar até a saída, ouvindo as súplicas inúteis que Jihoon gritava, porém não absorvendo palavra alguma.

Caminhou pelas ruas meio sem rumo. Foi quase atropelado cerca de duas vezes, e não ligou para as buzinas estridentes que estouraram em seus ouvidos pela sua falta de noção no meio da rua.

Nada importava naquele momento; nada fazia sentido. Tudo que queria era deitar em sua cama, dormir, e quando acordar, perceber que tudo aquilo não passava de um pesadelo horrível.

E foi isso que fez.

Jungkook só conseguiu entender um pouco melhor o que estava acontecendo, quando acordou e se deu conta de que aquilo não era um pesadelo, era real. Então finalmente conseguiu chorar, sentindo o peito doer mais do que nunca.

[...]

— Você é tão dramático.

— Eu acabei de descobrir que meu namorado de oito anos está me traindo e você me chama de dramático?! — Jungkook indagou para a irmã, que o encarava com uma expressão impaciente.

Depois de sofrer por algumas horas sozinho, Jungkook percebeu que precisava de alguém lá com ele para ao menos tentar aliviar sua dor, por isso, chamou a irmã que mesmo tendo apenas quinze anos, era sem dúvida alguma a melhor conselheira que ele conhecia.

— Não é drama você estar sofrendo, Jungkook! Mas entenda que não é o fim do mundo! — ela exclamou. — Vai doer por um tempo, isso é óbvio... Mas é uma fase que vai passar e você vai superar — disse, levando o braço até as costas do irmão e o confortando.

— Não sei, Yuna. Não sei se vou superar algum dia. Sinto que passarei o resto da minha vida sofrendo pelo Jih... Merda! Não consigo nem falar o nome daquele... — Ele se interrompeu novamente e jogou o corpo para trás, deitando as costas no colchão de sua cama. — Yuna, não consigo nem xingar aquele maldito! Minha cabeça simplesmente não absorve que ele não é mais meu namorado... Está tudo tão confuso agora... Até ontem eu acreditava que ele era o amor da minha vida e que nós ficaríamos juntos para sempre, e agora... Sei lá. Parece que a vida não tem sentido.

Yuna puxou o corpo do irmão pelas mãos até que ele sentasse novamente, então encarou seus olhos com firmeza.

— Jungkook, está tudo bem você ficar triste, mas eu não vou deixar você se deprimir por causa desse cara! — disse, num tom quase de repreensão. — Poxa, a vida é muito mais que um relacionamento! Tem a família, amigos...

— Não tenho amigos.

— Claro que não tem! Você está desde o sétimo ano andando pra lá e pra cá com esse cara como se seu mundo inteiro fosse ele! — ela exclamou, em seguida aliviando a expressão em seu rosto e tocando a mão do irmão com carinho. — Não acha que está na hora de mudar isso? Você precisa aprender a ser feliz sozinho, irmão...

— Não sei como... — Jungkook murmurou, quase chorando de novo.

— Só vai descobrir tentando... Você passou tempo demais focado nesse relacionamento, talvez seja o momento de aproveitar sua própria companhia.

— Será que eu consigo, Yuna? — indagou, sem qualquer esperança em seu peito.

— Claro que consegue! — Ela sorriu. — Você não tinha um show para ir hoje?

Jungkook abraçou o travesseiro em sua cama e se jogou para trás novamente.

— Não vou mais.

— Ah, vai sim! — Yuna respondeu. — Se quiser voltar a sofrer amanhã, volte, mas hoje você vai ao show!

— Yuna, eu nem gosto dessa banda! O Jihoon que gostava e eu só ia no show por causa dele...

— Então enquanto aquele cachorro vai para o show aproveitar, você vai ficar aqui sofrendo? Para com isso! Você tem que mostrar que está bem!

— Mas eu não estou bem.

— Finja! Nem que seja para você mesmo... Fico preocupada com você sozinho nesse apartamento, chorando por causa desse idiota.

Jungkook respirou fundo, sentindo seu peito murchar mais uma vez.

— Tá. Eu vou e depois volto para casa, mas saiba que estou indo contra a minha vontade.

— Lindo! — Ela sorriu e o beijou na bochecha. — Quero que me mande muitas fotos do show!

Ele assentiu com a cabeça, sem muita animação.

Sua irmã foi embora e Jungkook se viu sozinho novamente, pensando de onde tiraria disposição para ir nesse show. Obviamente faria isso apenas para agradar sua irmã, porque por ele, se afundaria na cama até sentir que seu corpo fazia parte dela.

Mas em uma coisa Yuna tinha razão: se seguisse naquele ritmo, acabaria deprimido, e por mais que nada parecesse fazer sentido agora, não era isso que queria para si.

[...]

Mesmo sendo inverno na Coreia, naquela fila horrível estava calor. As pessoas cantavam e gritavam, numa empolgação totalmente diferente da qual Jungkook se encontrava. Ele só queria ir embora daquele lugar.

Para piorar, o medo de encontrar Jihoon o afligia. Sabia que ele deveria estar lá, e sabia que caso eles se encontrassem, ele tentaria conversar, e Jungkook sinceramente não estava pronto para olhar na cara de Jihoon.

Ao sentir duas batidas em seu ombro, seu corpo estremeceu completamente. Era ele, só podia ser ele.

Quando se virou, soltou o ar com certo alívio ao visualizar a imagem de alguém que não era Jihoon, mas para ser sincero, era apenas um pouco menos pior do que ele.

— Sabia que eu estava torcendo para te encontrar por aqui? — o penetra doido da festa de quinze anos de sua irmã perguntou com um sorriso no rosto.

Ele vestia bermuda e uma camiseta com a cara do vocalista do Aerosmith, o qual Jungkook não fazia ideia do nome. Em sua cabeça, abaixo da franja castanha e bagunçada, tinha uma faixa preta com o nome da banda, e no pescoço carregava um enorme e chamativo cooler de isopor. Era uma imagem tão caótica quanto sua personalidade.

— Oi — Jungkook respondeu sem muito ânimo. Agora sua vontade de ir embora havia se intensificado.

— Tudo bem? Cadê o amor da sua vida? Achei que vocês viriam juntos.

Jungkook engoliu em seco e abaixou o olhar, talvez entregando para Taehyung um pouco do que havia acontecido.

— Putz...

— Você rogou alguma praga para mim?

— Claro que não! — Taehyung se defendeu, levando a mão ao peito. — Por sinal, esperava que fosse demorar um pouco mais. Sinto muito...

— Não sente não.

— Bom, pelo relacionamento não, mas por você sim. Dá para ver que está abalado — ele disse, parecendo sincero.

— É, nem sei o que estou fazendo aqui, na verdade — falou, suspirando no processo ao visualizar a fila que ia ficando menor à medida que as pessoas iam entrando no estádio.

— Você veio aproveitar o show, não é?

— Nem gosto do Aerosmith. Comprei o ingresso apenas para acompanhar o meu namor... — Ele se interrompeu no meio da frase, mordendo o lábio e abaixando o olhar ao perceber seu deslize.

— Mudança de planos, agora você veio me acompanhar — Taehyung falou com simplicidade, em seguida abrindo o cooler enorme e olhando para Jungkook com um sorriso. — Tenho sanduíches, brownies, cerveja e água. Quer alguma coisa?

— Não quero, obrigado.

Taehyung tirou um dos sanduíches do cooler e passou a comer, observando em volta com empolgação como se tudo parecesse divertido demais.

— Sei que você não perguntou, mas vou contar; sempre que vou em qualquer lugar eu trago essas coisas, sou um cara muito prevenido. E talvez um pouco comilão também — contou, parecendo orgulhoso de si próprio.

— Quando invadiu o aniversário da minha irmã, você não levou essas coisas — Jungkook o relembrou, no objetivo de recordar o vacilo de Taehyung para que se sentisse culpado. Contudo, aquilo não pareceu abalá-lo.

— É claro que não levei! Festas de quinze anos sempre têm muita comida. Por sinal, aquelas mini pizzas de atum estavam ótimas, quem fez? — ele perguntou sem o menor constrangimento e Jungkook não pôde conter uma risada incrédula.

— Você é a pessoa mais cara de pau que existe.

— Talvez eu seja, mas acredite, ser cara de pau me proporciona um bocado de oportunidades.

— Imagino que sim — Jungkook respondeu, não muito interessado em saber que oportunidades eram aquelas.

Chegou a vez de Jungkook e Taehyung entregarem seus ingressos e adentrarem o enorme estádio. Estavam no setor da pista, e Jungkook sentia que essa havia sido a pior escolha que poderia ter feito. Caramba, ele nem deveria estar naquele lugar.

— Que demais! — Taehyung exclamou com um sorriso largo, em seguida segurando a mão de Jungkook sem qualquer hesitação e o puxando. — Vem! Vamos mais para o meio.

Sem perceber ou ter a oportunidade de fazer algo para impedir aquilo, Jungkook já estava sendo arrastado para o meio de todos aqueles rockeiros que pulavam e gritavam de forma doida, entre eles, Taehyung. E nossa, como ele gritava.

— Acho que vai começar daqui a pouco! — Taehyung gritou para que sua voz sobressaísse o som do estádio.

Jungkook assentiu, não parando nem por um segundo de se questionar o que diabos estava fazendo lá. Sua energia estava abalada, e nem mesmo quando a banda apareceu ele conseguiu se contagiar pelos gritos animados dos fãs. Inevitavelmente, sua mente acabou fugindo para Jihoon. Será que ele estava lá? Será que estava feliz? Já tinha superado o relacionamento tão rápido?

— Essa é muito boa! Ouve só, Jungkook! — Taehyung berrou em seu ouvido quando começou Crazy. Jungkook forçou um sorriso e assentiu com a cabeça.

Mesmo imaginando que aquilo era fruto de um interesse provavelmente sexual, era legal da parte de Taehyung estar se esforçando para mantê-lo animado, mesmo que eles mal se conhecessem e suas primeiras impressões sobre ele não fossem nada boas. Talvez, se Jungkook estivesse sozinho naquele show, sua situação estaria muito pior.

Taehyung rodeou suas costas com um dos braços, e o outro ele levou ao céu, balançando de um lado para o outro enquanto cantava com toda a sua alma.

Crazy, crazy, crazy for you baby!

Jungkook o olhou enquanto era balançado pelo ritmo em que Taehyung se movia com a música, e não pôde deixar de rir da forma que ele colocava emoção na letra, talvez até mais que o próprio vocalista.

— Você canta tão bem quanto dança — Jungkook ironizou, lembrando da forma ridícula que ele movia seu corpo durante a festa de quinze anos de sua irmã.

— Eu sei! Obrigado! — Taehyung agradeceu e Jungkook riu, negando com a cabeça.

Bom, no fim, até que havia dado para se distrair um pouco.

Quer dizer, até começar aquela música.

I Don't Wanna Miss a Thing. A música de Jungkook e Jihoon, que marcou tantos momentos entre os dois.

Momentos esses, que talvez Jungkook ainda não tivesse parado para lembrar depois do término, mas que agora, ouvindo a música, vieram todos à tona, e seu coração doeu com ainda mais intensidade, não acreditando que aquilo de fato tinha acontecido.

Movido por aquela tristeza absurda, Jungkook se desprendeu do braço de Taehyung e, sem dar qualquer explicação, saiu andando pelo meio das pessoas no objetivo de retirar-se daquela muvuca. Enquanto andava, sentia as lágrimas grossas começarem a se acumular nos cantos de seus olhos, e sem demora, descerem por suas bochechas. Quando finalmente alcançou o mínimo espaço onde pudesse respirar, longe daquele amontoado, já soluçava alto, sentindo o amor por Jihoon vivo dentro de si, infelizmente.

— Jungkook! — Taehyung surgiu do meio da multidão numa postura desesperada e preocupada. — Ei!

Ele se aproximou e sem pestanejar, envolveu o corpo de Jungkook com seus braços. Tudo que o último pôde fazer no momento, foi deitar a cabeça no ombro daquele quase desconhecido e chorar, sentindo suas costas trêmulas serem acariciadas por suas mãos grandes e reconfortantes.

— Quer conversar? — Taehyung perguntou assim que o choro se acalmou um pouco.

Jungkook afastou a cabeça de seu ombro e o encarou nos olhos, vendo ali sinceridade, carinho e conforto. Não entendia como, mas sentia naquele momento que podia contar com Taehyung para qualquer coisa, como se eles se conhecessem há muito tempo.

— Era nossa música — Jungkook murmurou com a voz ainda embargada pelo choro. — I Don't Wanna Miss a Thing era minha música com ele, e agora eu vou passar o resto da minha vida sem poder ouvir porque vou lembrar daquele...

Ele não conseguiu concluir a frase. Foi interrompido quando, por um segundo, os lábios de Taehyung o calaram, num selinho tão rápido que Jungkook mal sentiu, porém foi o bastante para o surpreender.

Ao se afastar, Taehyung o encarou nos olhos e concluiu a frase de Jungkook:

— Daquele maluco que além de entrar de penetra na festa da sua irmã, te beijou do nada no meio do show do Aerosmith. É disso que você vai lembrar.

Jungkook ficou sem palavras, apenas o encarando e digerindo aquele acontecimento inusitado e... satisfatório. Carência? Talvez. Mas de fato, satisfatório.

— Boa tentativa — disse, abrindo um mínimo sorriso. — Mas esse beijinho não foi nada comparado a tudo que vivi com o Jihoon.

— Hum... — Taehyung torceu o lábio e levou o dedo até o queixo. — Será que eu deveria te beijar mais forte, então?

— Não sei se adiantaria.

— Bom, não custa tentar. Você deixa?

Jungkook engoliu em seco e sentiu seu coração bater forte enquanto ponderava se aquilo seria certo ou não. Pensando racionalmente, a resposta era não. Tinha terminado com Jihoon hoje, estava fragilizado e, além de tudo, nunca tinha beijado outra pessoa além dele. Seria precipitado? Provavelmente. Mas pensando de acordo com o que seu corpo pedia, a resposta não podia ser outra além de positiva. Taehyung era bonito, charmoso, engraçado, e Jungkook queria muito beijá-lo, mesmo que isso fosse — inconscientemente — uma fuga daqueles pensamentos depreciativos sobre Jihoon. Mas não queria pensar nisso agora, apenas no fato de que não tinha nada a perder aceitando aquela proposta. Então assentiu.

Taehyung abriu um sorriso pequeno e levou a mão até o rosto de Jungkook, depois a encaminhou até a nuca e firmou os dedos em seus fios de cabelos. A outra mão envolveu sua cintura e o puxou para perto. Encarou seus lábios intensamente e se moveu devagar na sua direção, até as bocas tocarem.

Beijaram-se de forma singela no início, dando um, dois, três selares calmos. Taehyung roçou seus lábios contra os de Jungkook com delicadeza, e então os pressionou com mais força, entreabrindo a boca e empurrando sua língua na direção da de Jungkook, que era guiado por seus movimentos, e àquele ponto, já estava totalmente entregue.

As mãos de Jungkook, que antes estavam apenas pressionadas entre seus peitorais, se encaminharam até a nuca de Taehyung, puxando-o para mais perto e fazendo com que o beijo se encaixasse ainda melhor.

E ao som de I Don't Wanna Miss a Thing, Jungkook tinha um dos melhores beijos de sua vida. Não era querendo comparar, mas talvez ter passado tantos anos beijando a mesma pessoa tenha lhe tirado a oportunidade de sentir outras formas de beijar e, bom, era comparando que se descobria o quão boas essas outras formas poderiam ser.

— Pelo menos, por essa noite, me faz esquecer — Jungkook suplicou num sussurro contra a boca de Taehyung.

— Vamos embora daqui — ele respondeu. Jungkook assentiu sem pensar duas vezes.

Com certa pressa, pegaram um táxi na frente do estádio e o carro os encaminhou em direção a casa de Jungkook.

Ao chegarem, se beijaram pelos corredores, paredes, e quase derrubaram a TV da sala — tamanho era o fogo presente em seus corpos.

O quarto de Jungkook se tornou testemunha do momento que ele permitiu, pela primeira vez, que outro homem além de Jihoon tocasse seu corpo e o desse prazer. Era diferente, tudo era diferente. Taehyung o tocava diferente, o olhava diferente, o beijava diferente. Mas, definitivamente, não era um diferente ruim.

Jungkook se deixou entregar e sentir. Enquanto era fodido, agarrava as costas largas de Taehyung e o beijava nos ombros, não pensando em Jihoon em momento algum. De fato, além de lhe dar um prazer descomunal, naquela noite, Taehyung o fez esquecer.

Te vejo em Dezembro...📆 {Tae + Kook}Où les histoires vivent. Découvrez maintenant