angel of small death IV

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O que ele queria?

O que eu queria, Taehyung?

Taehyung não obteve uma resposta verbal naquela noite. O momento estranho e confuso de ter sua raiva substituída por confusão ao notar o rubor nas bochechas de Jeongguk, suas respirações colidindo, deixando o ar da noite contra seus rostos ainda mais quente. É engraçado como somos levados a pensar em alguém, nossa visão delas estará sempre comprometida pelas dos outros. Pois aos olhos de seus pais, Jeongguk era um garoto perfeito com um futuro mais brilhante que o sol ou a lua no céu. De certa forma, Taehyung também o enxergava assim, apesar de toda a antipatia com o outro.

E então aquela noite aconteceu.

Jeongguk o empurra e sai apressado para dentro de casa. Um covarde, certamente, que não tinha estômago para dizer suas verdades na cara. Ele vai para seu quarto e se enterra no colchão, o coração bate forte, ele pensa em como se distrair do que havia feito. Era tarde demais agora. Pela manhã, Taehyung iria para longe e provavelmente nunca mais iria querer vê-lo. Jeongguk tenta memorizar como era o rosto dele de perto, guardando-o sob a luz fosca da varanda, as sombras o deixavam mais maduro. Ele sabia que Taehyung era bonito, todos sabiam. As meninas da escola que ficavam tímidas ao passar por ele, os namorados que se sentiam ameaçados, as mulheres mais velhas que o elogiavam. Todos sabem. É fácil para um homem bonito saber que é bonito, nunca lhes poupam elogios.

Por mais que Jeongguk também recebesse elogios, eles eram sempre mais educados do que aos direcionados a Taehyung.

Jeongguk é tão adorável, que rostinho mais doce, vai roubar corações com sua voz…

Taehyung é tão bonito que vai ser um problema quando crescer.

Jeongguk, você tem olhos bonitos!

Taehyung é tão gostoso, espero que ele não namore ninguém antes de mim.

Os comentários das garotas da escola eram chocantes quando elas achavam que não estavam sendo ouvidas. Jeongguk se odiou por anos por concordar com elas.

Ele morde o travesseiro, frustrado e sentindo-se sufocado.

O que eu quero?

Isto é errado.

É nojento.

Ele vai me odiar.

Ele vai me matar.

São 03:32 da manhã.

Um minuto passa. Jeongguk vaga pelo corredor, escuta os roncos altos vindo do quarto dos pais de Taehyung. E em frente a porta do quarto dele, Jeongguk testa a maçaneta.

Esta aberta.

Ele quer olhar para Taehyung uma última vez. Mas o choque de abrir a porta e sentir os olhos abertos do outro sobre ele faz seu coração errar uma batida. O outro rapaz se senta na cama, também alarmado pelo intruso em seu quarto.

“O que você quer?”

Mais uma vez, Jeongguk não responde.

Não consegue sequer imaginar o que passou na cabeça de Taehyung quando ele se aproximou da cama e se sentou, soprando o ar pela boca. Estava perdido, sua mente atormentada. Seu lugar era certamente em um hospício. Depois de anos olhando para Taehyung à distância, fantasiando coisas que provavelmente o fariam se morto ou se tornar um pária caso fossem verdade. Jeongguk pensava em como deveria ser punido, como fugir daquilo, suprimir esses desejos deveria ser mais fácil. Era injusto.

Taehyung pergunta outra vez. Outra coisa, em um tom mais irritado. Jeongguk ignora, ele quer ser punido, quer ter medo. Quer ter tanto medo que esses pensamentos se assustem e vão embora. Ele inclina seu corpo em direção a Taehyung. O pega de surpresa novamente. Ele é uma caixinha de surpresas esta noite.

Sua mão repousa no peito de Taehyung ao mesmo tempo que os seus lábios tocam os lábios dele.

É uma sensação arruinadora, pois imediatamente Jeongguk sabe que realmente queria fazer aquilo. Ele então espera pela dor.

Um soco, um empurrão, uma mordida, uma reação agressiva. Espera pela violência com um coração em paz.

Quando ela não vem, ele geme. Atormentado. Uma língua quente passa por entre seus lábios e o beijo não é mais apenas um toque, mas algo profundo, molhado. Uma bagunça. Mãos firmes agarram sua cintura e ele não sabe o que está fazendo, mas suas pernas sabem. Montado sobre o tronco de Taehyung, pensamentos colidem uns contra os outros, cada um mais lépido que o outro. Em poucos segundos, ele está sendo devorado por Taehyung. Seu pescoço, seu peito, sua boca. Ele cursa um trajeto entre eles, enquanto suas mãos fazem o mesmo.

Experiência. É o que Jeongguk conclui, mas não há muito mais o que pensar sobre isso.

Quando os dedos de Taehyung chegam a curva das suas costas, bem acima do seu quadril, e descem cada vez mais até chegarem em suas nádegas, Jeongguk solta o ar preso em sua boca de modo exasperado, ele é apertado com força, bem lá em baixo. Imediatamente a sensação quente ao pé da barriga se espalha ainda mais.

Antes que ele possa reagir, Taehyung trás uma mão livre para sua boca. Os olhos dele são diferentes, quase selvagens, é fácil de ver mesmo na pouquíssima iluminação que vem da janela. Ele enfia dois dedos com força da boca de Jeongguk, que engasga, os reflexos de vômito fazendo sua garganta se contrair e seus olhos se encherem de lágrimas. Taehyung não é gentil. Ele pressiona seu indicador e dedo do meio com força sobre a língua de Jeongguk, enquanto seu polegar aperta a parte externa da bochecha. Esta não era a punição que Jeongguk esperava.

Saliva se acumula em sua boca, Taehyung deixa ela revestir seus dedos sem pressa, tudo enquanto volta a beijar e chupar o pescoço alheio. Jeongguk pode senti-lo duro embaixo dele, ele sabe que Taehyung provavelmente o sente também.

Respirações pesadas e calor os rodeiam, Jeongguk se deixa perder em meio a isso.

O pecado o corrompe e um gemido mais alto do que deveria quase escapa da sua boca, não fosse a mão de Taehyung a o calar imediatamente. Ele cobre tanto sua boca como o nariz, pulmões queimam, dor e prazer se interligam. Jeongguk supõe que são os mesmos nervos. Ele poderia morrer sentindo aquilo e as penas de suas asas estariam intactas ao subir ao paraíso.


angel of small death • TAEKOOKWhere stories live. Discover now