[15] Todo mundo ama Crystal Banks - Pt. 1

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Alicia Brown.

Imaturo. Inconveniente. Insuportável. Idiota.

Palavras que começam com a letra I as quais jamais imaginei usar para definir Christopher Perry, mas lá estavam elas rondando minha cabeça sem parar. Durante minhas aulas da tarde, fiquei me questionando o que teria levado o garoto a agir de maneira tão estranha durante o almoço. O fato dele querer almoçar comigo e Andrew não me incomodava tanto, pois eu adorava ter sua presença por perto sempre que possível. Chris sempre era sagaz, engraçado e gentil com qualquer formiga que cruzasse seu caminho, imagine só com as pessoas em geral. Por isso eu não entendia de onde havia saído aquele Perry impaciente e irritadiço (mais duas palavras!) do almoço.

Mas agora definitivamente não era o momento de focar naqueles pensamentos. Eu havia entregado minha resenha sobre política e relações internacionais e recebido uma bela nota por ela, mas ainda tinha alguns bons trabalhos para finalizar até o Spring Break, as famosas férias de primavera que estavam chegando. Era apenas uma semana de pausa entre o fim de março e o início de abril, mas era muito bem-vinda no início do semestre quando estávamos sobrecarregados. E eu ainda não sabia onde passaria aqueles dias! Minhas opções eram a casa da minha mãe, no Colorado, pois ela já havia se mudado de novo desde que entrei na faculdade, ou a casa da família do Chris, que vinha sendo meu refúgio em todos os feriados nos últimos anos. A casa ampla e sofisticada em estilo campestre ficava no interior de Illinois, cidade na qual eu havia estudado durante uma parte do fundamental e todo o ensino médio, até Chris e eu decidirmos explorar a grandiosa Nova Iorque e sua promissora Columbia University.

O que me trazia gratidão por um lado e uma tristeza profunda por outro era pensar que a casa da família de Christopher ressoava mais como um lar para mim do que qualquer outra que eu tenha vivido antes. Eu sinceramente já estava morrendo de saudade do Adam, irmãozinho de Chris, e de seus pais, mas estava um tanto receosa de que meu melhor amigo talvez não fosse me querer em sua casa depois de tudo que aconteceu. Em meu íntimo, estava morrendo de medo de que algo tivesse se quebrado entre nós apesar da conversa que tivemos, principalmente por conta do comportamento estranho dele. Porém, aquele não era o momento de me convidar para sua casa. Ainda faltavam alguns dias e eu tinha outros assuntos para me preocupar.

Cheia de pensamentos intrusivos e carregando apenas o sonho de terminar a graduação um dia, saí do prédio de Ciências Políticas e me dirigi até o meu, onde Jess me ajudaria em uma pesquisa sobre o papel da mulher nas sociedades primitivas e depois, com sorte, comeríamos porcaria assistindo O Diário da Princesa como duas adolescentes sem responsabilidades ou neurônios. Infelizmente, meu objetivo completamente inocente foi destruído debaixo dos meus olhos enquanto eu tentava chegar até o dormitório. No banco que ficava perfeitamente posicionado abaixo de uma árvore gigante, bem em frente ao prédio, estavam Christopher Perry e a senhorita-perfeita Crystal Banks, que praticamente cuspia arco-íris e lágrimas de unicórnio por onde passava. Ela tinha um sorriso gigantesco e pequenas lágrimas se formando nos cantos dos olhos, de quando você ri até chorar, enquanto Christopher parecia investido em alguma história divertida. Era incrível como o rosto dele se transformava por completo quando estava narrando alguma lembrança boa. Os olhos cor de esmeralda, às vezes escondidos pelos óculos de grau que ele usava nas aulas, cresciam ou se comprimiam pelos gigantes sorrisos infantis que lançava. Parecia errado ficar observando um momento tão íntimo, mas quando me dei por conta estava parada no meio do caminho com uma cara de poucos amigos, até Chris desviar o olhar por um segundo e me ver, surpreso.

— Ali! - Ele acenou, me chamando.

Respirei fundo e caminhei até eles.

— Oi, Chris. Oi, Banks. - Saudei, tentando demonstrar simpatia.

Cupido Reverso [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now