II

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O corpo de Rubens doía, ofegava várias vezes, como se lhe faltasse ar, a adrenalina corria por suas veias, seu pulso tremia. Um sentimento de medo, o improvável aconteceu, o destino o pregou mais uma de suas peças.

Parou em um canto da calçada para se recompor.

Olhou para trás. Nenhum curioso o seguiu desde a brincadeira de mal gosto do destino. Desde a peça pregada a sua vida.

Espantados? Obviamente que sim.

Ao seu redor várias pessoas passavam por ele. Estas não estavam nenhum pouco assustadas. Pareciam não se importar, estavam concentradas demais em pensar em sua própria vida.

Precisamente, estavam achando como se todos os hematomas e terno em farrapos manchado de sangue, fosse uma característica normal entre os mendigos da cidade central.

Existindo muitos de fato, em situações preocupantes e graves. Na cidade central, era de fato difícil de viver com pouco menos de uma renda mínima, tão pouco quem não há se quer um lugar para dormir. Mas obviamente, nenhum se assemelhava a uma pessoa que foi rebatida por um carro e chocada contra um muro maciço. As pessoas não procurariam pensar tão longe assim.

Rubens pode afirmar que sobreviveu a um acidente brutal. Ele tem os vestígios do fato em seu corpo, mas ninguém se importa ou se quer irá tentar concluir uma possibilidade.

Rubens retorna a andar, agora em passos lentos. Vendo-o, se sente ferido, incapaz de andar. Mas fato é que ele ainda não consegue acreditar, ele está bem, consegue andar normalmente, sem dor alguma, não sente e não ouve nenhum de seus ossos sendo quebrados ou estralados ao movimento pesado dos pés sobre o chão. Estava firme, como qualquer pessoa ao seu redor.

É difícil de mais acreditar que ele está vivo.

Rubens chega próximo a um orelhão telefônico sem hesitar. Põem o telefone entre os dedos e disca rapidamente as teclas. A ansiedade era grande. A chamada acontecia e as vezes se interrompia por um momento, mas voltava novamente.

Uma interferência.

Um celular certamente cairia bem para ele nesse momento, pensa. O que ele havia o foi tomado, por justa causa.

Luanne, a psicóloga, interrompeu o seu uso, devido a uma prevenção sobre o seu distúrbio mental.

Não é um celular que pode piorar as suas condições, mas para ela o mínimo contato com telas é fundamental para não se agravar. Até o fim de suas pesquisas, a estabilidade já é bem aceitável para uma probabilidade maior da cura, evitando danos e problemas futuros que possam piorar a sua recuperação caso venha perder o controle.

----------- Oi! Como posso lhe ajudar?

Uma pergunta quase que automática faz com que ele volte a sua atenção ao telefone.

---------- Olá! Sou eu! Rubens!

---------- Rubens? O que houve? Você está ligando a muito tempo? Quando me liga quase sempre não são boas notícias.

A voz era em tom melancólico, mas persistia objetivo. Já desconfiada da tragédia, querendo buscar o máximo de informações em poucos segundos.

Rubens não é de prolongar, e sem detalhe algum, a voz parece entender.

---------- Venha me buscar.

A voz hesita por um momento, quer mais informação, mas por fim, cede.

-------- entendi. Estou a caminho.

Após a voz encerrar a chamada, surge o repetitivo barulho do orelhão. O barulho hipnotizava.

A ApariçãoWhere stories live. Discover now