[𝟎𝟑] 𝐈𝐍𝐄𝐅𝐀𝐕𝐄𝐋, au pejão

quatro

JOÃO VITOR, point of view
São Paulo, Brasil 

sua risada ecoava na minha casa. estávamos sentados no sofá, com uma caixa vazia de pizza na mesinha de centro e algum filme — que pouco nos importávamos saber qual era — passando na TV.

momentos assim não são raros, já virou rotina.

como sua companhia é definitivamente uma das melhores coisas que já me aconteceram nesses últimos anos, pedi para que passasse essa noite aqui.

sabe, apesar de termos nos conhecido há uns quatro anos, fernanda e eu estamos juntos há seis meses — mais ou menos. 

sim, estamos juntos. não é algo tão sério quanto um namoro, mas não tão largado como uma amizade-colorida. até porque, não tinha como termos algo ponderoso, fala sério: dois peitos quebrados, o amor é uma coisa que não tivemos um pingo de sorte.

nós somos o que somos e é isso aí.

o relógio marcava 18h13 quando eu recebo uma ligação de malu. aproveito que fernanda fora na cozinha buscar outra garrafa de vinho para atender. 

— oi, malu! – falo assim que a atendo.

— você 'tá ocupado? – sua voz soava eufórica, parecia animada com algo.

olho a sombra de fernanda na cozinha.

— não... não, não estou. – respondo. — por?

— ótimo! então toma um banho rápidão, se arruma bem chique e em vinte minutos eu estou aí. 

— mas, pra qu–

— beijinhos! – e então a chamada é encerrada. 

encaro a tela do meu celular, agora desligada, tentando entender o que acabara de acontecer.

 malu, apesar de caótica, nunca — repito, nunca — tinha feito isso, me tirar de casa essa horário sem marcar antes ou algo do tipo. logo: ela estava aprontando alguma coisa.