Divórcio amigável

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— Emms, por que a gente não vai pro sofá?

— Boa ideia, Ruby — Emma respondeu com um sorriso fraco e se posicionou de lado, me dando espaço para passar.

— Eu acho que vou embora — Soltei a mão da adolescente ao meu lado e dei um passo para trás. Era realmente difícil decidir como me portar, afinal, eu ainda estava com muita raiva pelo que aconteceu dias atrás naquele quarto de hotel.

— Não — Emma falou rápido demais — Não vai. Podemos pedir pizza e, sei lá, falar sobre a Caroline.

— Eu estou bem aqui — Carol se posicionou melhor, com as mãos na cintura. Se fosse qualquer outro momento, eu teria achado engraçado. — Que tal me contarem o motivo de todo mundo ter ficado calado como se tivesse algo errado? E mãe, devo ficar feliz por você já conhecer a Regina ou estou em apuros?

— Está tudo bem, filha. São só... Coisas de adulto. — Emma repetiu o que eu havia dito na livraria e, se a expressão chocada da mais nova significasse alguma coisa, tive a impressão de que ela entendeu. Caroline pareceu entender que nossa relação vinha muito além de uma parceria de trabalho.

— Adultos são tão complicados...

— Que tal mostrarmos a sua estante pra Regina, Carol? Lembra que você comentou comigo que ia mostrar pra ela? — A Aiko (que eu já tinha me esquecido) apareceu na minha frente com um sorriso que dizia "vamos sair daqui". Eu me senti uma adolescente, mas me permiti ser levada ao quarto da Caroline.

Seria bom ter esse tempo, essa distância da Emma.
Enquanto eu via a coleção separada por cores daquela que um dia desejei ser minha filha, eu sabia que um grupo de adultos falava de mim.


Emma

— Nem fodendo! Nem fodendo! — Ruby andava de um lado pro outro na sala, mais desesperada do que eu.

Na verdade, a minha reação foi muito diferente da minha própria personalidade. Eu simplesmente sentei no sofá e apoiei meu rosto nas minhas mãos.

— Matematicamente falando, qual é a chance? Sério, Lila, eu juro que dessa vez não fui eu. Sei que naquele pub eu incentivei e tudo, mas nem eu pensaria em uma situação tão fodida assim.

Sim, minha amiga ainda se sentia culpada, mas agora era engraçado.

— Ok, quem vai me explicar qual é o problema com a deusa ali? — Yudi levantou a mão direita e perguntou, como se estivesse em uma sala de aula.

— Basicamente Emma e Regina não podem ficar na mesma sala sem se matar.

— E suspeito eu, sem se pegar.

Mary e David explicaram e o "oh" que saiu da boca do Yudi antecedeu o gemido frustrado que eu dei.

— Bom, acho que agora só a parte do "matar" está acontecendo. Estamos sem nos falar há dias. Nem no prédio de Letras a gente se cruza mais. — Desabafei.

— Oh, querida. E por que? Ela quebrou seu coração?

— Ei! Por que ela quebraria meu coração, Yudi?

— Olha pra ela! Só uma idiota quebraria o coração daquela mulher.

Olhei para os seus olhos puxados com tanta sinceridade que era impossível não entender. Eu não acho que quebrei o coração da Regina. Na verdade, depois de um término como o dela, não acho que ela esteja pronta ou aberta para ter o coração quebrado.

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⏰ Last updated: Dec 31, 2023 ⏰

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