CAPÍTULO 1

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《 Emílio Soares 》

Olho no relógio e ainda são 4:30 da manhã,  me levanto pois não consigo dormir, minha vida está tão complicada...

Preciso de dinheiro urgentemente, não pensem mal de mim, eu não sou nenhum ganancioso,  esse dinheiro que preciso não é para mim e sim para minha mãe.

Já faz dois anos que ela descobriu que tem câncer,  depois dessa descoberta minha vida virou de cabeça para baixo, tive que sair da escola para arrumar um trabalho para ajudar nas despesas e também para os remédios e tratamento do maldito câncer.

Vocês devem estar se perguntando pelo meu pai... até que ele tem um emprego, só que gasta tudo com o vício miserável de drogas.

Antes a gente tinha uma bela casa no centro de São Paulo,  não era uma mansão mas tinhamos, mas depois de minha mãe sair do emprego por causa do câncer e meu pai se afundar no vício,  perdemos nossa casa.

Por isso tivemos que nos mudar para a favela Florianópolis,  a casa é pequena e o aluguel é um pouco caro, mas foi o mais barato que achei.

Tenho que me virar nos 30 para conseguir bastante dinheiro para o aluguel, comida, tratamento e remédios,  fora o dinheiro que meu irmão mais novo pede para levar para a escola.

Como sou o filho mais velho tive que ser o homem da família,  já que meu pai está ocupado se drogando por ai.

Hoje estou com 19 anos e não terminei o Ensino Médio,  parei no terceiro ano, mas não ligo para isso, só quero que minha mãe fique boa novamente.

Eu trabalhava em um restaurante como garçom,  você escutou mesmo... trabalhava , fui demitido. Eles me acusaram de roubo, um cliente queria transar comigo e eu não quis, ai ele me acusou de roubar o seu relógio.

Ou seja, preciso encontrar um emprego urgentemente, os remédios da minha mãe estão acabando e preciso comprar mais e esse remédio é caro pra caralho.

Até eu encontrar um trabalho que pague melhor, estou vendendo bala no trânsito,  tem dias que recebo 50, 60 por dia, mas tem outro que não chega nem nos 10 reais.

Escovo os dentes e vou para a minha rotina diária,  encontro o Sérgio que também vende bala no trânsito , comprimento ele com um aperto de mão e vamos para o centro da cidade que tem mais movimento de carro na rua.

-- Sabe Sérgio,  preciso ganhar mais dinheiro urgentemente, o remédio da minha mãe está acabando e a comida de casa também,  eu não sei o que faço,  tô ficando desesperado já.

-- Eu tenho até duas possíveis soluções , mas você não vai aceitar nenhuma das duas. | Olho para ele e fico curioso.

-- O que posso fazer?

-- Você pode roubar ou se prostituir, você é muito bonito e tem vários homens que ficariam doidos por você.

-- Não,  tá louco, eu nunca vou fazer isso, se minha mãe descobre que tô me prostituindo pra comprar os remédios dela é capaz dela morrer de desgosto.

-- Entendo... e roubar, eu conheço uma casa perfeita para você roubar, lá não mora ninguém,  pois sempre está fechada e o quintal está todo descuidado.

-- Não sei se tenho coragem de roubar, e se me pega, eu não posso ser preso, minha mãe só tem a mim, meu irmão é muito pequeno e meu pai só pensa nas drogas.

-- Você que sabe, qualquer coisa é só me avisar que mostro onde a casa fica.

Olho para o Sérgio e continuo o meu trabalho, hoje consegui faturar 65 reais vendendo doces, quardo 30 reais e o resto compro de comida para amanhã.

Me despeço do Sérgio e vou para minha casa, a subida ao morro é bastante cansativa, sem contar que ao entrar no morro fui barrado por vários homens armados,  esse é o lado ruim de morar na favela, mas as pessoas são gente boa, até o dono da favela também,  ele desde que me mudei pra cá correu atrás de mim para transar comigo, ele dizia que sou o garoto mais bonito que ele já tinha visto e a obsseção dele por mim ainda não acabou, eu vejo os olhares dele para mim.

Chego em frente de casa e escuto o choro do meu irmão,  entro em disparada e encontro minha mãe desmaiada no chão e meu irmãozinho  ao seu lado chorando pedindo para que ela acordasse.

Fico sem saber, vou até ela, olho e aliso o seu rosto pedindo para que acorde logo, pego meu celular e ligo para a ambulância,  eles disseram que em minutos chegavam, e o que podia fazer era esperar...

CONTINUA...

A Proposta do MascaradoWhere stories live. Discover now