Parte II

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Duas semanas depois, a ONG Plantando Sementes se preparava para a tão aguardada festa de Natal

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Duas semanas depois, a ONG Plantando Sementes se preparava para a tão aguardada festa de Natal. Passamos a manhã enfeitando cada cantinho do espaço com enfeites verdes e vermelhos, cartazes natalinos feitos pelas próprias crianças e uma árvore rodeada de bolinhas e pisca-pisca brilhante. Ao olhar para o resultado daquelas semanas incansáveis de divulgação, e ao imaginar o sorriso de cada criança beneficiada, sentia que tudo valia a pena.

Pouco a pouco o lugar era ocupado até sobrar pouco espaço para os que ainda chegavam. A fila dos presentes estava quilométrica, chegando ao outro lado da esquina, e o barulho e algazarra de crianças era a melodia do lugar, sobrepondo-se às canções natalinas. No pátio, um chuveirão fora montado para o alívio do calor, cuja sensação térmica certamente ultrapassava os 40°.

— Quem quer cachorro quente!? — Anunciei, me preparando para a multidão infantil que erguia a mão para mim. Aquela altura, eu já estava suada, descabelada e suja com diferentes tipos de alimentos acidentalmente derramados em mim por mãozinhas pequenas. Mesmo assim, estava radiante.

Até olhar para o lado de fora e notar entre o vai e vem de pessoas, uma figura que poderia facilmente ultrapassar os 1,85cm de altura. A geladeira humana parada em frente à porta olhava em minha direção, e se não fosse a raiva que eu sentia naquele momento, teria percebido antes que uma figura acanhada o acompanhava. A menina de cabelos claros olhava para o lado, ressabiada, certamente desacostumada com aquele tipo de evento. Entregando a bandeja quase vazia para outro colaborador, segui na direção deles quase cuspindo fogo.

— Como você soube que hoje era o dia da festa?

Aparentemente mal-humorada, encarei os seus olhos azuis, me achando idiota por ter confiado tantas reações a ele. Desde aquele dia, lido com o silêncio do seu pensamento julgador. E depois de muito pensar sobre o assunto, tinha certeza que ele achava tolice o que eu tinha feito, coisa que certamente ele não faria com os irmãos. Mas também, do que ele poderia abrir mão que não pudesse recuperar depois? Um carro importado? Uma cobertura em Copacabana? Yuri era tudo o que eu tinha, e diferente dele, eu não esbanjava opções para lhe dar um futuro melhor.

Parecendo perceber o meu tom hostil, Loid erguia uma sobrancelha, ato que me deixava mais irritada.

— E como eu não poderia saber? A Renata me disse.

Traidora.” Quis dizer. Mas, conhecendo a mulher, sabia que ela não se importava muito com a índole das pessoas. Enquanto eu maquinava sobre os motivos que ainda o traziam até aqui, fui surpreendida com doces olhos esverdeados, que me observavam com um pouco de cautela.

— Oi, mocinha! Como você está? — Decidida a ignorar o pai da garota, e focar somente na garota, curvei o meu corpo, sorrindo de forma acolhedora. Em resposta, a pequena Anya se encolhia, agarrando as pernas do pai com as mãozinhas curtas.

— Essa é a Yor, Anya. — Acariciando os cabelos da menina, que daquele ângulo pareciam da cor de algodão doce, Loid incentivava-a se aproximar. — Eu não te disse que ela era boa com crianças?

Uma Família para Yor [TwiYor/LoiYor]Where stories live. Discover now