Parte I

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Minha história começa com um belo banho de lama, em uma terça feira chuvosa

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Minha história começa com um belo banho de lama, em uma terça feira chuvosa. Irritada e completamente gosmenta, encontrei abrigo debaixo de uma marquise inacabada, exibindo pregos e vigas que ameaçavam cair na minha cabeça a qualquer momento. Suspirei, sendo rápida ao alcançar o celular e digitar algumas vezes para que as letras aparecessem. Abrindo o aplicativo da Uber, reprimi um xingamento ao olhar o valor da corrida, exorbitantemente alto.

— Mercenários.. — Praguejei, fazendo a técnica de abrir e fechar o aplicativo para que o preço baixasse. Seja lá quem estivesse do outro lado, estava irredutível.

Ao final de 20 minutos, cedi. Eu não estava nem um pouco afim de arriscar a minha cabeça debaixo daquela marquise, tampouco ficar sozinha naquela rua deserta. Como sempre, eu não precisaria estar contando - e chorando - pelos trocados da passagem caso a empresa de trens fizesse a sua parte. Depender daquilo era imensamente prejudicial à minha saúde mental, mas apesar de sempre desejar nunca mais depender do transporte, no dia seguinte lá estava eu de novo, me apertando entre braços e pernas para poder passar.

Sob o olhar fuzilante do motorista, cheguei em casa totalmente maltrapilha. Queria até pedir desculpas por entrar daquele estado no carro, mas temi que uma palavra da minha boca valesse a limpeza do veículo. Já estava em desespero e refazendo as contas do mês depois de desembolsar 70 dinheirinhos naquela corrida. Pagar mais do que isso estava fora de questão.

— Certamente eu vou receber uma estrela. — Comentei em tom penoso, me dividindo entre tirar a blusa e a meia molhada. Minha reputação no aplicativo era boa demais para ser manchada por algo do tipo, mas se fosse o caso, não podia negar que ele estava na razão.

Coloquei as roupas sujas na máquina e antes de finalmente tirar aquele cheiro de barro do corpo, alcancei meu celular a fim de ver as mensagens. Havia umas duas do meu chefe, exigindo pontualidade no dia seguinte - será que ele não vê as notícias no jornal da manhã? Ou será que acha que todo mundo consegue trocar de carro anualmente com o salário atual? - e uma do meu irmão. Ignorando a mensagem do meu superior, cliquei na mensagem do meu irmão e imediatamente abri um sorriso em resposta.

Irmãzona, veja, é neve! Bem branquinha como imaginamos. Um dia, você verá com os seus próprios olhos.

Continuei com o sorriso bobo no rosto ao ver a face sorridente de Yuri diante de uma pilha de neve. Meu irmão mais novo, que para mim ainda era um bebê, iniciou os seus estudos fora do país no início do ano. Nem preciso dizer que chorei copiosamente ao levá-lo para o aeroporto.

Ter Yuri longe era o equivalente a ter perdido um membro do meu corpo. Devido ao falecimento precoce de nossa mãe, vivíamos grudados, confiando nossos segredos e desejos um para o outro. Era difícil explicar para uma criança de 6 anos que a nossa mãe não ia mais voltar, então, para acalmar a dor, eu o distraía com brincadeiras e histórias, até ele dormir.

Uma Família para Yor [TwiYor/LoiYor]Where stories live. Discover now