⊱ dieci ; emily dickinson

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[DEZ ANOS ATRÁS, VANCOUVER - CANADÁ]

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[DEZ ANOS ATRÁS, VANCOUVER - CANADÁ]

— Você tem certeza? — de algum modo, a voz de Suzy acaba fraquejando conforme ela se aproxima. O que ela sente não é medo, mas existe um sentimento de dúvida que a consome por dentro.

Ela não tem certeza se aquilo é o correto.

— Por favor. — a voz da loira suplica pela segunda vez em menos de dois minutos, ela está visivelmente cansada, seu corpo dói, a ponta dos dedos de seus pés é um incômodo tagalerante, porque não para por um segundo qualquer.

— Tudo bem. — a morena cede, ainda com receio de acabar sendo bruta de alguma maneira.

Suavemente os dedos de Bae tocam a parte superior da coberta, responsável por cobrir o corpo de Rosé. Ela está encolhida em uma posição amável, como se quisesse se esconder de algo — mesmo que não houvesse nada para fugir.

Algo nela parece diferente de antes, mas Suzy não consegue determinar com a exatidão que gostaria. Ela não é nenhuma expert no seu temperamento ainda, então fazer qualquer tipo de suposição é no mínimo ofensivo.

Mas ela quer saber o que é.

— Minha barriga está doendo. — resmunga ela de repente, virando-se para frente. Bae ainda está imóvel, e seu corpo não está por baixo das cobertas.

Bae se aproxima com cuidado, da mesma forma que um adulto faz quando deita-se ao lado de um recém-nascido, como se cada momento fosse extremamente calculado para não gerar lesões ou na pior das hipóteses algo fatal. É claro que nesse cenário, Rosé está longe de ser um bebê indefeso que acabou de nascer, mas ao mesmo tempo há algo sobre ela que parece precisar de proteção.

O olhar dela é opaco, sem vida, não reluz absolutamente nada. É como uma janela virada para uma parede de concreto, privada de qualquer animosidade. Os lábios dela tremem de forma que seus dentes aparecem levemente. O semblante desanimado indica que existem mais pensamentos dentro de sua cabeça dos quais ela é capaz de processar ao mesmo tempo.

O dissociamente é evidente. Seu desânimo é inevitável. Sua barriga dói, mas não é pela fome, embora Suzy não saiba disso.

— Posso buscar algo para você comer. — sugere Bae sentindo o hálito fresco de Chaeyoung atingir seu rosto. Tem cheiro de menta. Sua pasta de dentes deixa isso vívido.

— Não. — nega movendo a cabeça. Ela se aproxima e toca os cabelos de Suzy, dedilhando desde a raiz até a ponta dos fios, por mais que seja rápido, aos olhos da mais velha é uma perfeita cena em câmera lenta. — Não é fome.

(Until) I Found Her Where stories live. Discover now