O segredo da bibliotecária

64 3 2
                                    

Na pequena cidade em que nasci, as crianças desde bem novas eram induzidas a acreditar em lendas que faziam seus pequenos cérebros atormentá-las durante o sono. Alguns acreditam que as lendas foram criadas com bons intuitos, já eu, acredito que muitas são resultados dos pesadelos que ainda atormentam grandes cérebros. A partir do momento que você acredita em uma lenda seu cérebro faz questão de trazer esse medo à tona. Eu por exemplo, não consigo esquecer da lenda que mais me atormentava quando eu era criança: O segredo da bibliotecária. De relance o nome parece bobo ou até ingênuo, mas eu garanto a vocês caros leitores, essa história é minha predileta por um bom motivo.

Em uma pequena cidade do sul, morava Chloe, uma moça trabalhadora e estudiosa. Uma mulher baixa e magra, fraca demais para reagir caso fosse atacada. Talvez seja isso que chamou a atenção do assassino, ou talvez quem sabe a forma desatenta com que ela andava pelas ruas. Chloe para trás apenas seus avós, ela era de certa forma bem solitária, não tinha muitos amigos e mesmo sendo uma mulher bonita, não era o suficiente para chamar a atenção de olhos alheios. Então ninguém se lembrava ao certo de tê-la visto uma última vez.

– Mas como assim? Ninguém a vê a duas semanas? – disse a avó de Chloe

– Sinto muito, o último lugar que acham terem a visto é na biblioteca, mas infelizmente não é uma certeza.

Os dias seguintes foram de muita busca preguiçosa e gente que afirmava que com certeza Chloe já estaria morta. Em algum ponto (Não sei quando) desistiram. E com 4 anos de sumiço, ninguém se importava mais, seus avós haviam desistido, e seus amigos agora tinham suas próprias famílias para se preocuparem. Chloe foi esquecida, e mesmo sem um desfecho decente foi dada como morta, não judicialmente, mas todos haviam aceitado o triste fim de Chloe. Mas é claro que ninguém nunca soube de fato do que aconteceu no dia 8 de Novembro de 1996. Naquele dia ela entrou na biblioteca, e como de costume agarrou vários livros com o intuito de estudar para suas provas finais, ela mordeu o lápis de maneira ansiosa. Talvez se não estivesse tão desatenta poderia notar a forma perturbadora como a bibliotecária a olhava, os olhos daquela senhora estavam fixos em Chloe. Para Chloe, ficar na biblioteca até a hora de fechar era completamente normal, muitas vezes ficava sozinha junto a senhora, e para a bibliotecária isso era algo que facilitava muito as coisas. Ela aguardou ansiosamente até que todos tivessem se retirado e andou silenciosamente até Chloe, posicionou sua arma na cabeça da jovem e a mandou andar quietamente junto a ela.

– Posso ao menos saber se fiz algo para a senhora? – disse Chloe com um medo deixava transparecer até demais

Chloe não obteve sua resposta verbalmente, mas teve sua resposta de certa maneira. Elas chegaram a um quartinho escuro e sujo nos fundos da biblioteca, algumas pessoas aguardavam por sua chegada. Chloe foi torturada por diversas pessoas, às vezes era filmada por várias pessoas ao mesmo tempo, mas nada se comparava ao desgosto de saber que essas filmagens eram vendidas para alguns pervertidos ricos, que por sinal se divertiram muito ao vê-la sofrer e ser humilhada de todas as formas imagináveis. Ela não era a primeira, e com toda certeza não seria a última, mas para a infelicidade de Chloe, seus vídeos eram os que mais vendiam. O lucro que a bibliotecária recebia a fez ficar com Chloe por mais dois anos, até que por fim Chloe desistiu de tentar e se matou.

Talvez você caro leitor, ache que minha história não é tão assustadora quanto a fiz parecer, e de fato, ela não me assustou assim que a ouvi. Mas o que realmente me deixou agoniada uns anos depois foi saber que o corpo de Chloe foi encontrado, e junto a ela algumas armas de tortura mal escondidas. O que me faz pensar, como aquela senhora que me contou a história saberia a maneira que Chloe morreu?

Bom na verdade, isso seria bem mais fácil de esquecer se eu não a pegasse me observando toda vez que estou sozinha naquela maldita biblioteca, e principalmente agora que ela me observa mastigar o lápis ansiosamente.

Contos de suspense/terrorKde žijí příběhy. Začni objevovat