Capítulo 4 - Banho

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- Não preciso de convite, meu amor. Embora seu corpo esteja bem convidativo nesse pequeno biquíni vermelho. – ele passou vagarosamente a mão por minha coxa embaixo da água transparente, espalmando-a pouco acima de meu joelho e seguindo. Segurei seu pulso, impedindo que a mão continuasse subindo. Ele só podia estar louco. Tinha esquecido que eu era eu, é a única explicação. Daniel riu baixo e rouco, dedilhando a parte na qual eu mantinha sua mão parada. Um arrepio subiu pela minha espinha, me fazendo respirar fundo para não perder o controle. Céus, quanta necessidade! Melanie, você já foi mais imune a toques masculinos do que isso. Lembrava-me a cada milésimo de segundo que os dedos dele não deixavam a minha pele que aquele era Daniel, e que eu não podia, sob hipótese nenhuma, aliviar minha abstinência com ele. Aquilo só podia ser tensão sexual, não é possível. Afinal, quando se é agente da CIA, não há muito tempo para arranjar um homem decente para passar uma noite. Eles são frágeis demais e não sabem tocar os lugares certos. Uma desgraça. – Por que você não deixa todos esses pensamentos condenadores de lado por apenas um momento e se permite aproveitar? – ele continuou com o mesmo tom supostamente sedutor. - Estamos presos em uma missão perigosíssima e só temos um ao outro para consolo. Se você admitisse que me quer tanto quanto eu te quero, eu tiraria nós dois dessa tensão e faria o peso que carregamos muito menor. – eu continuava com a voz entalada na garganta e ele agora aproximara seu rosto de mim e roçava seu nariz pelo meu pescoço. Meu aperto em seu pulso titubeou e ele imediatamente aproveitou para começar a distribuir pequenos apertões no interior quente da minha coxa nua. Ele não se arriscava muito, afinal apesar de mais frouxo, o meu aperto em sua mão ainda o restringia.

A realidade demorou a me atingir, mas o fez. Eu me tornei ciente de que a pessoa que estava me causando àquelas sensações era o cara que eu odiava, o ser mais desprezível da face da Terra, e me vi finalmente disposta a acabar com aquela brincadeira de mau gosto. Me levantei em um impulso, já puxando a toalha e a enrolando no meu corpo.

– Já disse que não quero você perto de mim. Pare de me tocar quando ninguém estiver olhando e não me olhe desse jeito. – exclamei apontando meu dedo em sua direção.

- Que jeito? – ele disse abrindo o sorriso torto que adorava fazer.

- Assim! – exclamei exaltada. - Como... se pudesse me comer com os olhos. – disse incerta. – E sabe do que mais? Eu vou dormir. Boa noite! – me virei para deixar o cômodo, mas Danny me chamou novamente.

– Quê, inferno?

- Você não pode ir dormir sozinha, Melanie. Vão suspeitar. – merda, ele tinha razão. Bufei e revirei os olhos.

- Então levante-se! Vamos logo, o dia foi longo e eu quero descansar. – disse disparando na frente, mas me detendo antes de virar e subir a escada. Minha respiração estava falha pelo nervosismo e eu já imaginava como seria passar a noite na mesma cama que ele. Nada relaxante, eu diria. Ah, mas era hoje que eu cortaria a mão dele fora se no meio da noite ele ousasse encostar em mim. Danny me alcançou rapidamente, também enrolado em uma toalha, embora a dele envolvesse apenas seu quadril. Nada bom. Pele demais exposta. Ignorei esses pensamentos injustificáveis. Ele passou um braço na minha cintura e abriu seu sorriso falso que eu já conhecia. Fiz o mesmo e subimos a escada em meio a risos sem noção e piadas sobre o suposto procurado para tornar as gargalhadas mais naturais. O clima ficou um pouco mais descontraído, de modo que eu voltei a me preocupar apenas quando já estávamos dentro do quarto.

Colocamos nossos pijamas - o que no caso de Daniel era uma boxer e uma regata colada e no meu era uma camisola de seda preta – o melhor tecido do mundo para se dormir -, escovamos nossos dentes e fomos nos deitar.

- Então, hm, boa noite, Melanie. – ele disse me olhando cauteloso. Apenas acenei com a cabeça e me virei totalmente para o lado oposto dele. Fechei os olhos e tentei imaginar que estava em casa, no meu apartamento em Nova Iorque. Que podia ver o Central Parque da janela, com todo aquele verde e a tranquilidade natural que ver aquelas crianças brincando sempre me passava. Demorei-me alguns vários minutos focada nessa paisagem, tentando desconectar do mundo real. Quando finalmente caí no estado de inconsciência, qual foi a minha surpresa ao sonhar com Daniel a noite toda?

[Degustação] A missão do Ponte LesteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora