Capítulo 04: Benjamim

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Ser convocado de última hora para uma reunião não era como Benjamim esperava terminar aquele dia. Ele saiu de seu quarto e seguiu caminhando pelos corredores desertos da instalação militar conhecida como Vulcano, a morada dos Paladinos de Hefesto e dos Autômatos, as bestas de metal antigo que protegiam a ilha.

–Que cara fechada é essa, Benjamim?

–Olá, Boi.

–Não me chame como a doida da Katy. Ainda não saímos dos dormitórios.

–Ok, Sandro. Meu dia estava muito legal até agora. Este é o motivo da minha cara fechada.

Poucas pessoas conheciam as identidades dos paladinos, estes usavam máscaras referentes aos seus autômatos, até mesmo nas reuniões. Quando aqueles dois chegaram a um enorme portão colocaram suas máscaras de Macaco e Boi.

–Tenta não sair no tapa com o Raul de novo.

–Não prometo nada.

Benjamim sorriu, ele respeitava muito o Sandro, pois foi este quem o recrutou quinze anos atrás da cidade Martelo. Se bem que as vezes Ben não tinha certeza se devia ser grato ou detestá-lo por isso. Quando saíram da área dos dormitórios encontraram outros dois paladinos já com suas máscaras, eram o Galo e o Rato.

–Olá, Macaco –O Rato o cumprimentou.

–Prazer em vê-lo, Rato –Ben disse com educação. Aquele era o Raul, seu rival desde que entrou para aquela vida militar. Aquele cara o detestava desde o início, pois o antigo paladino do Macaco era o seu falecido irmão.

Os quatro homens seguiram para a sala de reunião e lá encontraram Katy, a paladino Dragão, juntamente do Dino, o capitão de operações, de Isabel, uma conselheira antipática, e do próprio Patriarca da Ilha.

–Saudações, Patriarca Zodik!

Benjamin engoliu o mau humor. A presença do Zodik naquela reunião só podia significar algo muito sério.

–Agora que estamos todos reunidos vamos aos fatos –Começou Dino –Ontem a operação de interceptação dos navios de Ares executada pelos paladinos Dragão, Boi e Macaco foi parcialmente bem-sucedida. Embora eles tenham eliminado a ameaça, mas falharam em capturar pelo menos um soldado vivo.

–Então continuamos sem a menor ideia do porquê desses ataques? –Perguntou a conselheira fazendo anotações.

–Exatamente. Não temos a menor ideia do motivo de terem divido seus ataques entre a Ilha de Atena e a de Hefesto. E ainda sem aviso, sem tentativa de negociação.

–Tem algo muito errado –Disse o Zodic –Vamos analisar a história, depois de um longo período de paz, quinze anos atrás os navios de Ares atacaram a Ilha de Atena, na verdade uma única cidade, depois recuaram e prosseguiram seu conflito de forma mais amena. Talvez, eles tenham tido um motivo para esse ataque e conseguiram o que queria.

–Não estou entendendo sua hipótese, caro Patriarca? –Dino perguntou.

–Há meses estamos sendo atacados, mas estranhamente todos as tentativas são aqui na cidade Lenmos.

–Acho que querem destruir a capital para abalar toda a ilha –Isabel sugeriu.

–Mas Lenmos é a cidade mais protegida da ilha. Nossas cinco armas mais poderosas estão aqui. Se o objetivo fosse causar destruição seria mais fácil atacar as cidades vizinhas. Inclusive, se eu fosse o mandante dos ataques, eliminaria primeiro nossas fontes de água, comida e demais mantimentos.

Zodic era um senhor sábio, quem olhasse pra ele diria se tratar do próprio Hefesto, apesar da idade avançada era musculoso e esbanjava uma presença de autoridade e respeito. Por debaixo da máscara Benjamim deu um sorrisinho ao lembrar que já tinha tido uma quedinha pelo Patriarca, inclusive fazendo algumas homenagens em seus banhos demorados ou em suas noites em claro. Ele fechou os olhos e forçou sua atenção para aquela importante reunião.

BEN 3Where stories live. Discover now