Capítulo 03: Benedito

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Benedito contou aos pais que ficaria estudando até tarde na escola, mas havia feito o contrário, saído mais cedo e ido para um barzinho a dois quarteirões dali. Assim que entrou no local avistou o cara mais velho com quem marcara aquele encontro. Ambos sorriram ao se verem.

–Te fiz esperar muito?

–Não foi nada. Hoje é meu dia de folga.

–Com o que você trabalha?

–Bem... –Benjamim se lembrou do dia anterior quando acompanhado de outros dois paladinos interceptou um navio inimigo e lutou com todas as suas forças contra soldados de Ares que preferiram a morte do que ser capturados –Eu faço um pouco de tudo. Ontem trabalhei embarcado.

–Que legal! Nunca andei de barco.

Mesmo sendo apenas a segunda vez em que se viam, o papo entre eles fluía com facilidade. Benedito mostrou seu caderno de desenho, ele era muito talentoso. Benjamim as vezes se pegava olhando para o rosto do jovem rapaz e sorria se perdendo em seus pensamentos: "Ele é tão bonitinho. Por que será que um garoto tão gentil e alegre tentou se matar?". Obviamente Benedito devia ter uma história triste por debaixo daquela aparência e bom moço.

–Eu posso te desenhar?

–Claro. Seria ótimo.

–Mas aqui não. Podemos ir a um parque aqui perto.

Eles terminaram seus drinks e foram para o tal local, ficaram debaixo de uma das últimas árvores do parque antes de começar uma densa mata. Benjamim ficou parado encostado no tronco da árvore enquanto Benedito o observava com atenção e rabiscava em seu caderno. Em vários momentos o mais novo se aproximava ficando a poucos centímetros do outro para observar os detalhes do rosto dele, numas três dessas investidas Benjamim jurara que seria beijado.

–Já que tenho que ficar parado, vai me contando mais sobre você enquanto me desenha.

–Eu estou no segundo ano, moro com meus pais –Benjamim fora treinado para avaliar bem as pessoas e podia notar as mudanças sutis nas expressões e na voz do garoto ao mencionar os pais. Havia algo ali que poderia lhe dar pistas sobre os demônios que o garoto carregava –Meu pai é professor universitário e minha mãe é uma conselheira do Patriarca.

–Sua mãe é o quê? –Benjamim ficou realmente surpreso que a mãe dele era alguém tão importante ao ponto de trabalhar diretamente com o líder da Ilha Hefesto.

–Por favor não me trate diferente por causa dela. O trabalho dela é importante, mas é super chato. Sempre trabalhando até tarde, principalmente agora com os ataques dos guerreiros de Ares.

–Ela lida com os paladinos? –Benjamim perguntou, pois de vez em quando uma mulher membro do conselho ia até as instalações militares onde morava. Uma bruxa detestável.

–Não, ela me disse que nunca nem viu os paladinos pessoalmente. Como eu disse, um trabalho muito chato.

–Entendi. Você não tem irmãos?

–Sou filho único. Adoraria ter um irmão, mas enfim, as coisas são assim.

Houve um tempo de silêncio em que Benjamim quase perguntou quais eram os motivos para Benedito ter pulado da ponte. Quando quase passou dos limites, o outro lhe mostrou do desenho. Benjamim abriu a boca chocado com a beleza do desenho e sorriu.

–Caralho, faz tempo que não me sinto tão bonito.

–É assim que eu te vejo –Benedito disse ficando um pouco vermelho.

–Muito obrigado, carinha! –Benjamim puxou o garoto num abraço, mas como este estava inclinado praticamente se deitou no colo dele.

Benedito ficou constrangido, mas recebeu aquele abraço apertado e caloroso com muito gosto. Sua cabeça estava apoiada no peito de Benjamim e seu corpo colado no dele. "Que abraço gostoso" Benedito pensou e desejou que durasse pra sempre.

BEN 3Where stories live. Discover now