Não foi muito convincente, considerando que Gwenda estava agora em casa sentada no sofá e olhando para a parede do outro lado da sala. O rei não foi muito convincente quando a convidou para ficar no castelo.

Gwenda se perguntou por que o rei ofereceria um lugar para ela em sua casa. Mas estava óbvio. Era a Atiradora, isso apenas os deixaria mais próximos para que conseguisse ser persuadida por aquele homem. Afinal, ela teria a marca e a assinatura dela estaria no papel, morar lá seria mais uma forma perspicaz de o proteger. Mas do que exatamente? Era dentro do castelo, um lugar protegido, fechado. Então a jovem entrou em uma confusão sobre os motivos rasos que o rei poderia querer ela dentro de sua casa.

O que poderia ameaçar o rei em seu castelo para que oferecesse um lugar para a Atiradora de boa vontade?

Um arrepio de raiva atravessou a espinha de Gwenda ao pensar nisso e voltou novamente aos seus pensamentos a poucos instantes.

Ela havia sido levada até sua casa. Ninguém cuidou de seu ferimento. Não que esperasse que alguém o fizesse. Tiraram as algemas de seus pulsos assim que a deixaram na porta e a primeira coisa que fez foi massagear onde o vento conseguiu tocar, finalmente. Sem o metal que perfurava seus pulsos.

Gwenda não conseguiu falar nada. Não conseguiu agradecer a Kimer e Louise por estarem lá.

Assim que entrou dentro de casa e fechou a porta calmamente, ela ficou de joelhos na cozinha. Ficara o dia sem fazer mais nada. Não comeu, não foi ao trabalho, não cuidou de sua nova marca que poderia muito bem infeccionar. Ela não se incomodou em dar um jeito no ferimento, proteger de bactérias. Ficou o resto do dia sentada no sofá.

Gwenda lamentou todo esse tempo. Lamentou pelo pai, pela mãe perdida na escuridão de sua mente. Lamentou por quaisquer que fossem os deuses que a escutavam. Lamentou por Kimer e Louise, por Darcy.

Darcy salvou sua pele no último caso. Gwenda colocara a chefe em perigo mais de uma vez e Darcy ainda assim estava lá para ela quando estava prestes a ser devastada. A chefe sabia que Gwenda se recusava a atirar, a matar em algumas vezes. Então fazia o trabalho por ela.

A mente de Gwenda estava envolvida em mortes. Podia pensar em enterrar uma bala no coração de alguém, mas sempre tinha medo de fazer tal coisa. Chegou ao ponto várias vezes de enxergar tudo embaçado, a arma apontada para alguém que não queria simplesmente se entregar. Então Darcy tivera que fazer esse trabalho por ela. E fim. Esse era o fim do caso.

Sempre foi ensinada que a espécie não importava, que matar seria a última opção. O que o pai pensaria dela agora que está no setor de uma Carvlinea? Um local que ensinavam a serem duros, sempre estando dispostos em ir até o fim. Não era isso que o pai queria para ela, Gwenda sabia.

A jovem suspirou. Estava pensando demais no que o pai queria ou não para ela e no que ele achava melhor, que não pensara no que ela própria achava disso tudo.

Talvez porque não queria saber sua conclusão sobre a vida que está vivendo.

Tudo girava e Gwenda se viu obrigada a dormir no sofá quando a noite escura e tranquila chegou mais cedo do que planejara.

* * *

Alguém abriu sua porta e Gwenda abriu os olhos, se perguntando por que diabos não tinha trancado. Não precisou virar na direção para saber que era Louise. A amiga nunca batia na porta.

— Gwen. — o tom fraco da sua voz a fez fraquejar e as pálpebras caíram. — Como está?

Gwenda não respondeu enquanto Louise fechava a porta e andava até o meio da sala sem tirar os olhos da amiga no sofá com os joelhos próximos ao peito.

As Crônicas de Carsany e suas RelíquiasTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon