❘ ✮2❯❯ ❝Novos Conhecidos❞ ✰ ❘

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- Olha... Eu entendo o que você passou. - prosseguiu - Não posso dizer que sei como se sente, mas eu entendo como deve ser difícil. Mesmo assim, eu senti que não podia apenas te deixar lá pra morrer. A vida não se resume a isso, por favor, não desista. Sempre há uma nova esperança. - ele sorriu. O sorriso mais verdadeiro que alguém já me deu. Um nó formou-se em minha garganta, senti meu coração se acalmar. Ele se levantou novamente - Seu tornozelo parou de doer? Oh, acho que você pode estar com fome. - ele foi até a os armários da cozinha, voltando em minha direção. - Você gosta de torradas?

Ele pareceu preocupado ao ver que lágrimas escorriam dos meus olhos, sem saber que aquelas lágrimas eram de emoção. Abri um sorriso e assenti, o deixando aliviado.

Eu tinha a estranha e misteriosa sensação de que tínhamos algo em comum. Não que eu fosse uma pessoa sensitiva, mas era algo persistente e decisivo.

- Oh, peço desculpas pelos meus modos. Sequer perguntei-lhe seu nome. - ele coçou a nuca, atrapalhado.

- Scarlett. Scarlett Manson. - o homem pareceu levemente surpreso ao ouvir minha voz, talvez tivesse pensado que eu não iria respondê-lo.

- Bom, nós temos chuveiro quente, se quiser tomar um banho. Você pode pegar minhas roupas. - então, depois de um curto momento em silencio, ele resolveu voltar a falar. - Apenas não demore muito, minha filha deve acordar logo.

Assenti com a cabeça e esperei ele pegar uma toalha. Olhei a sala novamente; dessa vez, prestando atenção nos porta-retratos da peça de madeira: neles, Tanner aparecia ao lado de uma garota que suponho eu que seja filha do homem, embora não tenham muito em comum fisicamente. Os olhos puxados dela tem cor de avelã, assim como os do pai, mas seus cabelos são negros como uma noite sem estrelas, que realçam na pele pálida as bochechas rosadas e os lábios carnudos na boca pequena.
Eles tinham a mesma doçura nos olhos e o mesmos sorrisos amáveis.

Ao lado daquele porta-retrato, havia outro. Este, tinha imagens de qualidade péssima, o que me fez pensar que seriam fotos mais antigas. E eram. Era uma sequência de três fotos: na primeira, um garotinho gorducho e loiro com a cara emburrada aparecia no meio da foto, de braços cruzados. Na segunda, a garotinha de cabelos negros aparecia no canto, com um sorriso de orelha a orelha. Na terceira, ela abraçou o garoto pelas costas e ele desfez a carranca, com o rosto vermelho por causa da proximidade da menina. Me pergunto se seria errado pensar que esse dois seriam lindos juntos.

Tanner chegou na sala com uma toalha e uma muda de roupas, entregando-me.

- O banheiro é na primeira porta à esquerda, do lado da cozinha. - indicou ele, apontando para o pequeno cômodo. Assenti, o agradecendo.

Abri a porta branca, ouvindo o gemido da madeira velha. Os azulejos azul-marinho refletiam a cor amarelada do Sol que vinha do lado de fora, atravessando o pequeno basculante que fazia a luz vinda da lâmpada parecer totalmente insignificante.
Tirei minhas roupas e abri o chuveiro, derramando a água quente por cima dos meus ombros. A água reluzia a luz natural, criando pequenos arco-íris em meio ao vapor que cobria minha visão, mas não me impedindo de ver os pequenos riscos coloridos.
Era algo singelo, mas bonito de se ver.

Abri o box do banheiro e saí, ainda com a toalha enrolada ao meu corpo. Direcionei-me ao espelho coberto pelo vapor e passei minha mão sobre ele, vendo no reflexo o rosto ensanguentado de Jackson atrás de mim.

Senti meu peito ser atravessado com uma estaca. O reflexo do espelho mostrava ele alí, atrás de mim, entrelaçando seus braços em minha cintura. Bernard apoiou seu queixo em meu ombro, encostando sua boca em meu ouvido. Ele relutava a ficar de pé, e eu, sequer consegui me mover.

- É tudo culpa sua... - murmurou.
Ele puxou o ar para os pulmões, aproximando novamente o rosto.
- É tudo culpa sua! - ele mudou o tom do murmúrio para um grito estridente e desafinado.

O T H Ξ Я S I D ΞWhere stories live. Discover now