Lua De Sangue ( Livro 1 )

Capítulo XIII - Então, Amigos?

- Porque você mostrou sem querer uma carta! - Eu digo, fechando a cara.

- ... Não foi sem querer.

Fico mais vermelho.

- Olha - Ela começa. - Eu sou boa neste jogo, isto é tudo o que sei.

Eu me levanto.

- Aonde você vai? - Ela pergunta.

- Achar outra coisa para fazer.

- Ah, justo quando estava legal...

- Só porque você estava ganhando, não é?! - Bato o pé.

- Hehe, não posso evitar.

Parei no meio do caminho. Olhei para Rafaela.

- O que houve? - Ela se levanta também.

- Não se mexa mais... - Murmuro.

A moça fica parada. Eu andei mais devagar. Olhei e escutei mais uma vez.

- Abaixa! - Gritei.

Uma pequena bomba de cheiro entrou na sala. A primeira coisa que fiz foi colocar minha máscara e observar ao redor, Rafaela ainda estava parada.

Ela me obedece mesmo no perigo. Isso é... Ah, dá um tempo!

Peguei na mão dela, ela sufocou rapidamente. Eu sussurro:

- Você tem que confiar em mim. Eu vou te levar na garupa.

Ela concorda, eu coloco ela nas costas e carrego, a casa começava a ser consumida pelo gás. Tentei a saída mais próxima. Foi quando vi duas sombras e parei, nós escondo atrás do móvel.

Rafaela estava dormindo agora, não tinha tempo, se o gás fosse mesmo perigoso, Gayan e Mitsuo, o último principalmente, não iriam me perdoar!

Passos são ouvidos, a cabeça de Rafaela pendeu e caiu no meu pescoço. Fiquei vermelho.

Ignore isso e continue!

Vi a sombra se mover para a esquerda, fui devagar até a saída contrária, não havia ninguém além da sombra, ou... Estava enganado? Foi quando me lembrei da mochila...

O Caderno!

A pessoa não veio apenas pela Rafaela, veio pelo caderno também! Eu comecei a andar até lá, uma pequena visão da mochila me fez dar um passo, o rangido da madeira me fez agir mais rápido, ouvi passos mais rápidos.

Andei rápido no começo, mas na primeira curva o meu andar diminuiu. Acabei chegando na saída e abri a porta com o máximo de silêncio, saímos da casa, coloquei Rafaela na grama enquanto tirava a máscara, olhei para a casa, a mochila...

O caderno havia sido revirado.

Abri, havia páginas escritas... Foi quando peguei a última:

Eu desejo que Mitsuo....

A coisa foi interrompida, cheguei bem na hora. Eu olhei Rafaela, desmaiada, enquanto isso, observei a janela quebrada, uma pequena sombra vagava.

Fiquei esperando o gás abaixar. Rafaela acordou e se levantou, eram dez para às seis.

- O que houve? - Ela pergunta, olhando para mim e meu braço.

Ficou branca de medo.

- Rafaela?

- Seu braço...

Acho que na hora que fui pegar o caderno, alguém tentou cortar uma parte dele para levar.

- Quem foi o filhote de porco que fez isso?! - Gritei com raiva.

- Calma, Kurai, acho que tenho um kit médico no meu quarto. Venha, eu posso te ajudar....

- Não precisa, eu vou sozinho.

O sangue começa a pingar. Rafaela ainda insiste.

- Por favor... ! - Ela pede pela quinta vez.

- Ah! Tudo bem! Mas apenas observe! - Reclamo.

Entramos na casa. Gayan estava me ligando.

- Atendo? - Perguntou a moça.

- Me dá!

Rafaela vai buscar o kit. Enquanto isso eu atendia o telefone:

- Alô, Gayan?

- Kurai, como está?

- Acabaram de invadir a casa, meu braço está com sangue, mas tudo bem.

- ... Você tem que parar de ver clichês.

Gayan desliga antes de reclamar.

- Chefe idiota - Murmuro.

Rafaela trouxe o kit, peguei a atadura e comecei a colocar.

- Precisa de ajuda?

- Pela última vez, não!

Ela ficou quieta, abaixou a cabeça e olhou para o chão. Eu suspiro.

- Tudo bem, coloque só a última proteção.

A moça sorriu. Eu comecei a perceber o porquê de Mitsuo gostar de tê-la como uma companhia...

Foque na missão cara.

Olhei para Rafaela. Acho que concluí a missão. Eu a protegi.

- Kurai, obrigada.

... ?

- De nada... ? - Olhei-a.

Vi as mãos dela terminarem o serviço.

- Você... Sabia disso, não é?

- ... Sim.

- Foi a Collette?

- Provavelmente. Mas não se preocupe, enquanto o Mitsuo estiver fora, eu te protegerei.

E coloquei a mão boa no ombro dela.

- Não se preocupe mais comigo - Ela sorriu. - Quer dizer, acho que posso tomar mais cuidado.